Capítulo 4

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_ EU NÃO ENTENDO! Como você sabe disso? Você sempre soube disso? Então por que nunca me contou?! É DA MINHA VIDA QUE ESTAMOS FALANDO JAYSON! - ela estava surtando, aquilo não podia estar acontecendo!

    Viera falar com seu amigo para ir com ele para a capital para tentarem uma vida melhor e agora descobrira que sua vida fora uma mentira?
    Seu peito apertava, era muita coisa para tentar discernir. Seu pai também sabia ou apenas Jayson sabia? Aquilo era tão confuso!
_ Arabella, calma. Está tudo bem.
_ Como assim, calma? - diz imitando-o. Ela tinha a mania de fazer isso quando ficava nervosa. Também não era fácil para ele tudo aquilo, havia guardado aquele segredo por bastante tempo e era finalmente hora de agir, não aguentava mais mantê-la na ignorância e além disso, era a vida dela! Como ela poderia ser privada da história da própria vida?
_ Se você se acalmar eu posso explicar, mas se continuar tendo um chilique eu me recuso a falar! - disse cruzando os braços infantilmente. Ela respira fundo, ela era adulta, precisava resolver aquilo como uma adulta, mesmo que fosse a coisa mais louca que já lhe acontecera, ela entenderia.
_ Prossiga! - sentou-se na cama, ainda confusa, esperava que a explicação de Jayson fosse milagrosa, pois só um milagre poderia concertar aquilo.
_ Conhece a história de Leopoldo certo?
_ Claro, todo mundo conhece!
_ Mas pouca gente conhece o resto da história.
_ Está falando do descendente de Leopoldo que de alguma maneira milagrosa poderia estar vivo até hoje? Jayson, isso é uma lenda! Apenas uma lenda! Mesmo que houvesse a possibilidade de esse descendente ter sobrevivido misteriosamente, seria impossível ele ainda estar vivo para descer a Honra de Frid!
_ Arabella, eu disse, sem chilique!
_ E eu não ligo! Você só deve estar brincando comigo, procurando uma maneira de me deixar confusa e então fugir dessa ilha antes que eu me dê conta! - ela gritava, parecia cada vez mais zangada, ela tinha lágrimas nos olhos.

    Jayson queria rebater, queria dizer que era mentira e que se ele pudesse a levaria com ele até o fim do mundo, mas ela estava parcialmente certa. Ele queria que ela ficasse, queria vê-la em segurança, ainda mais agora que sabia quem realmente era, mas a cada minuto ela duvidava ainda mais dele, era perturbador, vê-la daquela maneira.

    Estava tão confusa que não sabia se chorava ou atirava alguma coisa na cabeça de Jayson! Ele estava inventando histórias malucas para prendê-la naquela maldita ilha e ela só queria chorar, mas a raiva era tanta que não parava de gritar com ele. De todas as coisas que imaginou que Jayson iria dizer ao pedido dela de ir com ele, uma história de que ela era uma descendente de um rei antigo, era tudo o que Arabella não esperava.

    Ela não ficaria mais alí, não poderia, não aguentava mais olhar para aquela cara de "estou tentando entender o seu ponto de vista". Arabella o empurrou contra a parede de madeira daquele quartinho pequeno e saiu correndo, passando pelos dois garotos que estavam do lado de fora - catando minhocas.

    As lágrimas embaçaram sua visão, ela precisava ir para casa, chegar ao seu quarto e desmoronar de vez! Aquele não era o seu Jayson, o seu Jayson jamais contaria uma mentira absurda daquela para afastá-la dele! Ele sempre fora sincero e a ajudava a passar pelos problemas de cabeça erguida, mas agora... Ele havia mentido e depois feito-a chorar. Arabella não queria estar alí, naquela maldita ilha, não queria que fossem para lá, estava muito bem antes daquela ilha, estava muito bem antes de Jayson.

    Ela precisava sair dali, o quanto antes, ela sairia dali. Assim que os seus pés a fizeram chegar até sua casa ela olhou para trás. Ele não me seguiu - pensou amargamente, aquilo doía tanto, Jay havia mudado, não era mais o mesmo e ela não ficaria alí para ver no que aquilo daria. Não, nunca mais se permitiria ficar naquela maldita ilha.
Entrando em seu quarto, Arabella enfiou algumas roupas que encontrou pela frente dentro de uma bolsa de pano, pegou algumas frutas mais resistentes ao tempo e um pouco de dinheiro que havia guardado para emergências. Jogou a bolsa no ombro e foi, em direção ao porto, onde começaria sua jornada.

Pela Honra De FridOnde histórias criam vida. Descubra agora