Ritual

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Capítulo Oito

Ritual


Enquanto estava em cativeiro, os cientistas costumavam levar Deidara para uma sala com balanças e grandes réguas onde eles anotavam, em um papel – que chamavam de prontuário de evolução –, informações sobre peso, altura, pressão arterial entre outros termos confusos que o ômega nunca entendeu o que significava, a fim de observar se as constantes injeções de substancias duvidosas afetavam essas áreas (palavras deles, não de Deidara), por tanto, Deidara sabe que é um homem de um metro e oitenta e dois, pesando setenta e nove quilos, e, tendo em vista que Itachi não é muito maior que ele, o ômega ficou preocupado quando descobriu suas pernas vergonhosamente instáveis depois do momento que eles compartilharam.

Mas qual não foi sua surpresa quando o alfa o pegou no colo e passou a carrega-lo como se Deidara não pesasse nada. Deidara quis reclamar, disse que é um homem crescido e que poderia sim andar sozinho – o que estava obvio ser uma mentira, recebendo como resposta de Itachi que se ele não conseguisse carregar o próprio companheiro após terem feito amor, então o alfa não merecia a benção da Deusa em tê-lo. Deidara ficou corado na menção do sexo que fizeram e lembrar disso o distraiu da discussão. Itachi pareceu terrivelmente satisfeito em carrega-lo durante o percurso inteiro. Deidara acabou por permitir ser levado a contra gosto, porque, na verdade ele se perdeu em meio a sua admiração da incrível floresta negra; as folhas prateadas brilhando sob a luz da lua e a terra vermelha o lembrando pequenos coágulos de sangue solidificados. Sem perceber ômega passou a se aconchegar nos braços do alfa.

Não demoraram para chegar na tenda. Com delicadeza, Itachi o colocou de pé, as pontas de seus dedos tocaram suas coxas parando na barra da blusa do alfa que Deidara usava, visto que suas vestes ficaram esquecidas na cachoeira. Aquele deslizar suave na sua pele lhe deixou desconcertado, pois ele não sabe ainda como se sentir com o fato de seu corpo ansiar tanto pelo seu companheiro.

Não há dúvidas que uma boa parte disso é causado pelo despertar do vínculo e é o que marca o início do acasalamento; quando seus olhares se encontraram assim que Deidara invadiu a floresta despertou aquela parte da sua alma que está entrelaçada a Itachi, já ao se tocarem de forma apaixonada na cachoeira, eles ingenuamente retiraram o véu que obstruída o chamado pelo seu par complementar, desnudando assim suas terminações nervosas e tornando impossível enganar seus sentidos enquanto sua contraparte estiver próximo.

Por mais que Deidara não soubesse desses "detalhes técnicos" que englobam o acasalamento, instintivamente ele percebeu quando o ritual começou ao passo que seu corpo está reagindo tão fortemente a proximidade de Itachi, e neste interim, seria tolice dele ficar em negação diante de uma atração por seu companheiro. O problema real é que Deidara não sabe como agir nessa situação. Ninguém nunca o tocou assim, o que ele sentiu quando a intimidade de Itachi se esfregou na sua não poderia ser descrito em palavras, infelizmente o ômega não sabe de verdade o que sentiu física e emocionalmente, ele não entende o que está acontecendo dentro de si mesmo enquanto as vibrantes ordens vermelhas o encaram ao mesmo tempo que os dedos suaves, porém ágeis, desnudam seu corpo da única peça de roupa que garantia seu pudor.

Como se soubesse da sua confusão interior, o alfa se ateve em levar o lobo branco em direção à bacia cheia de água sem qualquer palavra ou provocação, o que permitiu que Deidara respirasse fundo buscando se livrar do constrangimento e de relaxar, ao passo que chegaram a bacia onde percebeu estar cheia. Delicadamente Itachi entrou, se sentou, para então guiar o loiro em sua direção, sentado de frente para o alfa, suas costas encostadas no peitoral forte de Itachi. Se tem algo que Deidara descobriu enquanto esteve refugiado na aldeia dos lobos negros é que ele realmente gosta de água aquecida – no cativeiro, o banho era tão gelada quanto o lago onde Deidara cresceu que era onde os lobos brancos se limpavam, e, por mais que seu lobo ame tudo que é gelado, o ômega gostou de experimentar uma temperatura.

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