ANAHÍ
Quando eu era criança, eu adorava ir naquelas feirinhas itinerárias que passavam por todas as cidades de uma região. Nelas sempre tinha muita música, comida boa e a coisa que eu mais gostava... parques de diversão. Sempre amei os carrosséis e as rodas gigantes, mas meu se eu tivesse que eleger um brinquedo favorito nesses parquinhos, sem dúvida seria a montanha russa. A expectativa na hora da subida, a adrenalina que percorre todo o seu corpo, enquanto as pessoas gritam atrás de você, ver seus pais pequenos lá embaixo... tudo isso sempre foi uma grande emoção pra mim. De certa forma, as últimas semanas na escola naquele ano de formatura foram bem parecidas com uma montanha russa. E foi lá no topo, quando o trilho se inclina e os carrinhos se projetam pra baixo numa velocidade incrível, eu eu tomei a decisão da minha vida. Foi um clímax, a hora da verdade, um momento de epifania mesmo. Quando a montanha russa que até então subia, desce bruscamente, fazendo seu coração palpitar de adrenalina.
Tudo começou na semana de campanha para o baile de formatura. Eu estava obstinada em ser rainha, tanto que chamei o garoto mais popular do colégio para ser o rei ao meu lado. Nós tínhamos tudo para ganhar o título, mas eu eu tinha certa insegurança um pouco camuflada. Aquele ano era o último para estar ao lado dos meus amigos, depois cada um iria para o seu lado e sabe lá quando conseguiríamos nos reunir de novo.
— Eu só quero fazer uma campanha memorável que me faça ter boas lembranças do ensino médio quando for uma velha gagá de 80 anos. – eu disse fazendo bico, encarando Poncho que me ajudava com os cartazes.
Meu amigo riu, levando na piada, o que para mim era caso de vida ou morte e passou o braço sobre meus ombros, me puxando pra perto, enquanto depositava um beijo no topo da minha cabeça. Inalei aquele cheiro gostoso de amaciante na camiseta do Poncho e me senti em casa.
— Você vai ter boas lembranças. Você tem suas amigas, o Chris, o coral...
Sem hesitar, eu acrescentei a sua lista:
— Você.
Obviamente que aquilo não era nenhuma surpresa pra ele. Mesmo que eu amasse todos os meus amigos, Poncho era diferente. Ele sabia disso. Ainda assim, um sorriso levantou os dois cantos de sua boca e eu meu olhar foi atraído para os seus olhos esverdeados. Meu amigo realmente tinha olhos incríveis de tão lindos. Meu rosto esquentou enquanto eu pensava nos olhos do Poncho, mas eu pisquei algumas vezes, antes de me desvencilhar dele e voltar a colar o cartaz que tinha na mão.
— Eu não sei... acho que tenho medo de que tudo acabe aqui. Quanta gente não sobrevive ao mundo lá fora? E se meu ponto alto for o ensino médio e depois... nada? – eu confidenciei. Era a primeira vez que eu verbalizava aquela angústia.
Poncho tinha as sobrancelhas franzidas enquanto me encarava. Suspirando, ele respondeu:
— Você vai pra Yale. Apenas uma das melhores universidades do país e do mundo... seu ponto alto está longe de ser o dia em que foi eleita como rainha do baile de formatura do Greenville High School, fique tranquila.
— Yale...
Havia tanto significado por trás de um simples nome e também uma vida toda construída na base daquele sonho. Eu, Poncho e Yale. Era assim que tinha que ser... mas agora que eu imaginava que ele tinha os olhos em Nova Iorque, sua cidade do coração, minha decisão começava a vacilar... Yale seria mesmo um sonho pra mim sem o meu melhor amigo, o meu porto seguro ao meu lado?
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Say no to love
FanfictionEles firmaram um pacto aos 13 anos de idade: Se nenhum dois tivesse encontrado sua alma gêmea até os 30 anos, se casariam. Para Anahí, Alfonso é o melhor amigo que uma garota podia desejar... para Alfonso, ela é a única garota que ele deseja. Além...