55 | A Mala da Kailana

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      Ao contrário da noite anterior, em que fiquei de molho na banheira por horas à fio  pensando em tudo o que vinha dando de errado na minha vida, acordei na sexta-feira pronta para seguir em frente

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      Ao contrário da noite anterior, em que fiquei de molho na banheira por horas à fio  pensando em tudo o que vinha dando de errado na minha vida, acordei na sexta-feira pronta para seguir em frente. De verdade. Deve ter sido por isso que levantei junto com o sol e decidi começar o dia com o pé direito. Fiz o café da manhã de todo mundo e, com tempo sobrando, decidi que seria uma boa passear com o Punk pela orla perto de casa. Eu só não contava que ia encontrar a dona dele totalmente surtada na volta.

— MEU DEUS, PUNK! — A havaiana de madeixas rosas (quase brancas pelo desbotamento) passou como um furacão pelo corredor para pegar o pug no colo — Você tá bem? Como tá suas patinhas? Aí meu deus, você quase me matou de susto! — a garota apertou o cachorro contra o próprio rosto, se melando inteira de baba.

— Tá tudo bem? — olhei preocupada para a família Rodge que estava toda de pijama na cozinha com expressões de quem tinham sido derrubados da cama.

— A Lana não viu o Punk quando acordou e surtou achando que tinham sequestrado o cachorro — Kaike foi quem me respondeu, sentando na mesa e limpando a remela do olho — Mas pelo visto não foi ela a única que acordou estranha hoje. O que é isso, pai? Aniversário de casamento? Natal antecipado?

— Não fui eu — Koni deu de ombros e olhou pra a Dona Karla.

— Amo vocês, queridos, mas não ao ponto de sacrificar alguns minutos do meu precioso sono só pra vocês comerem melhor — ela também se sentou a mesa, tão confusa quanto o resto, então tratei logo de explicar a bagunça que eu havia feito com a melhor intenção possível.

— Fui eu! — chamei a atenção de todos — Acordei muito cedo, então decidi ser prestativa. Eu sei que às vezes acordamos todos atrasados, então quis adiantar algumas coisas pra comermos com calma. — apontei pra mesa e virei em direção da Lana para explicar a parte do rapto — Também levei o Punk pra passear, eu sei que ele faz as necessidades na grama lá fora, mas o dia está tão bonito que eu pensei em levar ele pra tomar um ar fresco na orla.

— Agora tá explicado — Kaike levantou, em meio à uma careta, uma das panquecas que eu havia feito e que estava com o fundo preto por ter queimado.

— Mel — Lana deixou o cachorro babão no chão, que correu para tomar água — Tem certeza que você tá bem? — ela pôs a mão na minha testa pra medir a temperatura do meu corpo — Quer dizer, não me leve a mal, mas cozinhar e ir à praia? Você odeia as duas coisas.

— Eu só queria fazer algo legal — empurrei a sua mão, me sentindo idiota de repente por fazer tanto esforço pra algo que claramente não alegrou ninguém.

— Querida — Dona Karla se levantou, vindo em minha direção e colocando o braço ao redor do meu corpo — O que a Kailana quis dizer, na verdade, é que amamos que tenha se empenhado em manter a cabeça ocupada e que tenha se reerguido depois do episódio de ontem, mas não precisa fazer nada por nós, entende? Não precisa nos recompensar por ajudar você. É da família agora, e nós nos apoiamos sempre.

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