Erros não intencionais

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Não consegui dormir bem essa noite, tentei escrever alguma coisa, mas não estava inspirada o suficiente para isso. Inspiração é um caso sério porque não é algo controlável, além de aparecer e ir embora do nada, é quase como a criatividade, mas tende a ser mais rara e mais difícil de ser entendida. Rolo de um lado para o outro na cama, Koji e Asia dormem profundamente próximos aos meus pés, passo as mãos sobre eles e levanto-me. Pego meu celular no criado mudo, há uma mensagem do meu pai, avisando-me de que viria para Malibu no começo da semana, como se já não bastasse a minha mãe se preocupando comigo a todo momento... Mas talvez isso seja um bom sinal, esse álbum diz tanto sobre a minha família que tê-los por perto pode me ajudar de algum modo.

São nove horas da manhã, estico meus braços espreguiçando-me e caminho até a janela, observo a garoa fina cair sobre as flores do Jardim, a vista do meu quarto é uma das mais privilegiadas da casa, daqui eu posso ver todos os meus lugares favoritos, desde a piscina até o estábulo. Toda vez que caminho por ali agora eu penso na Florence, ela sempre parece deslumbrada no meio das plantas, como se tivesse alguma espécie de conexão com a natureza... Ainda estou tentando achar uma forma de lidar com o que aconteceu ontem entre nós, ela me evitou a noite toda durante o jantar e no final, depois de tanta insistência, ela disse aquilo tudo aos gritos e em prantos... Eu permaneci estática, como poderia reagir? Tentei explicá-la, mas ela fugiu, deixando-me com um ponto de interrogação enorme diante de toda essa situação. 

Eu me pergunto: de onde ela teria tirado essas coisas sobre mim e sobre o Taylor? É fato que tivemos uma história linda juntos, mas agora acabou e não pretendemos voltar, a única coisa que eu preciso é de um tempo para assimilar tudo isso, pois o final de um relacionamento nunca é fácil para ninguém, suponho. Ao contrário do que ela pensa, eu não me aproximei dela por diversão, ou por qualquer coisa parecida, eu realmente gosto de tê-la por perto e há tempos não sentia isso por alguém. Sinceramente, não sei como ela chegou a tais conclusões sobre mim e isso me intriga, mas o pior de tudo é saber que eu a magoei por algo que não fiz e ela nem me deixou concertar todo esse mal entendido...

Caminhos até a cozinha com os cachorros. Ashley e Bobby conversam discretamente sobre o jantar em um dos cantos do cômodo, encosto-me a parede para ouvir o que dizem:

− Eu não sei o que aconteceu, Bobby! − Ash diz em voz baixa.

− Então descubra! − ele retruca.

− Bom dia! − adentro a cozinha, surpreendendo-os.

− Bom dia! Eu já ia te acordar... − Ashley me da um beijo no rosto.

− Caiu da cama? − Bobby me questiona.

− Na verdade, não dormi bem, perdi o sono.

− Você esta tomando os remédios direito? – ele continua.

− Não se preocupe comigo! − respondo-o − Ash, temos algo para hoje?

− Mark ligou − ela diz – Parece que finalizou algumas músicas e quer que você escute.

− Ótimo! – suspiro − Preciso de algo para me animar.

− Achei que a noite de ontem tinha te animado − Bobby me encara.

− Detesto essas coisas formais que você inventa − resmungo.

− E eu detesto esse seu mau humor pela manhã.

Bobby nos encara e em seguida sai da cozinha deixando-nos sozinhas. Sento-me sobre a mesa e volto-me para Ashley que brinca com os cachorros.

− Do que vocês conversavam? − questiono-a

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