Capítulo I
Rastro da morte
A lua estava alta e a noite cobria toda a cidade; A cada passo, o sangue escorria mais e mais das suas feridas, deixando um rastro de pegadas na lama e gotas vermelhas no chão. O caminhar era lento e errático, cambaleando hora ou outra e, às vezes, precisava se escorar em alguma parede de cimento do beco para não cair de vez, pois, se parasse, suas esperanças de sobreviver cairiam de poucas para nulas.Sua perna esquerda estava em carne viva na área da coxa e panturrilha, e por conta disso, além de não conseguir andar direito pelo cansaço, também estava mancando – sem poder usar sua perna da forma que queria. Sua mão direita segurava na lateral esquerda do seu abdômen, com firmeza e bastante pressão um pedaço de pano sujo e velho que arrancou da blusa que vestia antes da sua fuga, onde foi atacado e acabou ficando com uma ferida grande e profunda – e era exatamente dali que provinha a maior quantidade do sangue que pingava no chão, deixando o seu rastro da morte.
Não bastando seu perna e barriga feridas, em algum momento da sua luta pela sobrevivência batera a cabeça sem saber onde e o baque não só deixou um corte na sua testa como também sua mente tonta; estava andando, por pura teimosia, a meia hora e não enxergava mais nem um palmo a sua frente. Sua garganta estava seca mostrando sua desidratação – não tomava água a uma semana, tempo que esteve fugindo, e todo o seu corpo tremia pelo esforço de se manter vivo. Mas não desistiria. Mesmo com sua falta de sorte desde seu nascimento, nunca pensou em desistir ou dar-se por vencido, e nenhuma dessas duas coisas pareciam ser uma opção para si. Não. Era determinado e teimoso demais para deixar-se abater ou ser pego por esses monstros infelizes; Não importa se era minoria, se era a escória da humanidade e desprezado por todos ao seu redor, não importa se sua raça estava praticamente extinta, ou se sua vida era insignificante para todos. Para Deidara, essas coisas não significava nada; ele se manteria vivo, ele se salvaria e encontraria um lugar onde poderia, enfim, viver em paz e segurança, sem temer o dia de amanhã ou ter que esconder quem realmente é: Um Lobo Branco e, ainda por cima, um ômega.
Escutou passos próximo a si, talvez um quilômetro de distância, não sabia dizer ao certo já que sua mente ainda estava embaralhada e sua vista desfocada. Apressou-se mais, escorando o ombro sempre que sua perna falhava em mantê-lo de pé, e mesmo com o barulho se aproximando, não olhou para trás, pois sentiu que perderia todo o, já precário, equilíbrio e cairia no chão.
Ofegante e quase perdendo seus sentidos, Deidara tirou suas calças e a cueca, largando as peças junto a uma poça de sangue, e subiu com dificuldade o muro. Com tantas fugas e lutas em sua vida, o loiro acabou por aprender um pouco sobre escalar muros e pular entre telhados sem estar na sua forma lupina. Já em cima do telhado, Deidara deitou e escondeu seu corpo, ficando fora das vistas de quem estava no beco, ficando apenas seus olhos por cima do muro. Outra coisa que aprimorou foi sua visão, não precisando se transformar pra enxergar bem no escuro – melhor do que os malditos humanos. Escondeu também o seu cheiro, prevenindo caso algum lobo cinza esteja lhe caçando junto ao grupo de cientistas loucos. Ficou quieto, nem sua respiração fazia barulho, e esperou.
Minutos depois um grupo de três homens e quatro mulheres entrou no seu campo de visão. As mulheres com toda certeza eram lobas, e, pelo o que pode perceber, eram elas que guiavam os humanos patéticos, que não conseguiam ver nada no escuro. Assistiu-os atentamente, aproveitando aquela parada para se curar e descansar, preparando-se também para um possível combate seguido de fuga; o que não seria fácil, pois os Lobos Cinzentos eram como um raio, sendo eles a espécie mais rápida de Lobos que o mundo já viu.
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Raça Pura
FanfictionApós a humanidade descobrir que lobisomens não eram somente lendas sobrenaturais e que existem sim "humanos" capazes de assumir uma forma lupina completa, houve uma caça onde todos os Lobos das Neves foram aprisionados em laboratórios, ou mortos na...