Capítulo 10

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Maurício

Fiquei muito feliz, com a chamada que recebi hoje à tarde. Empolgação seria a palavra certa. Lia minha secretária, havia passado o meu número para ele e fiquei feliz em ouvir a voz do outro lado da linha.

- Doutor Maurício Moura?

- Sim, quem fala? - a voz era muito familiar.

- Aposto o que quiser no mundo, que não sabe quem está falando, meu camarada. - procurei em minhas memórias, recentes e antigas, depois de algum tempo e pelo "meu camarada", reconheci aquela voz.

- Não pode ser, caramba! Hudson, Hudson Silveira?

- Você tem uma memória e tanto, meu camarada!

- Na verdade, o "meu camarada", ajudou e muito! Como você está cara? Você sumiu, há quanto tempo, 17 anos?

- Mais ou menos isso, depois que saí da marinha, me mudei de São Paulo. E na semana passada, fui à livraria para comprar o livro "Tentei fugir, Mas era você!" um lançamento da escritora Uiara Barzzotto, que é amiga de minha esposa Sara. E vi um banner com sua foto, dizendo que estaria aqui no estado, então entrei em contato com sua secretária e pedi seu número. Espero que não fique bravo com ela.

- Como ficaria bravo com ela? Ficarei aqui em Vitória até amanhã, porque não aparece no hotel hoje à noite?

- Será uma boa. Falo muito de você para Sara e ela está louca para lhe conhecer.

- Então, pode ser hoje às sete. Peço algo para comermos, que tal?

- Ok, eu levo o vinho.

- Está marcado então. Quando chegar ao hotel, pede para me avisar, para liberar a entrada de vocês.

- Combinado, meu camarada! Até as sete.

- Até mais!

Enviei o nome do hotel onde estávamos hospedados e chegando ao hotel, a Annie estava completamente estranha e foi para o quarto sem falar direito comigo. Eu disse a ela que não iria jantar no restaurante do hotel e ela nem deu muita atenção. Eu queria chamá-la para conhecer o Hudson. Porém, resolvi não misturar as coisas.

Tomei um banho e assim que coloquei minhas roupas, o telefone do quarto tocou, perguntando se poderia liberar a entrada de Hudson e sua esposa Sara.

Em anexo ao quarto, havia uma pequena varanda com uma mesinha e quatro cadeiras. Eles trouxeram uma garrafa de vinho e pedi pizza.

Hudson não havia mudado quase nada, com a mesma idade que a minha e tão alto como eu me lembrava,bem mais do que eu. Seus grandes olhos negros e cavanhaque e sua fala continuava firme. E assim que entrou me deu um grande abraço de urso e depois me apresentou à sua esposa Sara. Uma mulher tão grande quanto ele, de olhos cor de caramelo e de pele negra assim como ele. Ela usava um vestido vermelho e com cabelos compridos, escuros e cacheados. Um casal lindo!

Fiquei feliz por ele ter conhecido alguém que o fizesse feliz, a cara dele transparecia e era nítida a felicidade deles. E por um momento, senti a falta de Annie. Então, pedi licença aos dois e tentei falar com ela, que se dane o trabalho x vida pessoal, liguei para seu celular, para o telefone do quarto, mas ela não atendeu. Fui até seu quarto e bati na porta, mas ela não me atendeu. Poderia estar ocupada e resolvi não insistir.

Depois de muita conversa, Hudson me contou que fez faculdade de direito, onde conheceu a Sara. Os dois tem um escritório de advocacia no centro de Vitória e lidam com causa cível. Eles não tinham filhos ainda, mas disseram estar ensaiando. Fiquei feliz pela vida do meu amigo e não pude deixar de me lembrar de Carlos. Hudson não tocou no assunto e percebi que ainda era ferida aberta para ele. Não o criticaria, pois muitos anos de minha vida me senti como ele.

Inesperada Paixão - (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora