Levanto-me da cama esbarrando nas caixas sobre o chão, meu quarto está tão bagunçado que ao caminhar preciso desviar dos objetos em toda parte do cômodo. Procuro meus cigarros sobre o criado mudo, mas não os encontro e talvez seja um lembrete de que eu preciso urgentemente parar de fumar. Sento-me na cama debruçando-me sobre um dos caixotes de roupa e retiro peça por peça; ainda estão todas etiquetadas e é possível sentir o cheiro de novo de seus tecidos.
Novamente eu me levanto, caminho até o espelho ao lado da estante e posiciono algumas roupas sobre o meu corpo segurando-as sobre os cabides; algumas foram desenhadas especialmente para mim e eu adoro como a forma em que me visto diz tanto sobre a minha personalidade tornando-se uma marca da minha arte. Algumas peças são extremamente extravagantes, já outras nem tanto, mas todas refletem alguma parte de mim, é um significado pessoal que as pessoas insistem em tentar decifrar.
Sento-me na poltrona ao lado da janela, meu celular vibra sobre o estofado e o visor mostra uma mensagem de Monica: "Stef, quanto tempo! Você está bem?" Desligo o aparelho, encosto-me a parede de olhos fechados e tento filtrar os pensamentos em minha mente. Monica é a melhor amiga de Taylor, eles dividem praticamente tudo: trabalho, amigos, família. Quando ainda estávamos juntos ela costumava passar o dia conosco por aqui, era uma ótima companhia, principalmente durante as nossas brigas. Não sei se devo respondê-la, confesso que quero saber como ele está, há tanto tempo não nos falamos... Mas talvez a distância seja melhor agora.
Levanto-me e ando de um lado para o outro afastando os objetos em meu caminho. A falta de cigarro me deixa agoniada, minha cabeça dói, meus braços formigam e a minha mente parece trabalhar a milhão, abstinência é uma das piores sensações existentes, o corpo parece se autodestruir e a vontade quase incontrolável de ceder ao vício se transforma em uma fissura momentânea difícil de lidar.
Em um dos cantos do quarto os sapatos de Florence se misturam com os meus, abaixo-me pegando-os. Os calçados são simples, pretos e sem saltos, mas lembram de um daqueles movimentos hippies dos anos 60, sento-me sobre o chão encarando-os, Florence fica tão bem quando os calça, eles parecem se encaixar perfeitamente em seus pés, alinhando-os e deixando-a mais alta do que ela já é. Ela tem um corpo muito bonito e uma pele macia tão sensível ao toque que se arrepia com facilidade sobre qualquer aproximação. Confesso que há tempos não me sinto tão bem nos braços de alguém como me senti quando nos abraçamos, foi um momento tão bom, eu podia sentir suas mãos em meu rosto, suas pernas entre as minhas até que finalmente nos beijamos de um jeito que eu nunca vou esquecer...
De início pareceu inesperado, mas agora sinto que foi a resposta dos nossos corpos que reagiram por impulso ou sobre algum tipo de atração, é difícil encontrar respostas quando elas simplesmente não existem, mas a única certeza que eu tenho é que eu quero beija-la novamente porque essa sensação inexplicável me faz querer tê-la por perto a todo o momento.
Ouço passos vindos do corredor e sento-me na cama rapidamente, a porta se abre e Bobby está parado encarando-me com uma expressão dura:
− Precisamos conversar − ele diz.
− Agora? São sete horas da manhã!
− Tem que ser agora − Bobby se aproxima − Você enlouqueceu? Viajar de madrugada, sem avisar ninguém, onde você estava com a cabeça?
− Eu já expliquei, eu precisava de um tempo, qual a dificuldade em entender? – levanto-me.
− Tempo? Gaga você sabe que tempo é o que menos temos nesse momento − ele suspira.
− Bobby eu só precisava colocar as minhas ideias no lugar, ok?
− E o que a Florence tem haver com isso? − ele me indaga, parece desconfiado.
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Just Another Way
FanficO que acontece quando dois talentos musicais se unem? Uma ligação inesperada é um indicio de que durante um processo criativo tudo pode acontecer.