ELA ANDAVA despreocupadamente pela vila, olhando ao redor, passando entre aquelas pessoas que iam visitar os seus amigos ou pedir algum objeto emprestado para os vizinhos para terminar o plantio. Era possível ver as plantações ao longe, uma ao lado das outras, bem ao horizonte.
Aquela ilha era pobre, porém linda em beleza, e o coração daquelas pessoas não era diferente, bem... Da maioria. Coqueiros grandes podiam ser vistos próximos das várias casinhas de madeira, onde habitavam grandes famílias com muito amor e pouco dinheiro.
Enquanto andava entre a multidão Arabella se deparava com crianças brincando na terra em frente suas casas, outras correndo e já algumas meninas faziam bonequinhas com sabugos de milho. Ela sorri, lembrava-se de quando fazia o mesmo, de quando era ela correndo com Jay e brincando de areia.
Jay.
Como ela queria que ele não precisasse ir, mas era verdade, ele precisava ir. O seu Corvo bateria as asas, voaria para longe dela e a deixaria sozinha naquela ilha cheia daquelas malditas crianças que só a fazia se lembrar ainda mais dele!
Merda! - pensou. Aquilo não estava bom! Sempre foram os dois juntos aonde quer que fosse e agora ele iria embora, aquilo a deixava com raiva, raiva de não poder fazer nada! Nada!
Mas e se...Talvez ela e Jay pudessem dar um jeito naquilo, talvez pudessem convencer o seu pai a deixá-la ir junto e então tudo se resolveria, ela poderia arrumar um emprego e mandaria dinheiro para casa, seu pai não precisaria trabalhar tanto e se sobrasse dinheiro ela até poderia comprar brinquedos para algumas crianças da ilha!
Estava decidido, ela falaria com Jay e resolveria aquilo, certamente que ele compreenderia.Ela apressou o passo por entre as pessoas empurrando e pedindo desculpas, precisava chegar a casa de Jay, mas o maldito morava quase do outro lado do mundo!
A ilha era grande, mas não grande demais, em três dias de caminhada sem parar para beber água, comer ou dormir você chegaria a sua extremidade. E naquele momento parecia que Jay morava não na extremidade, mas no fundo do oceano Atlântico. Ela corria cortando o caminho por um atalho, saindo da vila e chegando a uma clareira cercada por árvores altas, atravessando por entre as árvores, parou, agora ofegante.
Precisava de ar, seu peito subia e descia com força, talvez não houvesse necessidade daquela correria, mas ela sentia que precisava correr, o quanto antes, precisava chegar até ele antes que algo acontecesse.
Era um precentimento ruim, como se ele ainda escondesse algo dela, ela precisava saber antes que ele fosse, o que ele estava escondendo, além disso, precisava convencê-lo a deixá-la ir com ele e precisavam convencer o seu pai também. Definitivamente não era algo que poderia ser deixado para outra hora, principalmente quando o Corvo não havia lhe dito quando iria embora.Assim que recuperou o fôlego, saiu disparada por entre aquelas árvores, Arabella nunca fora boa navegadora, geralmente era Jay que os tirava daquelas florestas quando eram pequenos, mas hoje ela não se perderia, não havia tempo para isso. Ao chegar ao outro lado da floresta avistou a casa de Jayson e se permitiu respirar mais um pouco. Ainda ofegante bateu na porta apressadamente e então pôde ouvir o som de metal deslizando sobre metal e ela foi destrancada, ao olhar para baixo encontrou um garotinho.
Os irmãos de Jayson eram seus clones mais novos, até doía um pouco olhar para eles e lembrar do pequeno Jayson comedor de areia e banguela, quem diria que o tempo havia passado tão rápido? Mas aquela não era hora para isso!
_ Justin seu irmão está em casa? - perguntou incomodada por o garoto apenas ficar ali parado observando enquanto ela mal podia respirar.
_ Tá! - disse simplesmente enquanto coçava a cabeça cheia de cabelos pretos.
_ Pode chamá-lo por favor?
_ Ele tá dormindo, se eu for acordar ele, ele vai me fazer cheirar o sovaco dele! - disse simplesmente a fazendo rir, era bem a cara de Jay fazer algo assim com os pobres irmãos.
_ Tudo bem, eu posso entrar?
_ Não! Ele vai fazer você cheirar o sovaco dele! - disse com os olhinhos brilhando, aquilo fez seu peito apertar, ela entendia, entendia por que tanta dedicação com a família, aquele garotinho era a coisinha mais inocente e linda do mundo e ele estava a ponto de passar fome, Jay estava fazendo o certo. Ela sentia orgulho de seu Corvo!
Ela se abaixou e limpou uma mancha de areia do rosto de Justin, sorriu e ele sorriu de volta.
_ Não se preocupe Passarinho, ele não sairia vivo! - e entrou.
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Pela Honra De Frid
RomanceSer normal não é fácil quando se tem um destino traçado para você desde antes de nascer! Aqui estará a história de uma garota, de uma rainha, mas sem coroa, que nasceu para reinar, porém sem reino! Aqui, você encontrará a história de uma heroína...