Raça Pura

Racional

Capítulo IV

Racional

Deidara despertou algumas horas depois, bem perto do sol se pôr, claramente confuso e desorientado.

Itachi assistiu a cabeça loira se mover em seus braços. Primeiro o ômega levantou um pouco o pescoço, encarou seu redor com os olhos semicerrados, porém logo deixou a cabeça cair de volta. Durante alguns segundos, ele simplesmente ficou esfregando o rosto no pescoço do moreno, lhe cheirando e soltando feromônios de satisfação.

O alfa o abraçou, aproximando os corpos ainda mais. Com uma mão acariciou o couro cabeludo de Deidara, a outra se ocupando em acariciar a base da coluna por cima da roupa. O moreno ainda teve tempo de beijar suavemente a testa do seu companheiro antes que o ômega despertasse por completo.

No segundo em que Deidara percebeu estar abraçado com Itachi, parcialmente em cima do alfa, ele se levantou com rapidez e se afastou – Itachi, que o abraçava segundos antes, continuou deitado olhando atento suas reações. O Uchiha ainda estava nu, Deidara notou, então os olhos azuis desviaram rapidamente dele.

O loiro olhou ao redor superando o choque que teve ao se ver sendo acariciado tão amorosamente por alguém que ainda lhe era estranho – e por estar gostando mais do que devia, sendo que não deveria gostar nem o mínimo que seja.

Não demorou para que Deidara se lembrasse do motivo, culpado pelo seu desmaio após a exaustão. Seu primeiro instinto foi reagir agressivamente contra a audácia do homem deitado na cama, de ter usado feromônios de comando alfa para manipular suas reações, sem a permissão do loiro. Porém, essa reação não os levaria a nada – Deidara estava prestes a passar pela merda de um interrogatório que poderia garantir sua segurança temporária ou resultar na decisão imediata da sua expulsão direta para seus predadores. Para ter as maiores chances de sucesso, infelizmente, ele precisava do seu companheiro. Ele sabia com certeza que Itachi interferiria e intercederia por ele caso a decisão do Conselho não fosse a seu favor.

Respirando fundo, o loiro lançou seu melhor olhar chateado ao alfa, que em conjunto a sua expressão de seriedade, não deixavam margem para dúvidas quanta a veracidade de seus sentimentos.

— Você mentiu pra mim.

Itachi ficou estático. Primeiro que não esperava aquele comportamento – para ser sincero, o moreno esperava mais gritos vindos de um ômega em fúria, não um olhar tão magoado em sua expressão séria. Segundo que a acusação foi feita em um tom tão... triste. Até mesmo desamparado. Era como se Deidara estivesse muito abalado com aquela traição e a suposta mentira do alfa; parecia que ele estava prestes a chorar pelo o que Itachi fez.

O moreno franziu o cenho e se sentou.

— Quando eu menti pra você? — questionou confuso.

Deidara cruzou os braços com uma expressão azeda, liberando alguns feromônios de irritação.

— Você disse que nunca me machucaria. — o loiro resmungou.

Oh, era isso. Bom, Deidara estava certo, Itachi prometera aquilo.

— Sim, isso é minha culpa. — o alfa admitiu sem receio, surpreendendo mais uma vez o loiro. — Mas eu não menti, não tive nenhuma intenção de machucar você, Deidara.

— Não foi o que pareceu quando você jogou sem hesitação todo o seu feromônio de comando em mim.

Itachi assentiu sem tentar rebater o que Deidara acusou. Era verdade, o moreno supôs; não deve ter parecido para o ômega uma atitude carinhosa quando a raiva Alfa o fez cair trêmulo no chão. Levantou da cama e parou na frente do loiro zangado, não muito perto, mas sem tanta distância quanto agradaria o loiro, que tencionou um pouco.