08 - Eu prefiro assim...

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Point Of Views Dylan O'Connor

Bridgewater, Estados Unidos

São quase 6 mil quilômetros que me separam dela, me separam de abraçar o seu corpo e falar o quanto eu sou idiota por deixar ela ir para tão longe... E agora eu tenho que aguentar ver ela se esvaindo de minhas mãos como areia, e eu não consigo segurar ela.

Eu tentei, juro que tentei... Eu quis ver se ela realmente gostava de mim, mas a cada vez que eu via aquele garoto, cada dia mais perto dela, eu via que ela não me queria como, nada a mais, que um amigo. Aquele que iria ter que ficar ao lado dos padrinhos no casamento, talvez nem isso... Se o tempo continuar tirando a minha pequena de mim.

Cada sorriso, risada e palavra que ela trocava com outro me machucava, por saber que não poderia estar lá e proteger ela, queria protegê-la do sol, da chuva, do vento, dos idiotas que querem magoar ela. Ela é só minha bebê, a menina que eu cresci ao lado, que eu consigo ver a evolução de seus pensamentos e de seu corpo, que cada vez mais parecia se encaixar no meu, mesmo sem eu perceber.

Agora estou aqui, olhando para a merda do celular, sem saber o que fazer, sem nem ter noção se devo, ou não, ligar e me desculpar... Eu estava louco, aquela mesma menina que me apresentava o céu quando estava em meus braços, me leva ao inferno quando não consigo isso, quando não me escuta no momento em que eu digo o quão idiota é o menino que está ao lado dela.

E aquele estalo, aquele bendito estalo que tenho certeza que foi nos lábios da minha menina, ele beijou a minha garota, que somente eu devo beijar. E se ele tocar o corpo dela? Se ele se tornar o primeiro dela? E se ela se apaixonar por ele? Justo por ele! Não... Eu não posso deixar isso acontecer.

Eu só conseguia pensar em como tirar a minha menina de lá, mostrar para ela que eu era a pessoa mais importante da sua vida, não somente mais um amiguinho. Eu era a pessoa que ela iria compartilhar a vida, pois eu conheço ela. Conheço cada parte de seu rosto, sei o significado de cada sorriso, sei o quando ela está com ciúmes ou triste, sei até mesmo qual a forma que ela prefere dormir... Eu conheço ela, eu conheço seu jeito manhoso e mandão, sei que ela ama ser mimada e de dormir com cafuné na nuca, sei que ela se arrepia quando meus dedos passam suavemente pelas suas costas e que ela adora puxar meus cachos quando está feliz.

Eu sei que ela faz o bico mais fofo do mundo quando recebe o que queria comer, sei o sabor do sorvete favorito dela e a forma que ela prefere o café com leite, sei que ela prefere acordar com uma música lenta, do que com uma batida muito forte. Sei que quando está doente ela quer ficar agarrada em um abraço com qualquer coisa. Conheço o filme que a faz chorar todas as vezes que ela assiste, mesmo que ela não admita e também sei que sua pipoca favorita é com bastante leite condensado.

Sei que quando ela está de TPM chora por qualquer coisa e só para depois que tem um barra de chocolate em suas mão, sei que ela gosta de massagem na barriga quando está com cólica e de dormir com os mesmos carinhos que lhe deixam arrepiadas. E como ela fica dengosa, querendo meus abraços e meus beijos por todo seu rosto para abrir o sorriso que sempre me fez ganhar um dia inteiro.

Lembro de cada momento dela, cada primeira vez que eu estive com ela... Quando ela teve que usar sutiã a primeira vez, a hora que ela virou mocinha depois de uma semana me perturbando e querendo minha atenção. Lembro de quando ela se interessou, pela primeira vez, por um menino da nossa turma, mas depois ficou chorando por ele puxar suas trancinhas e eu tive que defender ela.

Eu estive lá, ao lado dela, conhecendo cada mudança e acompanhando a linda mulher que ela vai se tornar, ela realizando os sonhos e desistindo de outros por mudar de gosto. Acompanhei sua fase rebelde, sua fase calma e suas palavras românticas, quando acreditava que a vida era um conto de fadas. Como eu queria que fosse.

Estrela CadenteOnde histórias criam vida. Descubra agora