Capítulo 12

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- Diga-me, herdeiro, qual competição?

- Um doce. – Disse Charlie. – Faremos um doce.

Arthur Slugworth quase deixou seus pensamentos escaparem por sua boca, mas os prendeu entre os dentes.

- Um doce. – Repetiu ele. – Faremos um doce.

- Faremos uma competição nos portões da fábrica. – Disse Charlie. – Teremos o tempo de uma hora e meia para preparar uma receita sob os olhos da cidade e depois, cinco jurados provarão dos doces e dirão qual é o melhor.

O herdeiro estava com medo de deixar seu nervosismo a solta. Medo de que estivesse engasgando com as palavras, que Arthur não aceitasse o desafio.

Arthur pensou.

- Sem ajuda. Sem receita. – Disse ele.

Charlie engoliu em seco.

- Com receita.

- Sem. – Afirmou o vilão. – E só usaremos ingredientes que estão na fábrica.

- Certo. – O coração de Charlie iria explodir em qualquer segundo.

Havia dado certo. Pensou Charlie. Tinha conseguido colocar seu único plano em ação.


W.W.


O quarto do herdeiro permanecia trancado e ninguém sabia onde estavam as chaves daquele cômodo, logo, Arthur deixou o herdeiro trancafiado na sala das vassouras. Com a competição marcada de supetão e com o anuncio para ser feito em minutos, dando tempo de a mídia ficar ciente, Arthur nem mesmo percebeu que quase todas as vassouras tinham cabos pequenos.

- Quero ter certeza de que você não está tramando algo, Bucket. - Arthur disse após fechar a porta da saleta. - Nos vemos amanhã, na hora da competição.

- Como escolherei meus ingredientes? - O herdeiro gritou contra a porta.

- Te daremos alguns minutos para escolher, meu caro rival.

Era uma armadilha, percebeu o herdeiro, mas não tinha muito que fazer naquele momento além de esperar. Charlie, então, olhou em volta de seu cárcere, das vezes que tinha estado lá, não reparou em como a saleta fora feita. A parede oposta à porta tinha uma janelinha que mal deixava a luz passar. Não havia ventilação além daquele buraco na parede. Esperançoso, Charlie escolheu acreditar que Dóris conseguiria acha-lo.

E a pequenina realmente era esforçada, palavra que era muito boa para descrever os Umpa Lumpas. Em três horas eles acharam a receita perfeita, com o toque especial perfeito. Precisaram de mais uma hora para transformar o ingrediente especial em algo controlável e seguro.

Falando na língua natal, Dóris dividiu alguns Umpa Lumpas em duplas e assim eles começaram a caçada ao herdeiro. Aos que ficaram nas profundezas da fábrica, restou esperar ansiosos e, com uma pontada de esperança, criar a canção da vitória.

Enquanto o grupo de Umpa Lumpas saía da proteção que o subsolo da fábrica ofertava, Dóris pensava em todos os problemas que poderiam aparecer pelo caminho. As criaturinhas conheciam todos os cantos secretos daquela fábrica, haviam, até mesmo, corredores que somente um Umpa Lumpa passava, entretanto, qualquer barulho poderia denuncia-los e isto seria o fim para todos.

Dois Umpa Lumpas esticaram as mãos direitas pedindo para que o grupo parasse. Eles escalaram a parede usando cordas de apoio que conseguiram colocar enquanto os demais buscavam uma receita perfeita. Andaram sobre o duto de ar e o barulho feito era altíssimo lá dentro, mas relativamente a abafado do lado de fora.

Charlie sumiuOnde histórias criam vida. Descubra agora