— Lembra que isso é só entre nós, certo? — falei para Elohim.
— Fantástico, assombroso, extasiante! — Elohim respondeu sem ouvir minhas palavras, e foi contando o que ele experienciou, então eu disse:
— Tudo isso me fez pensar na minha família, talvez eu tenha sido muito egoísta de sumir e não dar um sinal de vida, estou com dor na consciência, toda aquela vibração elevada do Xamã me fez sentir mal agradecida e infantil demais ao lidar com meus processos.
Encontramos, então, Davi vindo preocupado em nosso encontro.
— Vocês demoraram, eu já estava preocupado. — disse Davi.
— Só estávamos sentados olhando o mar. — falei.
— O mar? Ah! É! — disse Elohim ainda se sentindo na floresta.
— Já achei que esse cara tinha te puxado para a água! — falou Davi zombando.
— Como eu ia entrar na água se estou de roupa e com o celular no bolso. — brincou Elohim.
— Celular no bolso? Se estivesse com seu celular eu não estaria indo procurar vocês. — Davi falou em tom repreensivo.
Elohim colocou as mãos no bolso e viu que havia esquecido o celular em casa.
— Falando nisso, você me deixa fazer uma ligação? — pedi.
— Ligação? — os dois falaram estranhando.
— Pensei em ligar para Luan e deixar um recado para minha família.
— Luan? — Davi perguntou.
— Ele é um traidor, mas só consigo me lembrar do número dele. — respondi.
O remorso estava me corroendo, mas só no dia seguinte que liguei, porque Davi me levou até um telefone público do outro lado da cidade para evitar que rastreassem seu celular.
— Oi Luan!
— Ísis, graças à Deus!
— Só estou ligando para avisar que estou morando com uns amigos e que estou bem, muito bem! Avisa a minha família faz favor! — falei roboticamente.
— Estão todos te procurando, tem cartazes com sua foto em todos os lugares, deram queixa na delegacia... você tem que voltar!
Desliguei o telefone, não aguentava ouvir Luan me dizendo o que eu tenho que fazer, nem queria ouvir sua voz, foi a última vez que nos falamos.
Me senti aliviada por mandar o recado, para mim já era o suficiente, uma forma de respeito com eles.
— Melhor agora? — perguntou Davi.
— Um pouco, mas ainda tenho uma dor na consciência por causa da Jasmim.
Eles me olharam questionando e eu contei toda a história, deixando-os intrigados. Eu estava muito confusa, não sabia o que eu sentia, mas comecei a pensar muito nela depois da experiência tão forte que tive, pensei que ela era como aqueles poucos que realmente gostavam de mim e que eu não valorizava.
E se o sentimento dela fosse verdadeiro e não apenas manha ou falta de uma figura feminina devido à morte da sua mãe? Eu deveria ter sido mais gentil com seus sentimentos? E se ela tivesse fugido comigo e piorado suas crises? Pensei, pensei e não fiz nada. Resolvi me concentrar em cuidar de mim que já não era fácil, fui então em busca de um emprego.
Devido a tantos problemas emocionais, eu nunca havia trabalhado e ainda tinha medo de me dar um pânico em público, isso que sempre me fazia desistir de tentar trabalhar. Mas o "Rei Davi", meu salvador e libertador, era uma pessoa influente e falou com um amigo que tinha um hotel.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Livro de Ísis
RandomÍsis vive uma intensa luta pela sanidade, sua mente tão cheia de conflitos, traumas e lembranças de outras vidas a deixa sem saber qual é o limite entre a extrema clareza e a loucura. Suas experiências seriam vindas de um mundo transcendente ou ser...