ALFONSO
A readaptação a Nova Iorque foi mais díficil do que eu imaginei. Estudava na NYU durante as manhãs e as tardes, tínhamos muitas aulas de Teoria da Música naquele primeiro semestre... e durante as noites, trabalhava no "Poco Loco", o restaurante de comida texana/mexicana, junto com o Chris.
Eu tinha me acostumado com a calmaria de Greenville e Nova Iorque já não parecia tão familiar quanto antes... claro que tudo mudou quando a Annie finalmente trouxe suas coisas para o apartamento. Ela e Maite ficariam conosco até encontrarem um lugar bacana e barato, próximo ao campus da faculdade delas.
Como era bom ter a Annie por perto! Ainda que sua rotina fosse ainda mais atribulada que a minha, sempre encontrávamos um tempinho pra maratonar alguma série na Netflix e cozinhar algo diferente para os nossos amigos.
Era um sábado e após compramos tudo o que precisávamos para preparar o jantar, eu e a Annie resolvemos parar para tomar um café em uma cafeteria próxima a Time Square.
Annie estava cansada de tanto andar, por isso sentou em uma cadeira e colocou os pés em cima de outra. Eu sempre adorei o jeito espontâneo dela.
— Me lembre novamente porque sempre somos nós que temos que fazer o jantar! – ela me encarou, fazendo um bico divertido.
— Porque da última vez a Mai transformou a carne em carvão e o Chris tentou flambar o salmão com álcool de cozinha, porque não tinha conhaque. –lembrei sorrindo. Nossos amigos eram desastres ambulantes quando o assunto era cozinha.
Anahí fez uma cara de nojo e eu ri.
— Eu tenho pesadelos com aquela carne da Mai até hoje.
— Parecia o anticristo!
— Acha que compramos o suficiente? – perguntou a Annie, terminando de tomar seu café.
— Sim. – respondi, enquanto ela revirava as sacolas de compras. — Vai dar pra alimentar um time de futebol inteiro.
Annie não estava convencida.
— Acho que vai faltar cream cheese...
— Claro que não... vai sobrar e você vai poder fazer temaki a semana inteira.
Ela largou a sacola de compras de lado e relaxou os ombros, recostando-se na cadeira.
— Tem razão.
— Eu vou querer os meus grelhados. – falei na intenção de provocá-la, pois sabia que ela gostava mais de salmão cru e eu nunca tinha aceitado experimentar.
Annie fechou a cara e eu pensei que ela realmente estivesse brava comigo, mas seu sorriso lindo logo reapareceu em seu rosto e ela jogou um biscoito que estava num potinho no centro da mesa bem no meio do meu rosto. Eu segurei seus pulsos antes que ela pudesse seguir me atacando e ela tentou se livrar das minhas mãos, mas eu era mais forte e não permitia que ela se soltasse. Nossos rostos estavam próximos e eu podia sentir o perfume adocicado da Annie atingir minhas narinas. Eu sei que prometi não me iludir novamente quando o assunto é meu amor não correspondido pela minha melhor amiga, mas desde que nos mudamos para Nova Iorque, momentos como aquele aconteciam o tempo todo. Mas sempre que pintava um clima, ela arranjava um jeito de disfarçar.
Acontece que não foi isso que aconteceu dessa vez.
— Alfonso! – uma voz anasalada chamou, fazendo com que eu soltasse os pulsos da Annie e olhasse pra trás e visse Sabrina, a moça que tinha ido ao meu apartamento após eu ter sujado sua blusa com molho de hot dog. A moça que eu havia encontrado novamente em um loja e departamentos e que embora quisesse pedir seu número, acabei esquecendo na ocasião.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Say no to love
Fiksi PenggemarEles firmaram um pacto aos 13 anos de idade: Se nenhum dois tivesse encontrado sua alma gêmea até os 30 anos, se casariam. Para Anahí, Alfonso é o melhor amigo que uma garota podia desejar... para Alfonso, ela é a única garota que ele deseja. Além...