Capítulo 17

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_ VOCÊ FEZ o que?! - diz Lucinda, chocada.
_ Exatamente, ela nocauteou o padeiro por causa de um garotinho pobre. - diz Viktor rindo da reação de Lucinda, já era noite quando conseguiram encontrar um local para passar a noite, mas o dinheiro não era suficiente para pagar mais que isso. No outro dia deveriam achar outro lugar, um lugar não  muito longe já que Malia andava cada vez pior, a ferida em sua barriga estava ganhando uma cor roxa e aquilo não parecia nada bom para Arabella, que cuidava dela com fervor.
  Arabella havia pedido desculpas a Malia pela sua "crise de ansiedade" - como havia chamado - quando chegaram na vila. Ela entendia, mas disse algo que não saiu da cabeça de Arabella, nem mesmo agora que tinham um lugar para ficar com água e comida por uma noite.

"Talvez a sua crise de ansiedade seja algo bem mais forte, bem mais poderoso, talvez seja o seu coração tentando se comunicar com você, dizer que está na hora de abrir passagem para uma aventura nova".

Um aventura nova - repetia ela mentalmente, o que seria uma aventura nova? Afinal tudo o que estava vivendo era uma aventura, que infelizmente nunca pedira para acontecer. Ela não compreendia até onde essa jornada ia levá-la, mas ela seguiria de onde estava, não dava mais para voltar.
  Depois de dizer que precisava de um banho ela foi até a pequena cabine de madeira que ficava no canto do quarto, haviam alguns baldes com água no chão, entrando jogou a água por seu corpo e tomou um banho demorado, tentando prolongá-lo o máximo possível.
  As dúvidas pareciam embriagar sua mente, ela se perguntava qual seria a reação de seu pai ao vê-la novamente, o que faria quando encontrasse com Jayson e o que estava sentido de verdade por Viktor. Seu pai aceitaria que entrasse para os Exilados? Não importa! Ele não manda mais em mim. Ela faria isso, Alfren querendo ou não, era hora de tomar decisões por si mesma, de sentir coisas por si mesma.
   Quando voltasse para a Ilha enfrentaria seu pai, não teria medo de encarar Jayson. Afinal, ela era uma rainha e precisava tomar as decisões certas agora.
  Iria entrar para os Exilados, afinal estava lá pela liberdade de seu povo e lutaria ao lado deles para alcançar essa liberdade. De quebra, poderia conseguir seu trono de volta, não é mesmo?
  Ela sorri, ser rainha, conseguir o que lhe foi tirado, a Honra da sua família, a Honra de Frid. Seria capaz mesmo de lutar pela coroa? Viktor estava ao seu lado, pelo menos tinha um aliado, mas precisava de mais e ela sabia onde encontrar mais.
   Como Viktor havia dito já estava na hora de eles começarem a agir, mas ela começaria depois de voltar para a ilha onde teria uma conversinha com o seu pai.

   Com força acerta o peito de Viktor o fazendo cambalear para trás, ele ataca deslizando pelo chão de terra segurando as pernas dela a derruba sem dificuldade

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   Com força acerta o peito de Viktor o fazendo cambalear para trás, ele ataca deslizando pelo chão de terra segurando as pernas dela a derruba sem dificuldade. Arabella esperneia tentando se soltar enquanto Viktor segura seus pulsos acima de sua cabeça, um joelho em sua barriga.
_ Ahrg! - grita ela de frustração usando toda a sua força.
_ É tudo o que você tem? - diz ele zombando próximo ao rosto dela, mas é atingido por uma cabeçada de Arabella que fez com que soltasse os pulsos dela deixando-a livre para inverter as posições e socar o seu rosto com força, sentindo os ossos do rosto de Viktor se chocarem contra seu punho ela para.
_ Ah meu Deus! Eu te machuquei? desculpe! Desculpe! - diz segurando o rosto dele entre as mãos para analisá-lo até que sente mãos na sua cintura a erguendo do chão e jogando-a para o outro lado onde sente as costas se chocarem contra o chão duro.
  Ainda deitada gemendo pelo impacto observa Viktor se erguer do chão e estender uma mão para ela que agarra se levantando com dificuldade.
_ Não se preocupe com seu oponente, não pense que por você ter misericórdia ele também vai ter. - disse Viktor limpando a poeira de sua roupa.
_ Que droga! - resmunga ela esticando as costas, era a terceira vez naquele dia que ele a derrubava de costas. - você vai acabar com a minha coluna!
_ Seu oponente vai querer acabar com muito mais que sua coluna, pode acreditar! - disse ele rindo, enquanto eles se dirigiam ao acampamento.
  Não haviam achado um local para ficar mais de uma noite na vila por isso tiveram que viajar a pé até achar um local para acampar, Malia estava mal, mas agora já conseguia andar a pé por alguns metros, Lucinda não tirava o olho de sua amiga, ela era o maior mistério entre o grupo, ninguém sabia nada sobre Lucinda, apenas Malia, mas Malia passava a maior parte do tempo dormindo para se recuperar. Arabella queria se aproximar de Lucinda, mas não sabia como fazê-lo, afinal, ela era inconveniente demais, Arabella nunca sabia o que esperar de Lucinda até que ela abria a boca e falava tudo o que lhe vinha a cabeça.
  Viktor havia se acostumado com o jeito meio deselegante de Lucinda, fora difícil no início por conta de sua criação, mas agora quase não notava o modo tosco de Lucinda comer ou o jeito que falava sem antes pensar.
  Ainda caminhando de volta para o acampamento Arabella decide que agora é a hora de contar a Viktor.
_ Eu quero lutar. - ele a encara franzindo o cenho e depois sorri.
_ Acabamos de fazer isso, você não estava com dor nas costas? - ela lhe soca ombro devagar.
_ Não isso! - diz rindo, ele sorri, adorava vê-la rir - Eu estou falando de lutar pela coroa, eu quero lutar pela Honra de Frid. - o sorriso no rosto de Viktor vai se esvaindo rapidamente dando lugar para uma expressão séria.
_ Lutar... Pela Honra?
_ Sim! - diz ela decidida, realmente esperava que Viktor entendesse. Ele suspira passando a mãos por seus cabelos.
_ Você tem certeza disso? I-isso não vai ser fácil e eu... E-eu não quero que se arrisque dessa maneira. - franzindo o cenho Arabella tenta entender o que ele quis dizer exatamente com esta frase. Na verdade parecia mais profunda do que poderia achar.
_ Você me incentivou a entrar para os Exilados e agora diz não querer que me arrisque, afinal o que você quer Viktor?
_ Como o que eu quero? Eu quero o que você quer! - diz ele.
_ E o que você acha que eu quero, Viktor? - um suspiro, ele não queria brigar, não de novo, agora que estavam bem um com o outro novamente deveria ser sincero com ela.
_ Eu tenho medo. - disse por fim.
_ Medo? - ela cruza os braços tentando entender, do que ele teria medo?
_ Eu tenho medo de perdê-la, não quero ver você partir, por isso vim com você, por isso estava te guiando a Berm. - ela pisca os olhos confusa, quando se ofereceu para me guiar a Berm éramos apenas desconhecidos, como ele poderia ter medo de me perder?
_ Eu não compreendo - diz negando com a cabeça e soltando os braços - Por que me perderia? Sei que vai ser difícil e que virão muitas dificuldades para chegar até a Honra, mas eu não compreendo por que tanto medo. - suspirando ele passa as duas mãos pelos cabelos juntando-as na nuca, ele olha para baixo. Queria enfiar a cabeça no chão, não era hora, sua mente repetia a todo segundo: Ainda é muito cedo! Ainda é muito cedo!
_ Eu sei que é meio confuso e que pode parecer loucura da minha parte, eu não quero que você se machuque. Mas eu fico feliz de saber que você decidiu que vai lutar pela Honra de Frid. E eu sei que por mais que me assuste ver você enfrentar o rei Harold Berm, a decisão não é minha. - ela pisca novamente, ele estava cedendo por ela? Ele iria mesmo apoiá-la?
_ Então...? - Arabella incentiva anciosa por uma resposta, ela precisava dele, era meio estranho pensar que precisava de Viktor, mas era verdade. Sem ele por perto para ajudá-la a tomar essa decisão talvez a força de vontade que sentia agora se exvaísse depois.
_ Então, o que quer que decida fazer eu vou te apoiar. - um peso, enorme, acabara de cair das costas dela. Arabella nunca sentiras-se tão bem, como uma única frase conseguiu mexer tanto com as estruturas dela? Ela estava tão feliz que poderia beijá-lo. Abraçando ele com força apertou-o mostrando tamanha sua alegria e rindo muito agradeceu pelo apoio dele.
  Já Viktor não sabia se ria ou chorava, ele não queria aquilo, quer dizer ele sempre sonhou com o dia em que ela decidiria lutar pelo seu povo, apenas não esperava que doesse tanto quando ela o fizesse, não pensara antes nas consequências disso, coisas e pessoas como as que sequestraram Lucinda, Malia e Arabella, como as que machucaram Malia, ela enfrentaria essas pessoas para chegar até Berm e isso era terrível!
E se ela se machucar?
E se eu não estiver por perto para ajudar?
E se tirarem-a de mim?
E se...?

   Já não sabia, seu peito apertava ao vê-la tão feliz e também não poder sentir a mesma alegria, iria apoiá-la, ele havia prometido, mas aquilo doeria por que eles não sabiam o que vinha pela frente.
Forçando um sorriso guiou Arabella de volta ao acampamento, porém as dúvidas não saíram de sua mente, deixando-o louco de preocupação, ele cuidaria dela, não poderia perdê-la de novo.
Eu não perderei!

Pela Honra De FridOnde histórias criam vida. Descubra agora