Dias de primavera

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Lentamente, Makoto deslizou do seu estado de sonolência, abrindo os olhos enquanto despertava. A luz do sol se infiltrava suavemente por uma fresta da cortina, deixando o quarto imerso na penumbra, salvando-o da completa escuridão. Já era dia, mas era domingo, e ele não tinha pressa para se levantar.

Havia sonhado com alguma coisa, mas Makoto não conseguia se lembrar do que era, só tinha a sensação de que havia sido um sonho bom.

Ao seu lado, Haruka ainda ressonava baixinho. Era impossível para Makoto não sorrir ao ver o rosto adormecido dele. Afastou uma mecha do cabelo de Haruka cuidadosamente com o indicador e sussurrou num tom quase inaudível com sua voz aveludada.

— Bom dia, Haru-chan!

Sorriu para si mesmo e deslizou para fora da cama sem fazer um único ruído. Pegou as roupas que estavam no chão, onde jaziam depois de terem sido descartadas na noite anterior. Vestiu as calças do seu pijama, deixou as roupas do Haruka sobre o seu lado da cama e saiu do quarto ainda vestindo a camiseta. Foi escovar os dentes e lavar o rosto, o banho poderia ficar para depois, queria preparar o café antes que Haruka acordasse. A cavalinha grelhada que Haruka tanto gostava, ovos mexidos para ele, e torradas e panquecas com frutas para os dois.

Makoto estava se acostumando rapidamente à nova cozinha e onde tudo estava guardado apesar do pouco tempo que estavam morando ali, no apartamento que agora ele dividia com Haruka.

Estava terminando de tirar a última panqueca do fogo quando Haruka emergiu do quarto, já vestido, mas ainda descabelado.

— Bom dia, Makoto.

— Bom dia, Haru! Você acordou bem na hora. Vamos comer antes que esfrie.

Makoto gostava de mimá-lo de manhã, e Haruka ainda não estava acostumado com isso. Mas vê-lo com aquele sorriso ao acordar, isso sim era fácil de habituar.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? — Haruka também queria poder mimar Makoto se tivesse alguma oportunidade, ele pensava nisso.

— Não, está tudo pronto.

O sorriso de Makoto cedeu um pouco enquanto ele olhava para o cabelo bagunçado de Haruka, apenas para voltar com ainda mais força.

— O que foi? — Haruka não conseguiu entender bem aquele sorriso.

— Nada. — respondeu Makoto, tentando parecer inocente.

Makoto estava bem ciente de que Haruka era uma pessoa de sono tranquilo. Assim que adormecia, permanecia praticamente imóvel até a manhã seguinte. Aquele cabelo bagunçado não era indício de uma noite mal dormida, rolando na cama, mas do quanto ele foi rolado pela cama até a hora de dormir.

Haruka logo leu nos olhos de Makoto o que ele estava achando tão divertido, então Haruka limitou a lançar um olhar. Culpa de quem? Então se sentou à mesa, o que fez Makoto rir.

— Você está certo, Haru-chan. Desculpa.

— Não precisa se desculpar. — Haruka respondeu, mas Makoto sabia o que ele estava dizendo, você não aparece arrependido. Não havia do que se arrepender, nem dos cabelos bagunçados, nem das roupas espalhadas no chão do quarto. Nem dos pequenos detalhes da vida cotidiana ainda nova, as escovas de dente juntas no banheiro, ou as canecas de café combinando sobre a mesa.

Makoto se sentou também e eles comeram em silêncio. Naquele silêncio confortável que não precisava ser preenchido constantemente por palavras.

O sol entrava pela porta de vidro da sacada, as cortinas quase totalmente abertas deixava o aposento claro com o brilho da manhã. Ainda estava muito frio para deixar a porta aberta, mas era uma pena não poderem deixar o cheiro da primavera entrar. A planta solitária na sacada crescia a cada dia, talvez devessem comprar outra para fazer companhia a ela.

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