24 | Autoescola em um minuto

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   Não tive tempo para raciocinar a estranha intimidade que estava tendo com o Kaike ao ter as nossas mãos entrelaçadas daquela maneira, pois logo nos soltamos quando achamos uma caixa térmica cheia de cerveja

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Não tive tempo para raciocinar a estranha intimidade que estava tendo com o Kaike ao ter as nossas mãos entrelaçadas daquela maneira, pois logo nos soltamos quando achamos uma caixa térmica cheia de cerveja. A caixa estava no limite da área da festa, perto da beira do mar, o que nos deixava afastados de todo o barulho.

— Aquele é o Bobby? — perguntei com os olhos semicerrados quando vi o garoto de traços indígenas sair de dentro de uma cabine de salva-vidas, a poucos metros da gente, seguido por um menino que tinha roupas tão abarrotadas quanto as dele.

— É um safado mesmo — Kaike riu e balançou a cabeça negativamente com as mãos apoiadas na cintura.

— Eu pensei que...— me perdi na minha própria confusão.

— Que...? — Kaike me encorajou a falar, demonstrando estar curioso.

— Que ele gostasse de meninas — sussurrei como se aquilo fosse um tipo de segredo.

Kai sorriu.

— E gosta.

— Mas ele não acabou de ter relações com um menino? — perguntei, tentando não soar indiscreta.

Afinal, não era da minha conta com quem o Bob se relacionava.

— Sim, mas isso não o impede de também ter relações com meninas — Kaike me respondeu e logo tratou de explicar: — O Bobby se diz ser um espírito livre, evoluído. Por isso ele não decide com quem fica por gênero, mas por quem são. Se ele gosta, ele beija.

— Simples assim? — eu perguntei surpresa.

— Simples assim — ele concordou.

— Legal — eu comentei verdadeira e o Kaike sorriu, se abaixando para pegar as latas de cervejas geladas.

— O gelo derreteu, então isso é tudo o que temos — ele me entregou uma das latas.

— Valeu — eu agradeci informalmente, de tanto ouvir eles falarem daquele jeito, enquanto apoiava a lata em cima da minha mão machucada.

Me escorei no tronco de madeira que estava enterrado no chão e que sustentava as duas cordas que cercavam - e delimitavam - o local.

— Amélia — Kaike me chamou depois de um tempo quieto, me fazendo levantar os olhos para encará-lo.

— O quê?

— Obrigado — ele disse e eu uni minhas sobrancelhas, então ele continuou: — Por ter cuidado da Lana quando ela precisou.

De Sol a SolOnde histórias criam vida. Descubra agora