Planos

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Capítulo VI
Planos

Posterior a sua primeira aula de defesa, Deidara seguiu Izumi pelo labirinto de árvores prateadas. Até o momento em que chegaram nas cabanas o ômega conseguiu reconhecer o caminho, pois foi o mesmo que usaram antes, entretanto, eles não foram em direção a tenda do alfa, e, sim, seguiram para o outro lado do centro da aldeia.
Deidara observou seus arredores tentando decorar a trilha pela qual passavam. Ele não quer depender de Izumi ou qualquer outro Lobo Negro mais do que o necessário; Deidara não queria depender nem do seu companheiro ou mesmo da floresta para se manter seguro. Mas isso era apenas seu orgulho falando e o ômega não pode se deixar levar por algo tão inútil quanto o sentimento incômodo causado por seu orgulho, para ser livre, para ter uma chance de sobreviver aos cientistas, ele iria se contrariar o tanto que fosse preciso.
A medida que se distanciavam do centro, mais próximo ele escutava a água corrente de um rio. Deve ser de lá que os lobos pegam água para o funcionamento da aldeia e para seus habitantes, Deidara pensou. Olhando para a terra vermelha embaixo dos seus pés, ele lembrou da deusa mãe dos lobos negros e se perguntou quem ela seria e o porquê de nunca ter ouvido falar dela. Na verdade, Deidara não se lembra se os lobos brancos têm um deus ou uma entidade cósmica, mas parando para analisar, algo deve tê-los criado, assim como algo criou os humanos.
Mais alguns passos a diante Deidara já podia ouvir o rio e a pequena queda d’água de uma cachoeira, tão próximo que ele ficou em dúvida se estavam indo justamente em direção ao corpo d’água – no entanto, a ideia era quase absurda, pois não havia motivo para Izumi levá-lo para lá. Seus questionamentos internos foram respondidos quando eles saíram do meio das árvores prateadas e adentraram uma imensa área cheia de lavoura e plantações.
Estavam nos campos de agricultura. Contudo não apenas o tamanho ou a quantidade em sua frente o surpreendeu, como também o fato de não ter máquinas ou tratores para ajudar os lobos na colheita ou no trabalho de forma geral. Por alguns segundos Deidara considerou questionar Izumi sobre isso, porém repensou porque era óbvio que ela não tem poder de opinar na administração da aldeia, portanto seu próximo pensamento foi levar sua crítica sobre a perda de tempo e esforço nos campos de agricultura para Itachi e ele teve certeza que era uma boa ideia, mas por poucos instantes, pois logo Deidara percebeu que era improvável que conseguissem colocar um trator, ou algo semelhante, na floresta: A vegetação era fechada demais, as árvores muito próximas umas das outras.
— Ficaremos aqui até o almoço, — Izumi informou. — Depois de comermos, iremos para a tenda do Ancião Fugaku, onde a Senhora Mikoto estará a sua espera para iniciar seu treinamento como Cadela Alfa.
Deidara desviou os olhos azuis para ela por alguns segundos, assentiu, e voltou a observar os homens e mulheres, junto a poucos jovens, trabalhando incansavelmente. Pelo tanto de terra remexida e pés de frutas que estavam vazias, Deidara julgou que eles trabalhavam desde muito antes de amanhecer. Os ômegas foram para a parte designada a plantações, que em sua maioria eram árvores e pés de frutas, onde Deidara respondeu sucinto as apresentações que Izumi fez entre ele e todos os que estavam nessa área.
Primeiro ele assistiu em silêncio como Maya – uma loba adulta com os olhos e cabelos negros típicos dos lobos negros – colher, plantar e preparar a terra. Ela lhe disse tudo o que sabia sobre adubo, a fertilidade da terra e o cuidado das raízes. Depois, um rapaz chamado Katsume, o explicou cada particularidade de cada tipo de alimento. Findadas as informações que eram as mais necessárias em um primeiro contato, Deidara foi observado por um garoto que havia acabado de passar pelo primeiro ciclo, enquanto colhia algumas folhas verdes.
O resto de sua manhã se passou nesse ritmo; o ômega dividia seu tempo em observar e realizar pequenas tarefas. No passar das horas, o sol brilhava com mais intensidade sobre eles. Como um Lobo onde seu habitat natural era feito puramente de gelo, não demorou para Deidara se sentir enfraquecido e enjoado, até mesmo um pouco tonto. Ele precisava sair do sol urgentemente ou ficaria doente.
— Não posso continuar no sol. — Deidara a alertou.
Izumi o encarou parecendo analisar sua expressão, porém logo assentiu em concordância. Foram poucos minutos até que a ômega falasse com alguns dos lobos que estavam ali ensinando-o. Deidara não esperou que ela viesse para ir em direção a sombra que as grandes árvores prateadas formavam em sua disposição bem próximas umas das outras.
— Vamos para a tenda. — ela disse quando se aproximou.
Deidara assentiu, acenou em despedida para as pessoas que gentilmente dispuseram de tempo e atenção para ensiná-lo. Por eles não terem se referido a ele como “Cadela Alfa” depois que Deidara pediu para se referir a ele pelo seu nome, e por serem educados e pacientes, até mesmo amáveis com suas dificuldades, Deidara poderia dizer, em voz alta inclusive, que gostou de cada um deles.

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