Capítulo 11

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"Caro Charlie Bucket,

Creio que não fomos apresentados anteriormente, assim como creio que o senhor William Wonka não deve ter lhe falado muito sobre mim, então irei me apresentar.

Me chamo Arthur Slugworth e..."

A carta chegou a fábrica Wonka em um dia chuvoso, quando Charlie estava na escola. Assim que um dos Umpa Lumpas entregou o maço de envelopes para Willy, ele prontamente enxergou os resquícios de Arthur em meio a tantos outros e abriu o envelope de seu inimigo sem notar à quem estava endereçado.

 A carta nunca chegou ao conhecimento de nenhum Bucket, pois fora beijada pelas línguas de fogo do incinerador minutos depois de ser entregue.

 

Conquista

Charlie engoliu suas palavras pela terceira vez. Sua falta de coragem nascia do olhar penetrante que Arthur Slugworth lhe dava, a sensação de ser devorado e odiado por um cara que era capaz de fazer qualquer coisa sem pensar nas taxas que a vida e a sociedade cobrariam era bem assustador. O fogo que mantinha o receio aceso e lhe alertava para ter cuidado com as palavras que usaria nos próximos minutos.

- O que você está fazendo aqui?!

Willy não só estava rendido e imobilizado no chão, com a mão nua e machucada, como conseguia gritar com o herdeiro que, antes em segurança, se colocara em risco. 

- É muito bom que o senhor tenha resolvido participar de nosso encontro, herdeiro. -Slugworth soltou.

- Desculpe o atraso. - Charlie disse. 

- Podemos desculpar, claro, desde que nos conte onde estava. 

O herdeiro sabia que a pergunta viria e já tinha pensado em várias respostas, mas quando verdadeiramente a escutou, somado com a situação em que estavam, a resposta que saiu por seus lábios fora totalmente diferente do que havia ensaiado.

- Por aí. 

- Esta fábrica não é mais de seu... - Slugworth pensou em qual termo usar - Amigo. - A palavra escapou como o sibilar de uma cobra peçonhenta.

- Mas ainda é minha.

De certo, Arthur Slugworth pensou, Charlie Bucket não tinha noção do que estava falando e não tinha medo de brincar com o perigo, contudo, seu ágil cérebro logo notou que o herdeiro não estaria colocando tanta coisa em risco se não tivesse uma base para se manter tão firme no que estava falando. 

- Por gentileza, caro Bucket, me explique seu ponto de vista, pois me parece equivocado. 

- Afinal, o senhor assinou um contrato, não é verdade? - Charlie concluiu. 

- Exatamente. - Confirmou Arthur. Sua fala assoviando ao final. 

- O contrato que Willy assinou é válido, pelo que eu entendo, da venda da Wonka's Candy Company que pertence a ele. 

Arthur confirmou com a cabeça. A mente captando todas as possibilidades, interligando pontas soltas e chegando no mesmo resultado que Charlie Bucket falaria em seguida. O que fizera Slugworth crescer fora, sem dúvidas alguma, sua mente ágil e analítica. Ele sabia os resultados pouco antes deles acontecerem e conseguia prever os perigos inevitáveis. 

- Obviamente o senhor deve saber que sou o herdeiro legal de Willy e, também, sócio. 

- Minoritário. - Sussurrou Arthur. 

- Em igual escala. - Pontuou o mais novo da sala. 

Arthur não havia, antes, imaginado que Willy Wonka um dia teria capacidade de entregar metade de sua criação para alguém. Era uma pessoa que teria tanto poder de discordar de Willy, quanto de criar algo que ele nunca aceitaria. Uma pessoa que poderia fazer as mesmas coisas sem barreiras. 

Charlie sumiuOnde histórias criam vida. Descubra agora