Capítulo 3 - a

82 6 0
                                    


Annie

Algum tempo depois, no final do dia para ser mais exata. Eu estava entretida com alguns papéis em minha sala colocando todo meu trabalho em ordem e meu telefone toca e desta vez vejo o nome na chamada "Thiago". Dou um sorrisinho e atendo o celular:

- Olá forasteiro! Estava esperando por esta ligação no meio da manhã, não agora às... Caramba, já são quase seis. – uma voz sorridente do outro lado da linha me respondeu logo em seguida.

- Nesse momento ainda estou no aeroporto, já está com saudades de mim?

- Com toda certeza deste mundo!

- Assim não vou precisar insistir muito pra que você jante comigo hoje à noite.

- Hoje? Mas como, você não está no Rio? – pergunto assustada com o convite. Não assustada "pelo" convite e sim, porque ele havia saído de casa comigo naquela manhã e indo para o Rio de Janeiro, apresentar uma proposta a uma seguradora do qual havia contratado o Thiago para representa-la. Mas não pude conter o meu riso também ao ouvir a gostosa gargalhada dele do outro lado.

- Tomei um bolo. Fiquei esperando por toda a manhã, então remarcaram. Por isso estou de volta. – ele disse ainda contendo o riso. - Não vou precisar te subornar para conseguir um jantar, não é mesmo?

- Quando você precisou usar de suborno para conseguir um jantar comigo? – disse em meio a muito riso. – Como poderia dispensar uma boca livre, sabe muito bem que amo uma boca livre.

- Estou em choque! Eu realmente pensei que você gostava da minha companhia. – Ele disse num tom sério.

- Com certeza é a sua companhia. - fiquei um pouco apreensiva, pelo tom sério dele e a demora em me responder, mas alguns segundos depois ele responde.

- Te pego às oito. E escolheremos onde jantar.

- Você é uma pessoa muito amável, talvez por isso eu o ame tanto. – continuei brincando, mas ele não respondeu a brincadeira. Pensei que poderia ser o estresse da viagem.

- Te vejo daqui a pouco então. Te amo! – me despedi, já que ele não respondeu a brincadeira.

- Até daqui a pouco! – e desligou rapidamente.

*************

Chego em casa, jogo minha bolsa numa poltrona, me jogo em outra e dali mesmo grito, tirando meus sapatos e jogando no canto da poltrona:

- Iaiá, cheguei! – Iara apareceu na sala vestida em seu roupão rosa, uma pantufa em seus pés e uma toalha enrolada em sua cabeça.

- Humm... Estou vendo que não sou a única a ter um encontro hoje. – Ela torceu a boca em um meio sorriso sarcástico e me respondeu:

- Dia de mulherzinha!

- Dia de mulherzinha? Acho que na verdade você tem um encontro e esqueceu-se de contar pra amiga aqui. – disse a ela, totalmente deitada no sofá, levantando apenas uma sobrancelha.

- Não "amiga". Hoje estou tendo um dia de mulherzinha. E você sabe que, "eu" e "encontro" na mesma frase, pra mim não tá funcionando ultimamente. – Ela senta sobre uma de suas pernas ao meu lado no sofá e retira um vidrinho de acetona e uma bolinha de algodão.

- Iaiá, pra você se dar ao trabalho de se produzir desse jeito, trocar esmaltes, depilação e massagem em seus cabelos? Com certeza tem homem na jogada. – termino de falar e me levanto do sofá, antes que ela consiga me bater com uma escova, mas não o tempo suficiente e sinto algo gelado em meu braço e o cheiro de acetona no lugar onde fui atingida.

- Não estou com tempo para pensar em homem, o meu trabalho na agência está sufocante e não tenho tempo nem de respirar.

- Humm, quem não te conheça, que te compre dona Iaiá.

E continuei andando e rindo para meu quarto, deixando ela na sala com o seu dia de mulherzinha. Mas ela grita da sala:

- E você vai sair? Não queria ficar em casa sozinha...

- Sim, o Thiago me ligou. Ele passará as oito para me buscar. – falava com ela enquanto tirava minhas roupas e jogava no cesto de roupas.

- Mas ele não estava viajando?

- Sim, mas levou um bolo e vai me levar para jantar. Não entrei em maiores detalhes. – Falava com ela do quarto num tom um pouco mais alto que o normal, para ela me ouvir.

Me joguei na cama e fiquei olhando para o teto por um momento. Fechei meus olhos e meus pensamentos voltaram para o dia de hoje. E num tom ainda alto disse:

- Consegui falar com o Dr. Hoje! - terminei de falar e senti outra vez a sensação gelada da acetona em meu braço e o furacão Iaiá entrando em meu quarto e se jogando ao meu lado.

- Está falando sério? Então ele realmente existe? – ela perguntou um tanto incrédula.

- Sim ele existe. No começo foi grosseiro e rude, mas depois, voltou atrás e admitiu ter culpa, por não atender aos meus recados e telefonemas. Ele simplesmente disse ter "esquecido".

- Esquecido? Ele tem noção do trabalho que dá programar toda essa viagem?

- Não sei se ele realmente se importa com essa viagem. Não demostrou ser tão importante.

- Se ele te visse nesse exato momento, tenho certeza que ele daria muito mais valor a essa viagem. – abri meus olhos e vejo Iaiá me olhando da cabeça aos pés e dando de ombros. E foi então que me dei conta de que estava deitada apenas de sutiã e calcinha em minha cama.

- Não acredito que ele se importaria se me visse assim. – disse me levantando e buscando uma toalha em meu armário. Enquanto Iaiá ria de minhas palavras. – Talvez se fosse você a pessoa que ele visse em meus trajes. - ela era dona de um corpo de fazer inveja, cabelos loiros compridos e encaracolados e olhos azuis acinzentados, digna de modelo de tv. Iara chamava a atenção de todos que passavam.

Joguei de lado o estremecimento que senti ao pensar no Dr. Moura me olhando apenas com peças intimas. Mas Iaiá continuou a falar:

- Se o Dr. Gostar de sua beleza, do seu charme e para completar da sua inteligência, ele ficará chateado pelo modo como te tratou. – Iaiá se levantou de minha cama assoprando os esmaltes em suas unhas para secá-las – Gostaria de ser uma mosquinha e saber o que ele está pensando nesse exato momento.

Na verdade, eu também! – pensei e saí do quarto para tomar meu banho.

Inesperada Paixão - (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora