𝚂𝚘𝚋𝚎𝚛 ➸ 𝙷𝚊𝚛𝚛𝚢 𝚂𝚝𝚢𝚕𝚎𝚜

• 𝕿𝖗𝖊𝖆𝖙 𝖕𝖊𝖔𝖕𝖑𝖊 𝖜𝖎𝖙𝖍 𝖐𝖎𝖉𝖓𝖊𝖘𝖘 •

"Quando olho pra você, sinto que as coisas ainda tem solução."

Harry Styles

-Quem é ela?- Jeremy pergunta se referindo a Youth. A foto foi tirada de longe mas o rosto dela aparecia bem. Estava em sites de fofoca e sendo reconhecida como "garota desconhecida" já que nenhum site ou paparazzi sabe seu nome.

Segundo sites de fofoca ela seria minha nova conquista.

-É só uma amiga do grupo de apoio.- Respondo simples.

-Estão saindo?

-Como amigos, as vezes.

Ele se ajeita no banco do carro.

-Você precisa ter cuidado com as pessoas que você se relaciona. Ela sabe da overdose?- Pergunta e eu nego.- Não conte, ninguém sabe o porque você estava no hospital e se ficarem sabendo sua carreira vai ser abalada, você não quer isso, quer?

Ele sabe que não. Só está sendo um escroto como sempre.

Nego com a cabeça.

O carro é estacionado em frente ao centro de encontro do grupo de apoio ja que hoje é dia de reunião e mais uma vez vejo Youth sentada na calçada e mais uma vez mal agasalhada, mas dessa vez, muito, muito mesmo mal agasalhada.

-Eu volto de táxi ou sei la, vou caminhando. Falo com você depois, Jeremy.- Anunciou e desço do carro o vendo partir.

Praticamente corro até Youth e ao chegar perto vejo que está chorando, e ela não tenta esconder quando chego perto.

-Hey, o que aconteceu juventude?- Pergunto me abaixando a sua frente.

Ela me olha, respira fundo mas logo desaba de novo.

-Vem, vamos sair do frio.- Pego em sua mão e entramos no centro indo para o lado oposto da sala de reuniões do grupo.

Nos sentamos nas cadeiras da recepção e ela apoia os cotovelos nas pernas e chora cada vez mais.

Não digo nada mas o silêncio não parece incomodar. Ela chora, e chora, e chora.

Longos minutos se passam até que ela se cala. Seca os olhos com a manga da blusa e ergue o olhar devagar até chegar em meu rosto.

-Ta pronta pra conversar? Se quiser chamo Dean aqui.

Ela nega rápido.

-Não quero falar com Dean.- Declara com a voz embargada.

-O que te fizeram, Youth? Alguém te machucou?- Pergunto tentando ajuda-la mas com minha pergunta seus olhos marejam novamente.

-Ei, fica calma, tá tudo bem. Você ta segura aqui. Precisa de um abraço?

Ela concorda rápido, como se dissesse "Eu fodidamente preciso de um abraço".

Me levanto e ela também, se aproxima e meus braços rodeiam sua cintura e ela meu pescoço.

Ela apoia o rosto em meu ombro e a ouço chorar mais uma vez.

Passo as mãos devagar em suas costas como tentativa de acalma-la e ela começa a respirar mais devagar.

Se separa de mim e mais uma vez limpa os olhos com a blusa.

-Quer que eu te leve pra casa?- Indago e ela dá um passo para trás.

-Não, casa não. Não posso voltar pra lá.

Mas que diabos fizeram a ela?

-Ok, tudo bem relaxa. Vamos...até a minha casa, te faço um café e você se acalma.- Digo com calma.

-Você não vai na reunião?- Ela aponta para a porta do outro lado do corredor.

-Não, hoje não. Vem, vamos chamar um táxi.

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-Aqui.- Entrego a xícara de café para ela que logo a pega.

Ali sentada em meu sofá, com uma coberta nas pernas e alguns lenços para caso chorasse novamente.

-Se quiser me contar o que aconteceu, eu vou te ouvir.- Declaro sincero.

-Meu...pai voltou, ele apareceu lá em casa bêbado e minha mãe o deixou passar a noite já que meu padrasto está viajando a trabalho. Ele deveria ficar uma noite só e eu nem o veria mas isso já faz uma semana.- Ela faz uma pausa e respira fundo o que me faz entender que está prestes a chorar.

-Sua mãe o deixou ficar todo esse tempo?- Indago.

-Eu acho que ela vai o deixar ficar até um dia antes de Tom voltar, ela é cara de pau assim. Eu só, não posso ficar debaixo do mesmo teto que ele.

Penso em todas as coisas horríveis que ele fez ou deixou acontecer com ela para que ela tenha um rancor tão grande.

-Minha mãe sabe como ele foi ruim pra mim, ela sabe o que ele fez mas ela age como se não ligasse. Ela o coloca antes de mim e o perdoo por todas as coisas horríveis que ele me fez passar. Ela não deveria cuidar de mim?- Ela pergunta com uma lágrima escorrendo por seu rosto, o que me parte o coração.

-É, ela deveria.

-Não sei o que vou fazer, não vou voltar pra lá. Ia ficar com a Cora mas ela foi passar uns dias na casa do pai dela em Boston. Eu to perdida.- Declara olhando para o nada.

Penso no que posso fazer e como posso ajuda-la e apenas uma idéia me vem a mente.

-Você pode ficar aqui até seu padrasto voltar.- Digo de repente e ela se surpreende.

-O que? isso é loucura, você mal me conhece nem sei porque está sendo tão legal.- Diz e solta a xícara sobre a mesa de centro.

-Não, você pode ficar, juventude. É sério, somos amigos e amigos ajudam um ao outro. Ta tudo bem, eu juro.

Ela me encara com olhar desconfiado.

-Isso não vai pegar mal pra você?

-Sinceramente, eu não ligo pra o que vai pegar mal pra mim.- Argumento.

-Eu não quero incomodar você, e você é muito ocupado.- Tenta argumentar mas eu seguro seus braços e a faço olhar pra mim.

-Youth, ta tudo bem, você não vai me incomodar e eu não vou vender seus órgãos.- Digo e ela dá uma risadinha.- Pra falar a verdade, a gente até vai se conhecer melhor.- Termino.

-Sabe o que é muito louco? Eu estou na casa de uma estrela da música, chorando e vestindo pijama enquanto aceito ficar aqui até poder voltar pra casa.

-Então, você vai ficar?

Ela concorda com a cabeça.

-Eu juro que não queria incomodar você.- Diz mais uma vez e eu reviro os olhos.

-Não seja paranoica, mulher. Você é mais que bem-vinda aqui. Mas não precisa avisar alguém ou algo assim?

-Ah, eu preciso dizer pra minha mãe não me procurar porque vou voltar no tempo certo e...eu não tenho roupas.- Ela declara e olha para as roupas que veste.- E eu preciso do meu carregador de celular.- Completa.

-Carregador eu te empresto, roupas tenho algumas da minha ex e a senha do wifi é Kiwi.- Digo tudo rápido e ela sorri de leve novamente.

-Obrigada, Harry. Você é realmente um cara legal.

Sorrio com seu elogio.

-Não é atoa que meu lema é "Treat people with kidness".

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Treat people with kidness = Trate as pessoas com bondade.