𝚂𝚘𝚋𝚎𝚛 ➸ 𝙷𝚊𝚛𝚛𝚢 𝚂𝚝𝚢𝚕𝚎𝚜

• 𝖘𝖆𝖛𝖊 𝖒𝖊 •

"Você pode ser minha sanidade, me trazer paz, cantar para eu dormir?"

Youth Delavigne

Me sentindo vazia, louca, desesperada, insaciável.
Minha cabeça doendo cada vez mais, meu perto sempre apertado e a vontade de chorar presente.

Acorrentada, aprisionada, amarrada dentro de mim. Meus olhos correm pelo quarto de hóspedes do quase desconhecido e já não me sinto em meu próprio corpo.

Me levanto da cama com as mãos na cabeça implorando para que as vozes acabassem. Fossem embora mas nada melhorava.

Caminho até o banheiro do quarto e ao abri-lo meus olhos voam até o vaso sanitário e eu me ajoelho a frente do mesmo.

Só faça logo, vai melhorar.

Minha mente grita e implora para que isso acabe.

Ali de joelhos, lágrimas descendo por meu rosto, uma dor enorme no peito e feridas sangrando em toda a alma.

Respiro fundo tentando acalmar minha respiração e meu coração que batia louco.

Faça logo.

Flashes de alguém me empurrando contra a parede aparece em minha mente e eu não consigo suportar.

Minha mente está me matando, brincando comigo, me fazendo acreditar que não existe mais saída.

Me aproximo do sanitário e levanto a tampa, amarro meu cabelo e não perco tempo até levar os dedos a garganta. Na primeira tentativa nada acontece. Nada.

Tento mais uma vez. E mais uma. E mais uma. E mais uma até que algo sobe por minha garganta e vai tudo para fora.

Mas noto ser apenas água já que não comi nos dois últimos dias.

Minha garganta arde e meus olhos pesam.

Tente de novo.

-Por favor.-Imploro a mim mesma como se dissesse que não posso.

Faça logo.

Coloco os dedos na garganta outra e tento inúmeras vezes mas nada sai. Não à nada em meu estômago.

Me distancio do vaso sanitário e me encosto na parede logo atrás.

Soluço alto. Meu peito arde tanto e eu choro. Demais. Muito. Muito mesmo.

Não há esperança, não há melhora, não há alívio, não há outro caminho.

Sinto o peso da solidão e solto um pequeno gritinho ao perceber que estou longe de casa, machucada e sozinha.

Meu choro só aumenta e não consigo me controlar.

De repente ouço uma pequena batida na porta e lembro que não estou realmente sozinha.

A porta se abre devagar e vejo Harry com os cabelos bagunçados e vestindo apenas short de esportes preto.

Ele não diz nada, apenas se aproxima e se senta ao meu lado enquanto acompanho seus movimentos com os olhos.

Ele me olha, mas não há pena em seu olhar. Ele não sente "dó" de mim.

Me sinto tão agradecida.

Meu choro recomeça novamente e como se soubesse exatamente como eu estava me sentindo. Ele me abraça. Forte. Quente. Seguro.

-Está tudo bem, você está segura, tudo vai ficar bem.- Ele diz simples como se soubesse tudo que se passava por minha mente.

A verdade é que eu não estou realmente segura. Não estou segura enquanto estiver em minha própria pele. Eu não consigo me salvar. Eu não consigo me mudar.

Espero anciosamente por alguém que me salve de mim mesma.