“Garota comum conquista magnata do mundo dos negócios.”
“Fotos de Christopher Morris em um dia casual com sua nova namorada.”
“CEO da empresa Morris Corporation visita sua namorada na faculdade.”
Estas eram as frases estampadas em notícias na internet dos últimos dias. Claramente, era Christopher quem estava sendo vigiado a todo momento. Havia fotos minhas sozinhas também, provavelmente de pessoas da faculdade tentando conseguir uma grana com isso, mas não eram tão vistas quanto as minhas fotos com ele. Ainda bem!
O casamento, a linha de chegada dessa corrida, era em duas semanas. Depois disso, eu não teria que fingir mais. Pensei se sentiria falta dessa vida, talvez sentisse um pouco, então era melhor aproveitar os contatos que eu poderia fazer no meio disso e não ligar tanto para a mídia. Afinal, eu era apenas uma garota comum, segundo alguns artigos(e uma gold-digger segundo outros).
–Você está pronta? —Christopher perguntou antes de entrarmos na festa. Assenti. Segurei seu mão e deixei-o guiar o caminho.
Quem faz uma festa de gala de aniversário? Pessoas com dinheiro para queimar, eu acho. Era muito diferente da maneira qual eu comemorava o meu aniversário. Alguns amigos, algumas pizzas e velas espalhadas em um bolo de sorvete comprado na padaria mais perto de casa.
–Me conta, como fez pra ganhar o coração do Chris? Ele é um iceberg humano! —Uma garota me perguntou enquanto conversava com Christopher, eu não tinha prestado atenção no resto da conversa.
–Liz, essa é minha prima, Valerie. —A garota parecia ser mais nova que eu, tinha o mesmo tom de cabelo castanho escuro que Christopher. Exalava simpatia no meio de pessoas que me olhavam torto.
–Prazer! —Falei, ela retribuiu com um sorriso amigável.
–Você é mais bonita pessoalmente do que nas fotos. —Valerie elogiou.
–Cá entre nós, eu acho que eles estragam minhas fotos de propósito! —Me inclinei e sussurrei, fazendo a garota rir.
Desgrudei de Christopher por alguns minutos para pedir um drink. Sentei no banco e esperei o mixologo fazer minha bebida. Era estranho estar do outro lado da bancada. Tratei o rapaz que decorava meu drink minuciosamente com paciência, pois entendia como as pessoas poderiam ser rudes de vez enquando.
A bebida tinha um toque cítrico e doce, não era algo que eu bebia frequentemente, mas talvez combinasse com a Liz de mentira.
Observava Christopher conversar em uma roda de homens, sua beleza era enfatizada a cada riso. Não sei de qual Christopher falavam quando mencionavam frieza, porque eu só enxergava o contrário disso.
–Não se iluda muito. —Uma garota sentada ao meu lado falou. —Ele vai te usar e jogar fora, como faz com todo mundo.
–Perdão? —A garota de cabelos pretos e pele pálida usava um batom vermelho vinho.
–Morris. —Bebeu um gole de seu whisky. —Ele, como qualquer empresário, tem o lucro como prioridade. Ele deve ganhar muita visibilidade por estar namorando uma garota comum. —A encarei, esperando que continuasse. —Confia em mim, sou uma de suas vítimas, antes de ser substituída por Vivian, herdeira de uma empresa bilionária. —Piscou e se retirou, deixando para trás seu copo de whisky com a marca de batom.
Usada. Me senti como tal, até lembrar de que isso era tudo uma farsa e eu também tinha um retorno. Se Christopher me usava, eu o usava também. Porém, se ele estava fazendo tudo isso para casar com uma pessoa apenas pelo dinheiro, isso dizia muito sobre sua personalidade.
–Está gostando da festa? —Christopher interrompeu minha reflexão.
–Estou, acabei de conversar com uma ex-namorada sua! Ela parece te odiar. —Christopher franziu o cenho. —Morena, pele clara, olhos verdes...
–Sam. —Suspirou. —É... Não tivemos um relacionamento saudável, eu era muito imaturo e ela também. —Sentou-se ao meu lado, nós dois observamos o salão. –Você sabe tudo sobre mim e eu não sei nada sobre você, além do seu nome e sua faculdade. —Falou baixo para o mixólogo atrás de nós não ouvir. —Vamos lá, abra seu coração, Liz!
–O que quer saber? —Eu não tinha muita coisa para contar. Minha vida era bem monótona e tranquila. Não tinha nenhum ex-namorado psicopata e também não tinha uma carreira de sucesso.
–Tudo. Conte-me tudo. —Sorriu.
–Quando eu era criança, eu colecionava insetos. —Uma expressão de nojo cruzou na sua face. Sorri provocativamente.
–Eu não quero saber das coisas estranhas que você já fez.
–Você quem disse que queria saber tudo... —Retruquei.
–Tudo bem, eu pergunto o que eu gostaria de saber e você me responde. —Dei de ombros. –Você nasceu aqui?
–Não, sou de uma cidade à nove horas daqui. Vim para Nova Iorque estudar. E fugir de casa! —Ele riu.
–Não julgo, eu também era um pouco rebelde. Sam era uma má companhia naquela época, mas não a culpo. —Fitou o chão. —O que aconteceu para que quisesse se mudar?
–Meus pais. Quer dizer... eles são bons pais, mas não me deixavam fazer minhas próprias escolhas. Eu cursava direito na minha cidade natal antes de vir pra cá, por que eles queriam que eu fosse juíza, que nem meu pai. —Ele continuava fitando o chão. —Posso fazer uma pergunta?
–Vá em frente.
–Você gosta de trabalhar na empresa do seu pai ou você faz por obrigação? —Ele se virou para mim e pensou por alguns segundos.
–Faço o que me foi confiado, é o legado da minha família construído pelo meu avô. É o que sei fazer, e sem tentar me gabar, eu sou muito bom!
–Sei que é. —Peguei sua mão.
–Próxima pergunta. Quantos milhares de dólares custa pra você dançar comigo? —Esperava que minha maquiagem cobrisse o rubor do meu rosto.
–Está incluído no valor do pacote, senhor. —Ele sorriu.
–Ótimo, se você for uma péssima dançarina eu exijo que devolva meu dinheiro!
Segui Christopher até o centro do salão, onde casais dançavam uma música lenta. Ele se aproximou e apoiou uma mão nas minhas costas e a outra segurava a minha mão direita. Parecíamos primos dançando em alguma festa de família.
–Coloca a mão mais pra baixo. —Sussurrei. Senti a mão de Christopher deslizar até mais baixo do que devia. —Não na minha bunda!
–Desculpa. —Rimos. Coloquei a mão de Christopher na minha lombar.
Christopher Morris era um bom dançarino. Guiava a dança e não olhava para o chão. Em vez disso, olhava em meus olhos, o que era perigoso. Eu sabia que meus sentimentos quanto a ele não eram os mesmos de quando eu tinha aceitado a proposta, mas eu ignorava.
Meus olhos viajavam pelo seu rosto, analisando cada detalhe dessa vista privilegiada. Meu coração batia mais rápido e sem querer eu estava muito próxima. “Merda, Liz! Regra número quatro!”. Foi esse o pensamento que me fez voltar à realidade.
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COMO NÃO SUPERAR CHRISTOPHER MORRIS (concluída)
RomanceElizabeth, ou como gosta de ser chamada, Liz, é uma estudante de cinema que vive uma vida comum. Não tem muitos amigos, mas para ela os que tem são suficientes. De uma cidade pequena até Nova Iorque, sua vida já tinha mudado bastante nos últimos ano...