seven

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(o menino na mídia é como imaginei o Christopher)

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Cole

Eu estava nervoso e confuso. Billy Andrews havia tentado acabar com a minha vida mais uma vez. Como ele ousa vir até aqui com esse papo de "me desculpe por tudo, vamos ser amigos"?

Poderia perdoa-lo, claro que poderia, talvez até já tenha feito isso.

Não o culpo por ser um tremendo idiota, foi criado para ser assim. Imagino que seu pai pegava muito em seu pé quanto a sua masculinidade e modo de agir, afinal, era completamente diferente das irmãs.

Não acho que tenha sido uma escolha sua, mas no momento não pensei nisso, apenas comecei a bater e chutar em árvores, que não tinham nada a ver com o assunto, enquanto chorava e pensava em tudo que o Andrews já me fez passar.

"Eu sou um idiota, UM IDIOTA" gritei e soquei uma árvore qualquer com todo o ódio que sentia, minha mão estava dolorida e vermelha, ótimo!

Eu deveria ter ido morar com Josephine quando ela me convidou, mas fui covarde e tive medo de abandonar minha família. Ela me entenderia, tia Jo é como eu.

"Está tudo bem?" escutei uma voz desconhecida e me virei bruscamente.
"Quem é você?" perguntei.
"Christopher. Christopher Lahey" estendeu a mão para mim.

Tenho certeza de que essa é a primeira vez que o vejo, se tivesse o visto antes, certamente lembraria.

Ele era moreno com olhos verdes, estrutura mediana e um rosto angelical, era bonito.

"Cole Mackenzie" me apresentei e apertei sua mão.
"Está tudo bem?" perguntou novamente.
"Sim, está sim" afirmei, e quase pude acreditar em minhas palavras.
"Então aqui em Avonlea é assim?"
"O que?" do que esse garoto tá falando?
"Vocês costumam bater em árvores aleatórias ou algo do tipo?" aposto que estava com uma cara confusa pois ele se apressou a dizer "Estou brincando"
"Ahm... Eu... Tenho que, que ir embora" tentei fugir daquele conversa extremamente estranha.
"Posso acompanhá-lo?" perguntou gentil.
"Não precisa, obrigada" neguei.
"Por favor, acabei de me mudar e seria ótimo conhecer a região, fora que poderia ajudá-lo, vai que uma árvore o ataca? Eu seria como um cavalheiro, ou um príncipe incrível que ajuda os outros" sorriu.
"Não sou uma princesa" murmurei "E acho que elas poderiam se salvar sozinhas, sem um cavalheiro com uma armadura reluzente ou algo assim"
"Claro que podem, assim como um príncipe pode salvar um príncipe" sorrimos.

•••••

"Não acredito que ele fez isso!" Christopher exclamou indignado, eu estava lhe contando o porquê de tudo aquilo.
"Acredite, eu não costumo mentir" o encarei.
"Não disse que era mentira" me encarou também, e ficamos lá nos encarando. precisava desvendar Christopher Lahey.

•••••

Faz quatro dias desde o acontecimento na floresta, ninguém sabe exceto eu, Chris, Billy e Anne.

Contei para a ruiva, afinal, ela é minha melhor amiga, me apoia em tudo e me entende como ninguém. Nunca saberei como agradecer por ter Anne em minha vida.

A garota havia decretado que seu ódio por Andrews estava no ápice e nada do que ele fizesse mudaria isso. Ela não o deixava se aproximar e nem olhava na sua cara.

Também lhe contei sobre o garoto misterioso - agora nem tão misterioso - da floresta, e ela estava animada para conhecê-lo.

Após quase uma semana Chris foi para o colégio, estava ansioso, como qualquer um no primeiro dia.

No intervalo já estava sentado junto aos meninos, havia se enturmado muito mais rápido que eu.

Depois que ele me deixou em casa o vi todos os dias seguintes, conversávamos bastante e arrisco dizer que já somos praticamente melhores amigos.

"Quando vocês gostam de alguém, qual é a primeira coisa que reparam?" Josie perguntou durante o intervalo.
"Olhos" Ruby disse rapidamente e as garotas começaram a dizer o que reparavam.
"Oi" nos viramos e avistamos o Lahey "Os meninos estão entediados e são orgulhosos demais para vir aqui e pedir mas, podemos nos sentar com vocês?" eu e as meninas arqueamos as sobrancelhas e observamos o grupo de garotos que estava do outro lado da sala, nos olhamos e fizemos que sim com a cabeça. ele caminhou até lá e logo voltou, se sentando ao meu lado.
"E você, Chris?" Tillie perguntou.
"Eu o que?" estava obviamente confuso.
"Qual é a primeira coisa que repara quando gosta de alguém?" Jane explicou.
"Sorriso, eu acho" me olhou e sorriu, me fazendo sorrir também. os meninos logo chegaram e se sentaram conosco.

•••••

"Eu vi" Anne cantarolou enquanto íamos embora.
"Viu o que?" perguntei.
"Você e o Christopher, os olhares" explicou.
"Olhares? Não aconteceu nada" neguei.
"Claro que não" ironizou Diana. não deixem essas duas juntas.
"Você não nos engana, Cole" Anne sorriu travessa.
"Pode até tentar, mas não vai conseguir" Diana concordou com a amiga.
"Por que estamos falando sobre mim? Por que não falamos sobre Gilbert ou Jerry?" ambas me encararam com a expressão séria.
"Não diga bobagens" ralharam.

•••••

A pequena cabana estava calma e silenciosa, eu era o único ali. Estava esculpindo, já que os movimentos do meu pulso não haviam voltado completamente ao normal.

A brisa fresca me animava e o barulho das folhas me deixava em paz.

Estava inspirado, havia acordado pensando no que iria esculpir mais tarde; um animal, pessoas, objetos ou qualquer outra coisa.

Molhei as mãos na água do balde que estava ao meu lado e voltei a colocá-las na argila, fazia movimentos leves porém precisos com grande concentração. Essa escultura precisaria ficar perfeita.

Era uma pessoa, não sei quem, um homem talvez. Tinhas traços leves e angelicais. Não sabia quem ou de onde havia tirado tal imagem, só sabia que não tinha pressa em terminá-la..

Gosto de tudo relacionado a arte, pinturas, desenhos, esculturas e etc. Quando pintava, desenhava ou esculpia não havia mais nada, era apenas eu, meu material e minha imaginação, sem limites ou regras. Poderia expressar tudo o que sentia sem ser julgado, tudo o que não tenho coragem de (ou não sei como) dizer. Era livre, livre para criar o que quisesse, livre para ser eu mesmo.

Back to Avonlea • ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora