Capítulo 8

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Maurício

Chegamos ao hotel em Vitória e a vista da orla, também era tão linda como no Rio de Janeiro. Nele havia uma piscina enorme e o hotel ficava quase todo, envolto de água. E nossos quartos eram lado a lado novamente, porém eram no térreo. O quarto era bem parecido com o do Rio, na verdade, quase todos os quartos de hotel eram quase iguais. Mas nesse, tinha tv e um frigobar.

Depois de um bom banho, desmoronei na cama e segurei minha mão, lembrado de Annie apertando-a no avião. Ela demonstra ser tão forte, mas no fundo ela precisa de cuidados. Senti uma vontade enorme de abraçá-la, de cuidar dela, ela só precisava deixar.

E dizer que ela mexia comigo era fato!

Lembrei-me do livro dela em minha bolsa, então peguei-o e sentado na mesa da varanda pensei no que escreveria para ela, abri o livro na primeira página e comecei a escrever:

Annie,

"Gosto daquilo que me desafia.

O fácil nunca me interessou.

Já o obviamente impossível,

Sempre me atrai."

******

"Por isso, eu te peço:

Me provoque, me beija a boca.

Me desafie. Me tire do sério.

Me tire do tédio.

Vire meu mundo do avesso!"

(Clarice Lispector)

Maurício Moura

Parado na frente de seu quarto, e desta vez batendo na porta, esperei que ela a abrisse. A porta se abriu e foi a melhor visão que tive; ela estava de camisola preta e transparente da cintura para baixo.

Meus olhos correram de seus olhos até sua coxa nua e ela pareceu não se importar com isso. "O que estava acontecendo com ela? Onde estava a Annie do telefone quando retornei o seu contato? Bem, na verdade, não importa! Eu prefiro esta!"

- Aconteceu alguma coisa? - ela me pergunta toda alarmada.

- Não. Nada. - tentei prestar a atenção em seu rosto. - Vim lhe entregar o livro.

Ela olhou para minha mão estendida e pegou o livro e abriu na primeira página. Seus lábios se comprimiram e pude sentir um pequeno levantar no canto de sua boca, formando uma breve covinha que eu não havia prestado a atenção que existia. Mas foi o sorriso que ela deu em seguida, que me deixou feliz.

- Gostou? - ela apertou o livro contra seu peito e me olhou nos olhos, ainda com o sorriso em seus lábios.

- Muito!

Desviei meu olhar para dentro do quarto e notei em cima da mesa de apoio, vários papéis jogados e uma taça de vinho pela metade com uma garrafa no canto, a tv ligada em um canal de filme, com o volume baixo. E acho que ela notou meu olhar explorador.

- Quer tomar uma taça de vinho comigo, antes de se deitar? Amanhã o dia será longo. Pegue uma taça, vai ajudar a relaxar.

"Meu Deus, quem é essa farsa? E onde deixaram a Annie que conheci?"

Esta a minha frente, estava tão certa de si e confiante. Sem muitos bloqueios, apenas a mulher que ela era. E que mulher!

Entrei em seu quarto, pegando uma taça de cima do frigobar e depois de despejar um pouco do vinho dentro dela, me sentei na cadeira de frente para cama, onde ela estava recostada, com vários papéis ao seu lado.

Conversamos sobre o trabalho dela e sobre o meu, sua família e seus amigos, eu, porém, não entrei em muitos detalhes sobre minha família e amigos. E no fim da garrafa, me levantei e encaminhei até a porta. Só não esperava que ela me acompanhasse.

Descalça sobre o chão acarpetado, suas pernas à mostra e o tecido fino mostrando as curvas, quase detalhadamente. A parte de cima da camisola, contornando toda a volta de seus seios e uma pequena alça, que saia do colo e subia em direção ao seu pescoço, descendo por suas costas. Tudo isso, fez meu corpo reagir e criar vida novamente. Claro, que o vinho também teve sua parcela de culpa, mas, meu corpo reagiu a ela.

Fiquei parado na porta do quarto admirando-a, e ela pareceu gostar. Então, se inclinou, ficou na ponta dos pés e me deu um beijo no rosto. E fiquei estático.

- Descanse! E não perca a hora. - seu rosto estava bem próximo ao meu e assim, pude ver o rubor nele e seus olhos brilhantes fintando os meus.

E vamos falar a verdade, eu não sou feito de ferro!

Meu coração pulsava em meu peito. Então, estiquei meu braço até seu rosto e acariciei a sua pele macia com meus dedos, olhando dentro de seus olhos azuis. Esperando a resposta negativa dela, que não veio.

Puxei-a com o outro braço e segurei-a pela sua cintura, encaixando-a em meu corpo e beijei seus lábios. Um beijo casto e simples, lábios com lábios. E ela não se afastou, pelo contrário, acariciou meu rosto com sua mão, me incentivando a continuar. "essa mulher vai me levar à perdição total."

Sua mão afagou meu cabelo, em minha nuca, fazendo uma leve pressão contra a sua boca. Nossos corpos juntos, encaixando em todos os lugares certos. Subi minha mão que estava em sua cintura até seu rosto, e com as duas, afastei o seu rosto e olhei direto em seus olhos.

E esse foi o único erro que cometi!

Ela se afastou, deu um passo para trás com a cabeça baixa e com uma mão em sua boca.

- Perdoe-me. Isso foi um erro, um momento de fraqueza. Não se repetirá. - eu fiquei parado, olhando sua reação estranha.

- Não tem o que perdoar, na verdade... - ela me interrompeu no meio da frase.

- Tenha uma boa noite doutor Maurício!

E essa, foi à deixa para que eu fosse embora. Ela segurou a porta e continuou de cabeça baixa.

Inclinei-me em sua direção, mas voltei atrás e sai. Minha vontade era de abraçá-la e mantê-la em segurança, nem que fosse para mantê-la segura dela mesma e de seus pensamentos. Ela fechou a porta e eu fiquei parado olhado a porta fechada à minha frente. Quem a feriu desta forma?

Em meu quarto, deito na cama, imerso em meus pensamentos...

Aquela mulher que estava me fazendo quebrar todas as regras possíveis, eu a desejava, eu a queria. "Eu estava ficando louco".

Inesperada Paixão - (completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora