Capítulo 10

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- Não temos como vencer Slugworth, herdeiro. - Disse o curandeiro Umpa Lumpa. - Não podemos ser vistos. 

- Eu sei disso. 

Dóris estava encolhida e a ronda dos Umpa Lumpas estava passando pela troca dos vigias. Os pequeninos estavam mais movimentados e claramente abatidos por uma tristeza que não era sua característica primordial. Eles não cantavam há horas, não riam e não dançavam, estavam tão quietos e seus ombros tão encolhidos, que ninguém imaginaria que estas criaturinhas foram as mesmas criadoras das músicas e danças que apresentaram anos antes, quando cinco crianças sortudas – ou persistentes – puderam visitar a fábrica Wonka.

- E é por isto que vão me ajudar sem se exporem. - Os olhos de Charlie brilhavam com a euforia de suas ideias. - Mas temos que fazer isso rapidamente, pois eles já devem saber que eu não estou na enfermaria. 

W.W.

Caro senhor Wonka.

Fico feliz que tenha retornado à ativa. Guardarei seus concelhos como um tesouro que só o usarei quando for o dono da Wonka's Candy Company. 

Se pude vencer-te uma vez, a segunda não deverá tardar. 

A. Slugworth.

W.W.

Prodnose estava bem quieto e pálido, enquanto Fickelgruber carregava o prazer de dar uma má notícia. Haviam rodado toda a fábrica através das câmeras, pelo menos todos os ambientes em que se tinha vigilância. Nenhum rastro do herdeiro fora identificado e como os dois não eram grandes conhecedores da computação, resolveram não perder mais tempo buscando gravações. 

- Repita. - Disse Arthur a Fickelgruber. 

- O herdeiro não está em lugar algum. 

Os olhos de Arthur Slugworth, tão velhos e maldosos, não reagiram quando o cérebro ruminou a informação recebida, assim como o trio não forjou som algum antes do novo proprietário da fábrica permitir que isto acontecesse. 

Slughworth abriu um leque de pensamentos e os analisou friamente. Seus dois capangas tinham ido à ala hospitalar e não viram o herdeiro, depois, conhecendo Fickelgruber como conhecia, podia traçar os caminhos feitos pelo capanga. Sabia que ele tinha ido à ala de segurança e caçado o herdeiro por todas as câmeras para ter certeza de que não passariam trabalho a mais para Arthur. 

- Willy. - Chamou Arthur com os olhos cravados em seu capanga mais alto. - Você vai me mostrar por onde seu herdeiro escapou ou eu precisarei tomar as rédeas?

W.W.

O elevador de vidro apitou quando atingiu a altura necessária para que Charlie desembarcasse. Dóris o estava acompanhando e roía a unha de seu polegar. Na vã tentativa de livrar-se do medo que lhe corria.

- Não se preocupe comigo, Dóris. Mas preciso que me entreguem a receita hoje à noite. 

Apesar de estar confiante, Charlie não tinha tanta certeza de que seu plano daria certo. Pequenos, os Umpa Lumpas poderiam caminhar pelos dutos de ar com facilidade, mas não era certeza de todos os lugares que poderiam prender Charlie e muito menos certo de que todas as alas seriam mapeadas pelos dutos. Outro receio que o herdeiro carregava era de os dutos fazerem muito barulho e algum dos invasores detectarem as criaturinhas, assim como tinha muito receio de passar pela entrada secreta daquela ala e dar de cara com um dos algozes.

Charlie sumiuOnde histórias criam vida. Descubra agora