Quando se é jovem, o mundo parece se abrir um em leque de infinitas possibilidades. Há tanto para fazer, para sentir, para realizar, para viver. Com o passar dos anos, as próprias escolhas feitas guiam por caminhos, adentrando nesse labirinto. Algumas possibilidades vão deixando de serem opções. Alguns caminhos levam para bons lugares, outros, não.
Sousuke Yamazaki nunca teve medo de tomar decisões, e as tomava com convicção. Sempre soube que a natação era o queria para seu futuro, isso também esteve muito claro para ele desde sempre. Um esporte solitário e silencioso. A água não permitia que a torcida fosse ouvida, nem mesmo se seu nome fosse chamado.
Quando Rin o convidou para participar de uma prova de revezamento com um brilho nos olhos, ele não entendeu o motivo de tanta empolgação. Não entendia a fixação de Rin. É claro que isso estava ligado ao pai de Rin, o desejo dele de nadar em tal modalidade, mas aquela era a vida de Rin e não a do pai dele. Rin deveria viver sua vida como ele mesmo e não como outra pessoa, mas Sousuke não diria isso a ele, pois sabia que magoaria o amigo.
A prova que fizeram juntos estava fadada ao fracasso, pura e simplesmente. Eles eram apenas quatro garotos agrupados e não uma equipe. Rin parecia desesperado para criar laços que não existiam, e Sousuke não fazia a mínima questão de criá-los. Para Sousuke, o fracasso foi apenas uma constatação, mas para Rin foi uma frustração. E para que Rin não continuasse alimentando aquela esperança infundada, Sousuke deixou claro o que pensava disso tudo, porém não esperou que ele reagisse com tanto choque.
Sousuke teve medo da expressão que viu no rosto de Rin. Além do choque e da consternação, a decepção e algo que se quebrava. Quase poderia ouvir o som dos estilhaços se espalhando pelo chão do vestiário vazio.
Depois disso Rin o deixou.
Ele sabia que se tivesse dito o que Rin queria ouvir ele não teria ido atrás daquele garoto frio, Haruka Nanase. Kisumi não estaria triste no canto da sala, olhando para a neve do lado de fora. E ele não se sentiria tão miserável. Mas agir de outro modo não seria verdadeiro, seria uma encenação que logo fracassaria. E Sousuke não mentia.
Mas havia algo que não tinha mudado, seu sonho era ainda o mesmo, e que também era o mesmo sonho de Rin. Apenas precisava seguir seu caminho que ele inevitavelmente se encontraria com o de Rin. Então, Sousuke jurou para si mesmo que daria tudo de si para que esse sonho se tornasse realidade, mostraria como o fruto de seu esforço era superior ao talento nato de Nanase que Rin tanto admirava. E voltaria a nadar com seu amigo.
Um dia, ao abrir a caixa do correio, ela estava vazia. E no dia seguinte também. E no dia depois desse.
Sousuke foi tomado por um sentimento de urgência. Havia algo errado, mas ele não sabia o que era. Rin não escrevia, e as cartas se tornaram unilaterais. Sousuke tinha pressa. Precisava encontrar Rin o quanto antes, mas só sabia de um jeito para fazer isso, por isso ele treinou com ainda mais paixão.
Até que aquele caminho se fechou, e aquele futuro se perdeu.
Foi, derrotado, tentar encontrar Rin no torneio quando soube que ele estava de volta ao Japão, e o que viu o chocou profundamente. Seus pés ficaram presos no chão e se viu incapaz de se mover. O que ele poderia fazer por aquele Rin que agonizava sem esperanças? Se ele pudesse tomar aquela dor para si ele o faria, mas o que ele tinha para oferecer? Ele havia, sozinho, destruído seu próprio futuro, com que cara poderia olhar nos olhos de Rin?
Queria ser digno o suficiente para oferecer seus braços para ele, para acolhê-lo e secar suas lágrimas, mas não era.
Viu, de longe, outras pessoas fazerem o que ele não pôde fazer. Rin reviveu como o esplêndido nadador que era.
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Jiyuuni
أدب الهواةHaruka e Makoto eram vizinhos em Iwatobi. Frequentaram o Swimming Club juntos na infância, onde participaram do revezamento medley com Rin e Nagisa; sempre estudaram na mesma escola e desde o começo da adolescência eram, também, namorados. Depois de...