Acordei com a luz do sol. O som do mar era pacificador, bem diferente de acordar com o caos de todas as manhãs no prédio dos dormitórios. Vesti minha blusa que estava no chão, era comprida e me cobria até a metade da coxa, e fui até o banheiro silenciosamente. Tomei um banho rápido, mas foi o suficiente para o cheiro sabonete do resort ser levado pelo vapor do chuveiro para o quarto todo.
Vesti o mais fofo dos roupões e fui procurar meu celular. Tinha certeza que havia deixado no criado mudo ao lado da cama. Quando cheguei perto, Christopher puxou o roupão com força, me derrubando na cama, por cima dele.
–Bom dia pra você também! —Brinquei, ajeitando seu cabelo bagunçado.
–Eu adoraria ter sido convidado para o banho... —Me fez rir e logo beijou minha testa.
–Temos que estar no restaurante em meia hora. —Só após de avisá-lo que notei que estava prestes a conhecer a família inteira de Christopher. Eu estava confusa sobre nossa situação e minha intuição me dizia que eu não seria bem recebida, mas decidi ignorar. —O que devo vestir?
–O que quiser. —Respondeu, saindo de baixo de mim e indo em direção ao banheiro.
Chegamos no restaurante do resort alguns minutos atrasados. Todos já estavam lá sentados à mesa comprida. Achei que todos encarariam quando chegasse, porém, conversavam entre si. Um pouco do nervosismo foi embora quando sentei. Nem Vivian se incomodava, conversava com sua melhor amiga sem nem mesmo olhar para Christopher. Apenas duas madrinhas cochichavam e riam, mas poderia ser sobre qualquer coisa.
O café da manhã já estava servido, as frutas coloriam a mesa e havia uma diversidade de pães e bebidas.
–Chris falou bastante de você, Liz. —O homem grisalho do outro lado da mesa falou com um sorriso amigável em seu rosto. Era o pai de Christopher. Eu sabia quem ele era, tinha feito o meu tema de casa antes de entrar nessa.
–Falou? —Olhei para Christopher, que sorriu mastigando uma maçã e levantou as sobrancelhas.
–Sirva-se, eu sei que está com fome. —Christopher piscou o olho. Ele estava falando da noite passada. Belisquei sua coxa por baixo da mesa fazendo-o dar um pulinho.
–Ele disse que você estuda cinema?! —Continuou Sr. Morris.
–Sim, terceiro semestre. —Me servi um pão torrado com algo que parecia ser cream cheese.
–Como se conheceram? —Eu não sabia se deveria inventar uma história ou se deveria contar a verdade. —Christopher me disse que...
–Richard! Não pegue no pé da garota! —A mulher ao seu lado, mãe de Christopher, disse. —Desculpe, querida, ele é teimoso.
–Tudo bem! —Sorri. Christopher me olhou de relance e apertou minha mão. Pensei duas vezes em cada palavra que saiu da minha boca, não podíamos arriscar que soubessem nosso segredo. —Nos conhecemos em uma palestra na faculdade. —Ouvi um suspiro de alívio do meu lado.
–Ah, sim... —Encheu seu copo de suco de laranja. —Bem, espero que aproveite o tempo conosco!
O dia estava ensolarado, não havia uma nuvem no céu. A praia da frente do resort era privada, só havia algumas pessoas e muitas cadeiras de sol sofisticadas vazias, tinham a cara de ser mais confortáveis do que a própria cama do hotel.
–A gente poderia ficar aqui no quarto... —Christopher me abraçava por trás e beijava meu pescoço. Estávamos na sacada do quarto, observando a praia.
–Eu não vim até Los Angeles para não aproveitar a praia! —Usava um biquíni por baixo de um vestido leve. —Coloque sua roupa de banho, estou esperando! Se não quiser eu vou sozinha. —Me mordeu e se afastou.
Ele se vestiu rapidamente e descemos para a praia. O cheiro de praia era único, o vento quente era aconchegante. Tirei o vestido e deitei em uma cadeira de sol dupla, com Christopher ao meu lado. Ele cheirava a protetor solar e perfume masculino.
–No que está pensando? —Indagou. Tirou os óculos escuros e deixou na areia do lado da cadeira.
–Nada. —Eu observava o mar e apenas relaxava, tentava não lembrar da faculdade e Nova Iorque. —Só descansando.
–Você pode descansar mais tarde! —Levantou-se rapidamente, me pegou no colo e me colocou em seu ombro antes de sair correndo até o mar. Eu gritava e batia nas suas costas, mas Christopher só ria e continuava correndo, até a água estar na altura do seu peito, que era muito alto para mim.
Ele me puxou e ficou entre minhas pernas, que seguravam meu corpo no dele. Seus olhos pareciam ainda mais azuis naquele ambiente, o mar calmo servia como plano de fundo para si mesmo. Seu corpo estava quente, o que não fazia sentido pois a água estava fria. Christopher agarrou da minha nuca com uma mão e seus lábios tocaram no meu. Lentamente, o beijo se tornou mais intenso.
–Eu não acho que quero que isso acabe. —Confessou. Me senti bem por não ser a única a pensar daquela maneira.
–Eu também não. —Olhei em seus olhos.
–Você acha que a gente poderia fazer isso funcionar? —A diferença dos mundos de cada um era imensa, talvez o que tivesse entre nós não sobrevivesse.
–Não custa tentar... —Ele sorriu e logo roubou um beijo que eu interrompi. —Mas vamos ter que refazer nosso contrato. —Ele riu.
–Você tira a graça de tudo, Elizabeth! —Provocou.
–Você é impossível de lidar, Christopher Morris! —Revirou os olhos.
–Acho que nesta altura você pode começar a me chamar de Chris!
–E você pode nunca mais me chamar de Elizabeth! —Rimos.
–Combinado!
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COMO NÃO SUPERAR CHRISTOPHER MORRIS (concluída)
RomanceElizabeth, ou como gosta de ser chamada, Liz, é uma estudante de cinema que vive uma vida comum. Não tem muitos amigos, mas para ela os que tem são suficientes. De uma cidade pequena até Nova Iorque, sua vida já tinha mudado bastante nos últimos ano...