Capítulo 14

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Viktor
Rebelde Exilado do Sul.

   ESTAVA DEIXANDO Orabell no acampamento, precisava que ela ficasse lá, não arriscaria perdê-la novamente, o que quer que esteja acontecendo nessa floresta, com certeza descobrirei. Seguindo o som levado pelo vento consigo rastrear por onde seguir, aos poucos que ia me aproximando pude ouvir as vozes de pessoas rindo. O que estava havendo?
  Escondido no topo de uma árvore, observando por entre a folhagem vejo um grupo de pessoas rindo, alguns homens e duas mulheres, estavam em círculo. Ao redor pude notar um vagão grande com grades de metal e também havia muita bagagem, mantos e tecidos enrolados e amarrados por cordas jogados pelos lados da clareira quase completamente ocupada pelo grupo de pessoas que riam e circulavam um pobre moribundo, eu não podia vê-lo direito, pois a noite estava muito escura e a fogueira deles não estava perto o suficiente, afinal, o que queriam com a pobre pessoa?
  As mulheres presentes riam e cochichavam entre si nunca tirando a pessoa de seu campo de visão, quanto aos homens empurravam e batiam na pessoa que gemia e sangrava no chão, xingamentos podiam ser ouvidos, coisas como: "Por que não tenta fugir dessa vez?" "Vamos, você é tão poderosa, por que não nos mostra o que sabe fazer?".
  Chega! Eu não ficaria vendo aquilo acontecer, o que quer que acontecesse não poderia ser resolvido dessa maneira. Com cuidado para não fazer barulho desci devagar da árvore e com a faca em mão adentrei a clareira por trás, me escondendo atrás do vagão, agora mais de perto eu podia ver melhor o que estava acontecendo. Era uma garota, jogada no chão, dava para notar pelos cabelos caindo sobre o rosto, pelo timbre de sua voz enquanto gemia de dor, ela chorava.
  Agachado ao chão ouvi um assobio, baixo, para não ser ouvido pelos outros, olhando para cima pude ver. Lá estava, dentro no vagão havia alguém, estava presa e acenava freneticamente para mim, pedia por ajuda, para sair. Era uma garota também, mas essa estava menos ferida que a outra, seu rosto sujo de sangue, mas não parecia estar enferma, com os lábios pronunciou "Me ajuda" sem fazer som algum.
  Eu sabia! Sequestradores de Atrações, provavelmente estavam levando-as para um circo. Devagar assenti que havia entendido e procurei pela fechadura, havia um cadeado, onde estaria a chave?
  Eu poderia arrombar, mas faria muito barulho e chamaria a atenção deles, precisava de um plano.

  Eram seis pessoas, quatro homens e as duas mulheres, eu dava conta! Cobri o rosto com meu lenço amarelo e então bati com a faca no vagão fazendo o som de metal reverberar pela clareira, logo a atenção de todos veio em minha direção, com os braços cruzados encostado ao vagão sorri mesmo sabendo que não poderiam ver.
_ Com licença, mas eu acho que vocês tem algo que é meu aí! - eu falei, eu com certeza iria me divertir com aquilo. Um dos homens se afastou da garota ferida que gemia no chão.
_ Quem é você? - sua voz era grossa como um trovão e ele era alto e gordo, lembro-me da descrição que Arabella havia me feito do Homem-Peixe-Podre, como havia chamado um de seus sequestradores. Um fogo me subiu pelo corpo, seria ele o homem que a feriu? Pagaria caro por isso!
Apertando a faca em minha cintura com força respondo.
_ Alguns me acham um rebelde, outros um fugitivo, mas eu sempre prefiri o termo benfeitor. - agora perambulando pela clareira sem tirar a mão da faca observava atentamente zonas de escape que podia usar para levar as garotas em segurança. Os homens pareciam tensos, parece que ao citar que era um rebelde começaram a enfiar o rabo entre as pernas.
  As mulheres se juntaram atrás dos homens, covardes! Certamente atacariam se eu fosse uma garota, onde estava a honra daquelas mulheres?
  Me aproximando cada vez mais da garota no centro que agora observava a tensão de seus sequestradores, logo com dor ela riu baixo.
_ Onde... Está a coragem de vo- vocês agora, parecem cães assustados! - fala com dificuldade cuspindo as palavras, ao ouvir isso um dos homens avança para ela, mas corro cruzando a clareira e segurando seu braço o jogo para longe dela, que cai com um gemido.
  Podia sentir os olhos assustados da garota ferida e do outro lado a outra garota aprisionada ria auto com a cena. Sorri, mas senti uma tontura forte ao ser acertado na cabeça com um pedaço de madeira, encontrando-me com o chão, caído me virei para ver quem era quando me deparei com uma das mulheres.
_ Ora, ora, ora parece que não é tão covarde assim. - digo cuspindo no chão.
_ Você não faz idéia! - diz tentando me acertar com a madeira novamente, mas rolo para o lado e dou um chute em seu joelho fazendo-a cair arrancando o pedaço de madeira de suas mãos corro em direção ao próximo alvo, o maldito Homem-Peixe-Podre que segura o pedaço forçando-o entre mim e ele, com força o empurro fazendo com que caia de costas dando-me a chance de subir em cima dele e socá-lo, ele tenta segurar meus braços, mas os socos são tantos que logo perde a consciência, nisso sinto ser puxado de costas caindo no chão um dos homens - o mais jovem - soca meu rosto com força me deixando tonto, puxo a faca apontando-a para seu pescoço fazendo com que pare. Sangue escorria de suas mãos, infelizmente aquele sangue era meu.
_ S-saia de cima de mim agora! Digo fazendo-o se levantar, ele estava ofegante, as mãos ensanguentadas erguidas para cima enquanto eu estendia a faca pelo seu pescoço, circúlo por ele passando o braço com a faca ao redor de seu pescoço, agora tinha um refém. O último homem que havia sobrado fez parecer que ia atacar, mas assim que apertei um pouco a faca na pele do pescoço de seu companheiro ele ficou paralisado.
  A mulher que restara estava agarrada aos braços do outro, assustada. Com a voz alta para que ouvissem falei:
_ Por que batiam na pobre garota? - eles se entreolharam, aproximei mais a faca.
_ Falem! - gritou o mais jovem, ainda com as mãos para cima.
_ Somos Sequestradores de Atrações, encontramos ela em uma cidade abandonada.
_ Não responderam minha pergunta! - falei. Estava cansado, e minha vista estava ficando turva.
_ Ela tentou fugir - disse a mulher - mas a capturamos de volta. Estávamos apenas dando uma lição nela!
_ Chamam isso de dar uma lição? Talvez eu também devesse dar uma lição em vocês, o que acham? - a mulher empurrou o homem para a frente.
_ Bata nele! Sou inocente, estou aqui apenas por que não tenho como me sustentar. - o homem parecia assustado e implorava para que não fosse ferido. Negando decepcionadamente digo:
_ Ouçam vou libertar o seu amigo aqui - apontei para o mais jovem, com a faca - se libertarem as minhas amigas alí - apontei com a cabeça para elas. - e vou embora sem machucar mais ninguém, mas apenas se prometerem nunca mais sequestrar nenhuma Atração, o que dizem?
_ Eu prometo! - diz o homem assentindo freneticamente.
_ Eu também prometo! - fala a mulher.
_ Façam! - digo.
  A mulher de cabelos pretos caminha em direção ao Homem-Peixe-Podre ainda desmaiado e retira de seu cinto uma chave, rapidamente anda até o vagão e assim que abre a porta recebe um chute no estômago, muito merecido por sinal. A garota lá dentro sai e corre em direção a sua amiga ferida ajudando-a a ficar de pé, os dois sequestradores olham para mim e eu aceno para que elas saiam da clareira, a menos ferida assenti e agradece levando sua amiga embora. Assim que se passa um tempo que elas foram embora eu solto o sequestrador mais jovem, mas antes sussurro em seu ouvido:
_ Você lutou muito bem, deveria aproveitar mais seu talento e não é com essas pessoas que vai conseguir isso. Se quiser algo melhor que isso - aponto com a cabeça em direção aquelas pessoas caídas - junte-se aos exilados e faça algo bom. - logo depois o soltei e fui embora.
  Subi em uma árvore para observar melhor, mas estava muito escuro para ver algo, quando ouvi barulho de galhos quebrando, descendo da árvore me escondi e observei duas figuras se aproximando, eram elas, as garotas. Sorri.
  Apareci para elas de trás da árvore que se assustaram.
_ Calma, sou eu, venham comigo. - disse guiando-as pela floresta escura.
_ Q-quem é você? - perguntou a mais ferida.
_ Eu sou um amigo - respondi sem me virar, a outra observava cada movimento meu, era como uma leoa pronta para atacar, mas estava cansada demais para isso. - não se preocupem, não quero fazer mal a vocês, se quisesse já teria feito, não acham? - dessa vez virei-me para elas, carregando sua amiga com dificuldade ela respondeu.
_ Tem razão, mas estou de olho em você. - sorri. Garotas! Pensei.

   Depois de muita insistência consegui fazer com que a menina deixasse que eu carregasse sua amiga ferida que acabara adormercendo logo depois em meus braços, eu não podia ver sua aparência já que estava tão escuro que eu não conseguia enxergar o caminho direito, mas então pude ver o brilho de uma fogueira distante e senti um certo tremor, e se algo houvesse acontecido a Orabell neste meio tempo? Eu nunca me perdoaria, meu peito acelerou e nunca senti tanto medo em minha vida, apressei o passo o quanto podia considerando que meus braços já estavam dormentes de carregar aquela garota por tanto tempo.
  Assim que adentrei o acampamento a vi, sentada em uma pedra roendo as unhas apreensiva e nunca senti tanto alívio em minha vida, assim que nós viu ela correu em minha direção.
_ Viktor! - observou a garota em meus braços e pediu que eu a deitasse no chão, obedeci e a observei enquanto ela tirava partes das peças de roupa da garota para analisar os ferimentos até que ouvi sua amiga limpar a garganta e me retirei, indo para a tenda de tecido velho, onde aguardei, tudo doía, mas valeu a pena, todas estavam seguras.
   Deitado olhando para o teto da tenda senti meus olhos pesarem até já não poder ouvir ou enxergar nada, dominado pelo sono!

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Olá leitores queridos, quem aqui quer um Viktor só para sí?


Se você está gostando da história deixa a estrela! Deu trabalho para fazer esse capítulo, por que aqui em casa está um forno e eu estava sem ideia do que escrever, já viu meu vexame, não é?
Bem, quem serão essas garotas?
Se são Atrações, quais vocês acham que podem ser as características que as marcam como diferente da sociedade de Frid?
Veremos nos próximos capítulos...

Pela Honra De FridOnde histórias criam vida. Descubra agora