5 - Ritual

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Nunca desejei tanto que o teletransporte existisse, principalmente quando começou a escurecer, pensei em voltar com o grupo, mas não daria tempo de chegar antes do anoitecer. Já estava difícil de pensar, sem saída, resolvi seguir em frente.

De repente um vulto passou correndo por mim, me dando um susto, mas depois me causou um alívio, pois era a minha pantera. Então a segui, fui confiando que ela não estava ali por acaso, foi quando pude avistar lá do alto que havia uma casa bem grande na parte baixa colina.

Foquei em chegar na casa, na esperança de que me dessem abrigo durante a noite, eu estava muito esgotada física e mentalmente.

Só então que descobri que ali moravam os donos das plantações e nós já havíamos sido apresentados quando cheguei com os pesquisadores.

Eu disse que havia me perdido do grupo e então eles me acolheram bem, disseram para eu passar a noite com eles e que me ajudariam de manhã. Nem expliquei que não desejava voltar com eles, só queria saber onde era o quarto.

O casal era de meia idade e tinha um visual alternativo, eles estavam sozinhos, pois seus filhos haviam se casado e se mudado para a cidade para facilitar os estudos das crianças. Os trabalhadores que cuidavam daquela imensidão de terras também moravam longe e vinham pela manhã com o transporte disponibilizado pelos patrões.

Mesmo estando bem ilhados, Beatriz e Miguel pareciam gostar da vida que levavam.

A casa era decorada com muitas coisas indígenas, havia filtros dos sonhos em toda parte, também notei vários tambores de diversos tipos, até fiquei curiosa para perguntar algo mas não deu.

Finalmente uma cama, esticar meu corpo era uma dádiva naquela noite. Acabei dormindo antes que a dona Bia me trouxesse a toalha que havia ido pegar para eu tomar um banho.

Após algumas horas de sono acordei, estava suando frio, procurando as chaves de um jeito sonambúlico, eu só tinha em mente que eu tinha que sair... eu precisava sair... Fiz uma cena vergonhosa na frente daqueles que nem me conheciam.

Comecei a gritar tentando arrombar a porta da sala, não conseguia raciocinar, o pânico me consumia, eu sei que eu poderia apenas ter pedido que abrissem a porta, mas o pavor não me mostrou essa opção.

O casal estava com uma expressão de serenidade quando me viram, como se me conhecessem e isso fosse esperado. Eu já havia reparado que eles eram bem fora do comum.

Bia foi fazer um chá calmante para mim, enquanto Miguel perguntou se eu aceitava uma oração, respondi que sim, não tinha o que fazer mesmo!

Esta não era uma oração comum, não entendi uma palavra, nem sei em que língua era aquilo, e entre as palavras ele fazia aquele som, tipo um assovio com ar soltando entre os dentes.

Ao mesmo tempo, começou a fazer um tipo de energização usando umas penas e ervas nas mãos, ele me disse que estava limpando meus chakras.

Não compreendi o que tudo aquilo significava exatamente, mas me senti mais calma e pude explicar para eles minhas dificuldades psíquicas e o que eu havia ido buscar nesta expedição.

Depois agradeci pela ajuda e pensei em voltar a dormir, mas eles disseram que tinham um "elixir" que poderia me ajudar a encontrar respostas e quem sabe uma saída, pois que a saída que eu precisava era a do labirinto da minha mente e não a da casa.

É claro que eu queria destrinchar a causa dos meus traumas, mas eu tinha muito medo de usar a poção indígena, porque ouvi histórias boas e ruins a respeito disso. E como eu era muito sensível, pensei que eu poderia piorar ao invés de me beneficiar.

O Livro de ÍsisOnde histórias criam vida. Descubra agora