Capitulo 18

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– O que eu fiz? – vociferou o jovem do vídeo. – Diga o que eu fiz de ilegal.
Bram Coine estudava Sociologia na Universidade Westcroft. Era, conforme se descobriu, um
anticapitalista paranoico com 176 visualizações regulares em seu canal de vídeo na internet. E suava em
bicas. Burton e Lindi observavam-no pela janela espelhada da sala de interrogatório, enquanto Kolacny
fazia seu trabalho.
– Não pode me dizer, não é? – continuou Bram Coine. – Porque não fiz nada de ilegal, nada de errado.
– Não acredito nisso. E você também não – retrucou Kolacny, inclinando-se e pousando os cotovelos
na mesa, para ficar mais perto de Bram. – E sabe por que penso assim? Porque você deletou o vídeo
depois de descobrir que o chefe de polícia tinha sido assassinado. Só posso concluir que sabia muito
bem que o que fez levou ao crime.
– Não foi nada disso – contestou Bram. – Retirei o vídeo porque alguém sem dúvida faria essa
conexão, como de fato aconteceu. Mas sabe de uma coisa? O endereço e o número do telefone de
Williams já estavam na internet. Precisei de menos de quinze minutos para encontrá-los. E para encontrar
os de todos do Esquadrão Aríete. Não é imoral nem ilegal postar informações já disponíveis na rede,
certo? Posso pegar minha bombinha de asma, por favor?
Kolacny tinha um notebook na mesa à frente. Pegou uma caneta e começou a mastigar a tampa,
pensativo.
– Você postou o endereço dele on-line, em um vídeo no qual dizia que o chefe implicava com pessoas
de Áries. As mesmas pessoas que pregam a violência há anos. Não vai assumir nenhuma
responsabilidade por isso? O que você fez foi, de certo modo, fomentar a violência.
– Ah, por favor! – resmungou Bram, em tom de frustração. – Dá uma olhada no vídeo! Tudo o que eu
disse foi: conversem com esses caras e digam a eles que o preconceito com pessoas de determinado
signo não é certo. Não sou um sujeito violento. Por acaso pareço violento?
– Não, você parece um hacker – disse Kolacny. – Um desses moleques que se sentam sozinhos no
quarto e prejudicam os outros usando o computador porque se julgam mais espertos que eles e acham que
jamais serão pegos. Mas o que aconteceu de verdade? Nós pegamos você!
– Me mostre a lei que eu infringi.
Burton se inclinou para Lindi e murmurou:
– Que idiota! Acha que vai se safar dizendo isso?
Lindi estava ao lado dele. Deslizou o dedo pela esquadria da janela e replicou:
– Hum...
– O que significa esse “hum”? – irritou-se Burton. – No que está pensando?
– Posso usar seu computador de novo?
Voltaram ao escritório de Burton. Após alguns minutos diante da tela, Lindi mostrou-lhe um site que
era apenas uma página com nomes, números e endereços. Peter Williams ocupava quase o fim da lista.
– O rapaz não é hacker – assegurou ela. – Ele disse a verdade. Todos esses nomes e endereços já
estavam on-line.
Burton debruçou-se sobre o ombro dela.
– O quê? Mas como é possível?
– Sites de marketing. Quando algo é imoral, mas não é ilegal, é comércio.
– Bem, ainda podemos pegá-lo por outra infração qualquer. Por obstruir o trabalho da polícia,
digamos. Ou por interferir em uma investigação em curso.
– Por quê? – perguntou Lindi, virando-se na cadeira. – Bram não é suspeito. Nunca foi. O que eu lhe
mostrei foi apenas um caminho de investigação. Se o vídeo induziu um psicopata a matar Williams, talvez
o chefe de polícia tenha recebido uma carta, um e-mail ou um telefonema do criminoso antes de ser
assassinado.
Burton balançou a cabeça.
– Não. Checamos tudo isso. Não vimos nenhum texto estranho, nem telefonemas ou mensagens
inusitadas no e-mail pessoal. O e-mail de trabalho dele é protegido pela Lei de Segredos de Estado.
– Então talvez haja lá alguma coisa que ajude na investigação – sugeriu Lindi. – Ou talvez o chefe
Williams estivesse metido em algum negócio escuso, e isso causou sua morte.
Burton olhou incrédulo para ela.
– De que lado você está? – perguntou.
Lindi apontou para si mesma.
– Sou uma liberal descolada de Aquário, lembra? Tenho minhas próprias ideias. Por que não vai falar
com seus amigos do Esquadrão Aríete para descobrir se eles sabem de alguma coisa? Aposto que houve
alguma situação extrema que alguém revidou com assassinato.

o Assassino dos Zodíaco Onde histórias criam vida. Descubra agora