7.Regra número quatro

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    Faltava menos de três dias para o casamento. O local escolhido foi um resort em Los Angeles, do outro lado do país. Eu já tinha viajado de avião, mas nunca de primeira classe. Tinha três vezes o espaço da classe econômica. Os assentos eram gigantes e confortáveis e as aeromoças muito mais amigáveis.
    Seria uma viagem longa e eu estava despreparada. Christopher, pelo contrário, tinha um livro em mãos. Usava calça de moletom e um moletom da mesma cor. Parecia tão mais jovem quando usava roupas casuais. Meus pés estavam congelando e eu não tinha colocado meias na mala. Los Angeles me lembrava calor e sol, então calcei chinelos para o voo, esquecendo completamente que ficaria cinco horas em um avião frio.

–Você tem meias extras? —Interrompi sua leitura.

–Tenho, dentro da minha mala. —Apontou para o bagageiro.

   Me esgueirei para sair do meu assento ao lado da janela, peguei uma meia social do bolso de fora da mala de Christopher e voltei ao meu lugar.
   Esperava que Christopher gostasse de meias esportivas, eram mais grossas e quentinhas. A meia social não ajudou muito. Meu pé continuava um pouco frio.

–Melhor?

–Na verdade não muito... —Coloquei as pernas em cima da poltrona e apoiei minha cabeça nos joelhos.

–Coloca seus pés aqui. —Puxou o tecido do bolso da frente do moletom, deixando um vão. Me sentei de lado, estiquei as pernas e coloquei meus pés no bolso do moletom.

–Agora sim! —Ele sorriu e continuou lendo seu livro.

   O tempo estava passando rápido. Coloquei meus fones para ouvir as músicas que eu tinha em meu celular a muito tempo mas não as escutava mais. Fiquei nessa posição por mais de uma hora, relembrando de músicas que eu não recordava da existência.

–Você está animado para ser padrinho de casamento do seu irmão? —Christopher guardou o livro no espaço embaixo do banco.

–Estou, faz meses que estou organizando a despedida de solteiro. E você, está animada para se livrar de mim? —Provocou.

–Mal posso esperar! —Revirei os olhos. —E se Vivian não estiver lá?

–Ela vai estar, é uma das madrinhas. A noiva é a melhor amiga dela. —Fazia sentido. Toda eram do mesmo grupo de amigos.

–O que aconteceu entre vocês dois? —Christopher respirou fundo e exalou lentamente. —Se não quiser, não precisa contar. Desculpa perguntar...

–Não, tudo bem. —Olhou para mim. —Vivian e eu sempre nos demos muito bem. Mas ultimamente ela tinha se distanciado, não tínhamos longas conversas como antes, mal tínhamos tempo um para o outro e eu acho que isso criou uma parede entre nós. Foi isso que ela disse, pelo menos, que eu só pensava na empresa e isso nos afastou.

–Isso é comum entre muitos casais... —Comentei.

–Pois é, já passamos por muitas fases difíceis, geralmente envolvendo as empresas. Quando os negócios não estão indo bem, nós dois nos voltamos a isso e deixamos o resto de lado por um tempo. —Essa era a parte desse mundo que o resto do mundo não via. —Já sobrevivemos isso várias vezes, mas Vivian já estava exausta.

–Você acha que este plano vai funcionar? —Perguntei, talvez não tivesse como voltar atrás.

–Acredito que sim, Vivian é muito ciumenta. —Riu.

   Conversamos pelo resto da viagem. Quando chegamos, fomos direto para o resort. Nunca estive em Los Angeles antes, queria ter passeado um pouco de noite, mas eu estava cansada. Em Los Angeles eram recém sete horas da noite, enquanto em Nova Iorque eram as dez.
  O resort ficava de frente para a praia, afastado do centro. Eu estava animada para passar quatro dias ali, sendo mimada pelo meu namorado de mentira.
  Christopher fez o check-in e subimos para o quarto, iríamos nos reunir com os outros pela manhã, a maioria não tinha chegado no local ainda.
   O quarto era o típico beira-mar, tons de azul e decoração minimalista, com uma sacada que dava de frente para o oceano. O pôr do sol ali deveria ser estonteante!
   Deixei minha mala em um canto, pretendia arrumar ela no dia seguinte, e me joguei na cama. Christopher, após arrumar seu traje e pendurar no guarda-roupa, fez o mesmo.

–Eu escolhi seu vestido, mas é uma surpresa. —Christopher estava deitado ao meu lado.

–Você é malvado! —Estapeei seu braço. —Só me diga que não é branco. —Se deitou de lado para me encarar.

–Não é branco. —Delicadamente colocou para trás a mecha de cabelo que estava na frente do meu rosto.

   Mas sua mão não voltou para o lugar. Christopher acariciava minha bochecha enquanto seus olhos observavam meu rosto. Ouvi sua respiração levemente acelerada, e ele estava tão perto que eu sentia o calor da sua pele.
   O que eu tinha a perder? Passei meus dedos entre os cabelos da sua nuca e o beijei. Dane-se a regra número quatro.
   Christopher beijava devagar. Após passear com a mão em minhas costas, deslizou até minha coxa e a puxou para cima de si.

–Você não faz ideia de quantas vezes eu já quis quebrar essa maldita regra! —Ele falou entre um beijo e outro.

   Rolou para cima de mim, com um joelho de cada lado do meu corpo, e tirou a camiseta com um puxão na gola. O abdômen era liso e definido. Logo, tirou minha blusa e beijou meu pescoço.
   Eu pensava em tantas coisas, se deveria fazer o que estávamos fazendo ou não. Em alguns dias tudo acabaria e minha vida voltaria a ser como antes. Talvez não fosse a melhor ideia se apegar a Christopher tanto assim e não saber se era recíproco. Estava quase desistindo quando lembrei do único propósito de eu ter aceitado entrar nessa. Me arriscar mais. O que importava o que aconteceria depois? Já estávamos ali e claramente nenhum dos dois estava afim de parar.

COMO NÃO SUPERAR CHRISTOPHER MORRIS (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora