_ EU NÃO consigo! - diz ela sentando-se no chão.
Fazia uma hora que Viktor estava ensinando Orabell o mesmo maldito golpe de luta. Ela definitivamente não nasceu para lutar._ Ahgh! - rosna ela deitando-se dramaticamente no chão da floresta.
Haviam partido do chalé, pois o dono já estava começando a desconfiar da suposta cega que nunca precisava de ajuda para nada. Partiram para um vilarejo mais afastado e atravessaram outra floresta para chegar lá, para felicidade de Viktor e horror de Orabell encontraram muitos esquilos pelo caminho, Orabell recusou-se a comê-los, decidiu que preferia comer qualquer planta que encontrasse pela frente a comer um esquilo, Viktor se divertiu bastante ao ver as caretas de Orabell enquanto comia folhas de uma árvore frutífera que não havia dado frutos aquele ano.
Como era de se esperar a pobre princesa ficou com uma dor de barriga e teve que ceder seu orgulho e comer os esquilos que Viktor caçava. Acabou tomando como tradição pedir perdão a pobre criatura antes da "refeição".Viktor já não arriscava mais aparecer nos vilarejos com Orabell já que era muito difícil inventar desculpas para seus olhos, que não deixassem rastros de que eram o mesmo casal dos vilarejos anteriores.
Resolveram acampar na floresta e alí mesmo iniciaram o treinamento de Orabell, afinal, se iria fazer parte de uma revolução precisava estar preparada. Porém a jovem não conseguia se manter equilibrada, era como se suas pernas não fossem feitas para chutes, apesar de o seu joelho sempre ter feito um bom trabalho.
_ Calma, não é como se fosse o fim do mundo. - disse ele rindo do drama dela, suor escorria por sua testa, já estava cansado de repetir o mesmo golpe para ela a quase uma hora. Suspirando ele se senta com força no chão coberto de grama e ervas daninhas da clareira, ao lado dela.
_ Apenas você acha isso! - resmunga a jovem deitada tapando os olhos com o braço, ele sorri de lado, como queria poder beijá-la, mas não, ainda não era hora.
_ Você precisa de paciência, para uma princesa você é muito esquentadinha, sabia? - retirando o braço do rosto ela abre um olho.
_ Eu acho que não nos apresentamos direito, eu sou Orabell, cresci em uma ilha e meu único amigo era um garoto, aliás meu pai é um líder rebelde, desculpe se não ago como uma princesa! - diz ironicamente, Viktor ergue uma sobrancelha, ela sabia ser grossa quando queria, bem... Ele não esperava por isso.
Engolindo em seco ele responde:
_ É um prazer, alteza-sem-educação! - se era para ser grosso então ele se esforçaria. Ele se levanta e segue em direção ao acampamento deixando Orabell para trás que logo o segue.
_ Ei! Para onde vai?
_ Para onde vossa alteza pensa que vou? - responde friamente. Ela ergue a sobrancelha.
_ Eu não sei, diga você magestade! - zomba ela. Ele para, fazendo-a trombar com suas costas, balançando a cabeça para ajustar os pensamentos ela observa o homem a sua frente respirar descompassadamente, estava começando a assustá-la, da última vez que havia acontecido havia uma pessoa enforcada em uma praça, mas agora não havia nada ao redor, apenas árvores e o acampamento, estava ficando preocupada com o silêncio repentino dele.
_ Viktor... - chamou atrás dele - está tudo bem?
_ O que você sabe? - foi tudo o que disse, ela não havia entendido. Então ele se vira ficando de frente para Orabell - seu pai te disse algo? - parecia sério, severo.
_ O que quer dizer? Sabe que desde que fugi de casa não me comuniquei nenhuma vez com meu pai - ele a estava deixando confusa. Então um suspiro veio de sua direção e os músculos tencionados se relaxaram, logo segurou o ossinho do nariz entre os olhos e suspirou, de novo.
_ desculpe, eu... Não pretendia ser grosso.
_ Tudo bem - franze o cenho. O que ele tinha?
_ Vamos voltar ao acampamento, hoje vamos comer esquilo cozido - diz rindo observando Orabell gemer e resmungar sobre os esquilos procurarem vingança quando estiverem dormindo._ Viktor? - Orabell chama sentada ao redor da fogueira, já havia comido seu esquilo, observava enquanto Viktor tentava manter a fogueira acesa.
_ Sim? - responde se levantando e pegando mais alguns galhos de madeira para jogar na fogueira.
_ Acha que meu pai vai ficar zangado quando descobrir que estou fazendo parte da rebelião? - ele sorri para ela, limpando as mãos em sua camisa enquanto caminha e sua direção, senta-se ao lado de Orabell.
_ Não devia se importar com isso. Afinal, não foi ele quem escondeu de você a vida inteira quem realmente era? - ele afasta uma mecha de cabelo dourada do rosto dela.
_ Eu não sei, é como se... Por mais que ele não faça mais parte da minha vida, ainda me importo com o que ele pensa.
_ Se ele ficar zangado e disser para você desistir dessa idéia, o que vai fazer? - pergunta pacientemente.
_ Eu não vou desistir só por que ele não confia em mim! - disparou.
_ Exatamente, o que quer que aconteça a escolha final permanecerá sendo sua, você quem vai dizer se faz algo ou não, você vai tomar as decisões. - ela sorri, ele parecia saber tudo, sempre com as respostas para suas perguntas. Ele afagava os cabelos dela com cuidado, seu olhar mais intenso e profundo, ela já não sabia como reagir ao frio traiçoeiro que tomou seu estômago, estava ficando zonza, mas não conseguia tirar os olhos dele.
Então devagar e involuntariamente seus corpos foram se aproximando, até que um podia sentir a respiração do outro, o calor da respiração dele na pele dela, o arrepio que tomava conta do corpo dele.
Foi então que no meio daquela noite estrelada, a luz de uma fogueira que queimava e cheirava a esquilo cozido, entre as árvores de uma floresta escura Viktor e Orabell ouviram um grito que os fez se separarem assustados. Viktor estava de pé e ajudava Orabell a se levantar, corada e completamente fora de si não sabia como reagir aquilo que acabara de acontecer, ou melhor, não acontecera.
Com pressa Viktor corre em direção a cabana feita de um lençol velho e tira de lá algumas facas enfiando-as no cinto de sua calça, apressado caminha até Orabell deixando um beijo em sua bochecha sussurra.
_ Fique aqui!
_ O-o que?! Não, claro que não! E se for algo perigoso, vai precisar de ajuda.
_ Será ainda mais perigoso se virem seus cabelos. - rebateu ele.
_ Ah, olha quem fala a cenoura humana! - ele suspira.
_ Não vamos discutir sobre isso, tem alguém precisando de ajuda e quando eu voltar eu quero você aqui para ajudar com o necessário. Talvez ela esteja ferida. - Orabell acentiu, realmente seria melhor que ficasse, não conseguia nem dar um chute quanto mais enfrentar saqueadores ou o que quer que fossem, seria mais útil alí.
Correndo para pegar os tecidos e algumas pomadas que fizera das folhas das árvores que encontrara no caminho. Ela não era muito boa nisso, porém aprendera a fazer pomadas com as senhoras da ilha já que não podiam pagar por um curandeiro, ela costumava usar as pomadas nos ferimentos de seu pai, que supostamente havia se cortado com os utensílios usados no plantio. Seu coração estava acelerado já não sabia o que esperar dessa noite, que se mostrara uma surpresa por sinal. Estava preocupada com Viktor. E se ele se ferisse? E se fosse uma armadilha? E se ela não fosse capaz de cuidar dos ferimentos da tal pessoa e ela morresse? Já não dava para fazer mais nada, dessa vez ignoraria seus instintos de correrer atrás de Viktor, confiaria nele, ficaria tudo bem ou ao menos esperava que ficasse.
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Pela Honra De Frid
RomanceSer normal não é fácil quando se tem um destino traçado para você desde antes de nascer! Aqui estará a história de uma garota, de uma rainha, mas sem coroa, que nasceu para reinar, porém sem reino! Aqui, você encontrará a história de uma heroína...