O anfitrião

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Na faculdade, Gerard sentia como se pudesse cair em sono profundo a qualquer momento.

A sua saída com o garoto que ainda era apenas um conhecido, Frank Iero, tornou a noite anterior muito mais longa do que Way esperava. Quando chegou em casa, depois das conversas e caminhada noturna, e conseguiu aproveitar o resto do tempo para finalizar o projeto do desenho, já se passava das duas da manhã. Demorou ainda mais para deitar, pois tentou preparar um rápido lanche sem fazer barulhos e acordar Mikey. A última coisa que ele precisaria era um irmão mais novo irritado com ele na madrugada.

Apoiado com o cotovelo na pequena mesa que acompanhava o seu lugar no auditório em que estava tendo aula de história da arte, Gee sentia o peso de suas pálpebras ser maior que qualquer pensamento que pudesse ter no momento. Era aquela sensação tão boa de poder tirar um cochilo e recuperar a energia para o dia, a ideia de relaxar a mente... O que não aconteceu.

- Senhor Way, você está prestando atenção? - o chamado professor o fez levantar sua cabeça repentinamente e sentir uma leve tontura.

- Ahn... O que... Ahn? - ele murmurou.

- Desculpe, mas eu não entendi nenhum de seus gemidos.

Todos os seus colegas, com exceção de Ray, que estava ao seu lado, riram.

- Gerard. - o professor subiu a escada do grande espaço e se aproximou dos lugares para ficar cara a cara com o rapaz. Os outros alunos se divertiam tremendamente com a cena. - Eu até entendo que você pode não querer saber sobre pintura renascentista em uma manhã como essa, mas, se você quiser sair daqui sendo um artista, você tem de prestar atenção nas minhas aulas. É melhor que eu não te veja piscando por um tempo que eu possa pensar que você estará dormindo de novo, ou você vai arcar com as consequências.

Gerard ainda se sentia um pouco deslocado, mas engoliu seu orgulho e falou:

- Sim, senhor.

- Ótimo. Podemos voltar à aula agora.

Enquanto o homem de meia-idade que parecia uma cópia de qualquer um com ar intelectual andando nas ruas de Paris voltou aos seus enunciados na frente dos alunos, Gerard se lembrou que, mais tarde naquele dia, Frank iria para sua casa, o que lhe deu uma onda de motivação para aguentar as horas seguintes.

Minutos depois, a aula acabou. O professor rapidamente apagou suas anotações no quadro negro da frente e pegou sua pasta para ir até a próxima turma. Ray aproveitou o tempo que tinha sobrando para chamar Gerard.

- Por que você está assim hoje? - perguntou. Ele estava colocando o cabelo cacheado atrás da orelha para tentar controlar o que parecia ser incontrolável.

- Eu não dormi direito. Apenas isso. - foi o que Gerard respondeu. Não havia mentido, mas ele sabia que estava um pouco nervoso sobre o que aconteceria mais tarde. Ele já se acostumara com o nervosismo ao redor de Frank. Mas não sabia por que se sentia assim. Nem como o nervosismo trazia, paradoxalmente, um sentimento de vínculo tão grande com o garoto que era inexplicável.

- Eu espero que você tenha se lembrado de trazer o trabalho, pelo menos. - Ray o alertou, e Way por um momento não fez a ligação que ele se referia ao trabalho que ele passara uma parte da noite anterior se dedicando. Felizmente, o desenho estava na sua própria pasta que levava para a faculdade. Disso ele não tinha esquecido naquela manhã.

1968; frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora