69 | Lágrimas de Sal

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    Por causa da tempestade, os voos foram atrasados

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    Por causa da tempestade, os voos foram atrasados. E, para a minha surpresa, France decidiu ficar comigo até que o meu avião decolasse. Segundo ela, para ter certeza de que tinha se livrado de mim. Mas eu via o seu olhar, era de alguém preocupado. E saber que ela se importava tanto ao ponto de ter o trabalho de ficar ali comigo, me fez repensar a nossa relação. Talvez, se eu tivesse dado uma chance, a gente poderia ter sido verdadeiras amigas.

Eu pensava nisso quando meu voo foi anunciado. Já havia despachado minhas malas e só tinha a minha mochila comigo quando me levantei e me dirigi até o meu portão, lançando um olhar de aviso para a France que estava à uns bons metros de distância. Ela estava no telefone e por isso estava um pouco afastada, provavelmente se despediria de mim com um aceno. E tava tudo bem, eu não esperava mais dela do que isso. Ou era isso o que eu repetia para mim mesma enquanto me aproximava da aeromoça que checava os passaportes e as passagens. Faltavam duas pessoas até a minha vez. Olhei para os meus documentos em mãos, verificando se não havia esquecido mais nada. Talvez eu tivesse esquecido...

— Amélia — France parou ao meu lado de repente, mais pálida do que jamais a vi — O Kaike sumiu.

Finquei meus pés no chão para não cair ao sentir minha cabeça zonzear. Uma senhora atrás de mim me xingou por congestionar a fila e eu saí da formação indiana, passando por debaixo das fitas para ir ao encontro da France.

— Como assim ele sumiu?

Franciele me encarou, parecendo incerta sobre me contar ou não.

— Franciele — era um tom de aviso e repreensão, eu precisava saber. Não conseguiria embarcar com aquela meia informação.

— Olha, não é seu problema mais, Machado, você sabe disso, não sabe? Você pode ir se quiser, ninguém vai te julgar por causa disso. — Ela me olhou com empatia, deixando claro que me apoiaria em qualquer decisão.

— Me conta — pedi, incerta sobre o que faria a respeito.

— Foi a Karla que me ligou, ela perguntou se o Kaike estava aqui. Ao que parece, quando você saiu, as coisas fugiram do controle e a Kailana explodiu com ele. Ela disse que eles brigaram feio e ele saiu com o carro do Bob sem contar pra ninguém aonde ia. Deixou o celular em casa e faz mais de duas horas que ele não deu sinal de vida, nem mesmo o Bobby sabe onde ele se meteu. Ela achou que ele viria pra cá pra fazer um grande gesto romântico, mas...

   Mas ele não tinha ido. E meu peito apertava dizendo que algo não estava certo, era perigoso demais o Kaike estar raivoso dirigindo em meio à uma tempestade que mal havia se dissipado.

Meu voo foi anunciado uma última vez nos altos falantes e a aeromoça me olhou, do seu balcão, impaciente. Olhei para a passagem aérea na minha mão e para a France.

— Que se dane, vamos procurar ele — amassei o papel e corri ao lado da loira em direção ao estacionamento.

— Você tem certeza disso? Ainda podemos dar meia volta. Você sabe que vamos achá-lo, ele provavelmente tá esfriando a cabeça em algum lugar. — Ela disse mesmo quando já estávamos dentro do carro.

De Sol a SolOnde histórias criam vida. Descubra agora