Extremo Oposto

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Capítulo II

Extremo Oposto




Aos poucos sentiu-se despertar, seus sentidos ainda embaralhados não reconheceram os cheiros ou ruídos ao seu redor. Piscou lentamente tentando limpar a sua visão, virou um pouco o rosto e testou mexer sua mão. Nada. Estava dormente, percebeu ao tentar mexê-la de novo, então levantou um pouco a cabeça, olhando para seu braço flexionado e a dita mão. Ainda um pouco letárgico, semicerrou os olhos entendendo, finalmente, a posição em que estava. Parecia bastante com a posição em que caiu na floresta; seu corpo estava deitado de perfil, no lado esquerdo, sua cabeça apoiada no braço direito e seu corpo por cima do braço esquerdo, que estava completamente dormente. Não entendeu o porquê de sua mão direita também estar adormecida, mas isso não importava. O importante era descobrir onde diabos estava. Voltou o rosto para a cama, afundando-o nos lençóis macios e sentiu um cheiro bom; uma mistura de grama molhada e um forte amadeirado, ele conhecia esse cheiro, entretanto não conseguia lembrar de onde.

Levantou seu tronco com dificuldade. A lateral esquerda do seu corpo, exatamente onde suas costelas estavam, a dor ardia em brasa e Deidara arfou segurando o local como se a qualquer minuto os finos ossos fossem cair. Flexionou as pernas, ficando agora completamente sentado e, com a mão livre, segurou sua cabeça onde sentiu uma pontada forte de dor. Ah, sim, havia batido a cabeça na noite passada. Olhou para seu abdômen a procura do ferimento, mas este já tinha fechado. Procurou pelas outras feridas; panturrilha, coxa, testa, todas estavam como se ele nunca tivesse se machucado. Pensou por alguns instantes.

Deidara conhecia mais ou menos seu poder de cura aprimorado. Se não lhe falhava a memória, Danzou, um dos malditos médicos daquele inferno, ficou constantemente, por uma semana, testando sua capacidade de cura após as modificações em seu DNA. O ômega sofreu todo tipo de tortura, todos os dias, e o pior ferimento, feito no seu tornozelo esquerdo, o qual quase decepou seu pé, demorou dois dias inteiros para curar totalmente – foi o que escutou enquanto aqueles lunáticos conversavam já que Deidara passou todo o tempo durante as torturas praticamente inconsciente e delirando.

A julgar por isso, deduziu que estava ao menos um dia apagado, a tirar pela gravidade dos seus ferimentos e ao avanço no seu fator de cura. Gemeu um pouco ao virar o corpo. Não entendia o porquê de suas costelas estarem feridas, porém não era difícil concluir que o tempo desacordado não foi o suficiente para se recuperar totalmente.

Sentou na beirada da cama, muito confortável por sinal. Ainda estava nu e sujo e concluiu que ninguém lhe tocou enquanto dormia, ficando aliviado por isso, olhou para os lençóis; eles seriam trocados com certeza. Mexeu devagar o braço e a cintura testando o grau de dor – e consequentemente do ferimento – nas suas costelas. Doeu, mas era suportável. Ele tentou se levantar, contudo se desequilibrou e evitou ir ao chão ao se apoiar na mesa próxima a cama. Repentinamente, Deidara se lembrou que não sabia onde estava e seu coração bateu mais rápido, sua garganta arranhou, seca. Observou ao seu redor esperando estar em uma caverna fria e úmida, ou em um calabouço, qualquer lugar sujo e fétido para ser torturado, mas não, Deidara ficou de boca aberta, seu semblante mostrando o seu completo assombro, ao se ver em uma tenda muito bem arrumada e limpa, equipada com tudo que uma pequena casa precisa e extremamente quente e confortável.

O que estava acontecendo?

Deu alguns passos erráticos até a enorme bacia redonda mais afastada da cama e da mesa. Se apoiou nela e viu que o objeto, feita de madeira, estava cheia. Colocou a ponta dos dedos e ficou surpreso ao encontrar a água cristalina quente. Escutou um farfalhar fora da tenda, que não mostrava o lado de fora por estar fechada, e ficou com a postura ereta. Suas unhas cresceram e os dentes também. Deidara estava pronto para se defender.

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