Epílogo

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     Sua mão tremia de nervosismo, mas Christopher tinha um sorriso estampado no rosto. As linhas ao redor dos seus apaixonantes olhos azuis acentuaram-se com o passar tempo. Adotou uma barba que no início eu fui contra, mas tornou-se sexy quando foi aparada.
    Chris tinha mudado um pouco por fora. Porém, seu interior era o mesmo. Continuava o cara envolvente e intenso que era, muitas vezes engraçado e dedicado. Se tornou um marido excepcional e nunca deixou de acreditar na minha carreira como produtora. E eu, fazendo jus à aliança em meu dedo, dei o empurrãozinho que ele precisava para abrir sua própria empresa.
    Estávamos prestes a chegar no evento de inauguração, Chris estava radiante e lia as anotações do seu discurso do meu lado no carro. Ele estava ansioso e, pra falar a verdade, eu também. Precisávamos nos acalmar um pouco.

–Você vai arrasar! —Tomei as anotações da sua mão e guardando no seu bolso. —Já sabe o seu discurso até de trás pra frente, vem ensaiando desde o início da semana. Tudo vai dar certo! —Me aproximei e beijei sua bochecha.

–Você está muito sensual. —Seus olhos estavam fixos nos meus por todo o tempo que ele pronunciou essas palavras. —Eu poderia adiar a festa só pra te levar para casa neste exato momento. —Sua voz me causou arrepios.

–Você adoraria ver o que eu vesti por baixo deste vestido... —Provoquei de brincadeira. Ele riu maliciosamente.

    O carro parou e o motorista abriu a porta. A inauguração seria no próprio prédio da empresa, no enorme hall de entrada, onde cabiam mais de trezentas pessoas. Quando saímos do carro, a fila de fotógrafos explodiu em flashes e os jornalistas inquietos faziam um milhão de perguntas ao mesmo tempo.
    Chris me pegou pela mão e respondeu algumas das perguntas antes de entrarmos para a festa.
    O local estava iluminado e todos já estavam lá, até meus pais e os de Christopher, que sempre que se encontravam tinham muito o que conversar. O tempo também tinha exercido seu poder sobre eles.
    Chris conversava com seus convidados e eu estava sentada na mesa com os nossos pais, bebendo uma taça de espumante.

–Você deveria estar bebendo? —Richard, meu sogro, perguntou.

–Não precisa se preocupar, vovô, não tem álcool. —Dei um tapinha em seu ombro e ele sorriu. Richard estava bem sorridente ultimamente.

–Liz, você não colocou uma cinta por baixo deste vestido, colocou? —Eu usava um vestido justo para mostrar para todo mundo o que eu estava carregando. Não era muito notável ainda mas tinha uma certa saliência que eu gostava.

   Todos se viraram e tudo ficou silencioso quando Christopher subiu no palanque. Ele estava nervoso, organizava suas anotações e respirava fundo.

–Primeiramente, agradeço a presença de todos neste evento. A CM Tech não seria uma realidade hoje se não fosse por cada um que trabalhou ao meu lado com o propósito de trazer inovação e sustentabilidade. —Pigarreou. —Aqui na CM Tech acreditamos no uso da tecnologia para o melhor uso de recursos naturais e trabalhamos para um futuro completamente ecologicamente sustentável e com o menor dano ao meio ambiente possível. Nosso novo equipamento de economia e aproveitamento de energia será apresentado pelo time de engenheiros posteriormente. —Olhou para mim no meio daquela multidão e sorriu. —Mas antes, eu gostaria de fazer um agradecimento especial. —Eu não tinha o escutado ensaiar essa parte do discurso. —Sem ela, a CM Tech não teria sido mais do que uma mera ideia que só viveria na minha cabeça. Sem ela, eu seria metade do homem que sou hoje. Ainda seria bonito, mas não tão interessante! —A sala foi preenchida por risos. —Obrigado, Liz. Eu nunca achei que fosse capaz de amar alguém como eu amo você até descobrir que em alguns meses nos tornaremos um trio. —Lutei sem sucesso para não chorar na frente de todos, mesmo assim, algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto. —Você é incrível, Elizabeth Morris.

   Os convidados aplaudiram e os engenheiros se posicionavam para fazer sua apresentação. Christopher sumiu no meio das pessoas ao descer do palanque mas reapareceu em alguns segundos e sentou ao meu lado. Entrelacei seus dedos com os meus e roubei um beijo delicado.

–Eu te amo. Você foi ótimo!

    A festa já estava acabando, as pessoas começavam a se despedir em ir embora, de pouco a pouco o hall se esvaziou. Até sobrar Chris e eu. Ele já não usava mais sua gravata nem seu blazer. Eu tinha os pés descalços e o cabelo amarrado em um coque.

–Última dança da noite? —Piscou o olho. Segurei sua mão estendida e levantei do sofá.

   Dançamos ao ritmo de uma música lenta clássica. Eu o abraçava pelo tronco, aninhada em seu peito e bocejando de sono. Não nos preocupamos em parecer um casal desta vez. Não porque não havia mais ninguém lá, mas porque não importava porque já éramos um.
   Se a vida fosse um filme, essa seria a melhor parte.


COMO NÃO SUPERAR CHRISTOPHER MORRIS (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora