Capítulo 15

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Charlie Bucket conhecia a fábrica Wonka de um jeito que seus colegas não faziam ideia. Ele tentara contar como ela era por dentro, mas o que diabos um garoto esfomeado poderia saber sobre a maior fábrica de chocolates do mundo? Exatamente, nada.

Aos poucos, mesmo um garoto de coração tão bom e tão recheado de esperança, o garoto desistiu de conversar com seus colegas e todas as histórias que seu avô tinha contado sobre a fábrica, ficaram na memoria dele e nos jantares de família.

O dinheiro de sua família começava a ficar cada vez mais ralo, assim como as refeições. O menino começava a falar e brincar cada vez menos, poupando energias. E mesmo sob a neve de inverno, Charlie saía da escola, parava em frente à fábrica Wonka, imaginava tudo o que seu avô havia lhe contado e seguia para realizar algum trabalho que lhe renderia algumas moedas.

A vida de Charlie Bucket tinha tudo para ser triste, mas é justamente quem vive este tipo de vida, que passa a enxergar as verdadeiras coisas boas da vida.

Charlie nunca deixou de usar a imaginação e a esperança.


Dono


Como máquinas, os dois competidores deram um passo para trás assim que a buzina soou. Slugworth cruzou os braços atrás de seu corpo enquanto Charlie enfiou as mãos nos bolsos da calça. A adrenalina estava passando e o frio começava a entrar pelo corpo do pupilo que, mesmo depois de anos morando em meio aos doces, não havia engordado nada.

- Bem, senhoras e senhores, a buzina tocou. Está na hora da decisão.

Cada um dos que estavam dentro da fábrica viraram para a plateia que gritava alucinadamente para serem escolhidos. Era, claro, um ato compreensível. Quem não gostaria de experimentar os resultados daquela competição e ao mesmo tempo pisar no gramado, congelado, da maior fábrica do mundo?

Veruca Salt coçou o queixo.

- Eu disse que você não ia acreditar, Veruquinha.

A sala de seu escritório ficava no topo do prédio mais alto da rua. Sob ela, diversas pessoas trabalhavam em novos modelos de roupas, campanhas e ações sociais, mas naquela sala bem iluminada minimalista, tudo era silencioso e pacifico.

Sobre a mesa, a xícara de chá que Veruca tomada matinalmente estava esfriando e o notebook aberto mostrava o rosto sorridente de Violet Beauregarde, sua antiga rival para ganhar a fábrica Wonka.

- Estou indignada.

Pela televisão colada à parede, o noticiário cobria a competição que estava ocorrendo.

- O que você acha que gerou isto tudo, Veruca?

Violet tinha acordado cedo naquela manhã. Sonhara que fábrica Wonka fora demolida e estranhou ter tido aquele sonho anos depois de não pensar em como era aquele lugar por dentro. A primeira coisa que Violet sempre fazia ao acordar era ligar a televisão e, enquanto escutava o noticiário, colocava as redes sociais em dia. Mas, a primeira coisa que ela fez após ligar a televisão, foi uma vídeo chamada para uma velha amiga.

- Algo ruim, Violet. – Veruca tomou um gole do chá frio. – É só olhar para Charlie.

A recordista olhou para a televisão por um tempo.

- Não vejo nada de diferente.

- Ele está mais magro e tem olheiras. Ele não tinha olheiras nem quando passava fome, amiga.

Charlie sumiuOnde histórias criam vida. Descubra agora