Depois do almoço o dia praticamente voou de tão rápido que passou. Lana e eu passamos a tarde e a noite em seu quarto, empenhadas em arrumar tudo para o primeiro dia de aula. Ela se preocupou em me emprestar uma roupa e um caderno em branco com algumas canetas de sua escrivaninha. Eu trouxe uma mochila comigo e ela me informou que a própria escola fornecia os livros necessários, então não precisávamos nos preocupar tanto.
Perto de dormir, buscamos no quarto de hóspedes um colchão inflável, já que a cama do mesmo estava inutilizável. Lana tinha razão sobre o quarto ter virado um depósito, ele estava uma zona de tão bagunçado. Só os cinco minutos que passamos dentro dele foram o suficiente para me fazerem espirrar o resto da noite.
Maldita rinite!
Tivemos muito trabalho, principalmente braçal, na hora de encher o meu colchão ao lado da cama de Kailana. Quando finalmente terminamos, eu o forrei com um lençol que Karla havia me dado e me joguei no mesmo, sentindo meus músculos arderem.
Eu estava tão cansada que foi inevitável não dormir. Lana deve ter demorado mais para pegar no sono, a única coisa que me lembro foi quando ela acendeu a vela aromatizada e disse que precisava fazer uma limpeza de pele.
(...)
Senti alguém cutucar com os dedos as minhas costas, me acordando.
— Cinco minutinhos — sussurrei em um pedido preguiçoso para Lúcia, me virando para o outro lado.
— Anda logo, Mel, nós vamos nos atrasar!
Espera aí, eu não me lembro de ter marcado nenhum compromisso tão cedo. E desde quando a Lúcia me chama de Mel e me acorda com cutucadas?
— Meeeeel! — a dona da voz feminina prolongou o meu apelido e a sua voz ficou cada vez mais perto do meu ouvido, o que me fez abrir os olhos.
Quando os abri, a primeira visão que tive foi de algo verde com os olhos esbugalhados, me observando. Apavorada, e sem entender o que acontecia, eu fechei os meus olhos de novo, desta vez com força, e soquei a coisa em minha frente, que gritou.
— PUTA MERDA! MEU NARIZ, AMÉLIA!
Então, eu raciocinei o que acontecia. Minha mente relembrou todos os eventos que aconteceram comigo nas 24 horas anteriores, me trazendo de volta a realidade que estava um tanto quanto barulhenta e confusa.
— Meu deus! — eu disse incrédula quando finalmente abri os olhos e me deparei com uma Lana de cara verde e nariz vermelho.
— Que barulheira é essa? — Kaike perguntou sonolento e emburrado ao abrir a porta.
O seu rosto estava amassado do lado direito, os olhos estavam inchados e o seu cabelo bagunçado.
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De Sol a Sol
Teen Fiction❝ Amélia Machado sempre foi uma garota introvertida, fechada em seu próprio mundo que podia facilmente ser resumido por suas playlists e pelo seu caderno de colagens. O auto-isolamento foi apenas uma das consequências catastróficas do terrível acide...