Oh senhor Jesus

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Era mais um dia de debate entre meu pai e os outros candidatos, eu já estava bem acostumado com tudo aquilo, por mais que não gostasse de me expôr para o público e para as câmeras, eu até que estava bem calmo e tranquilo. Meu pai já havia se recuperado da facada que havia levado, maldito dia, quase perdi uma pessoa importante para mim. Olho pelos arredores, tinha muito gente, a grande maioria era jornalistas e os outros eram a equipe deles.

Meu pai estava a cochichar algo no ouvido de alguém, talvez um dos militares que o acompanha para zelar sua segurança. Caminho até meu assento, era bem perto de onde o debate iria ocorrer. Baixo a cabeça e suspiro cansado.

— Licença, posso me sentar aqui? —levando meu olhar para a voz misteriosa, sinto um leve arrepio em meu baixo ventre. —Vou entender se não quiser que eu me sentei aqui, só não ignore quando alguém fala com você. —pisco algumas vezes. Vejo que o homem iria se retira, sem pensar peguei em seu pulso.

— Tudo bem, pode se sentar aqui…—tento dar um dos meus melhores sorrisos, mas acaba saindo forçado demais.

— Oras, parece que o projeto de Bolsonaro fala! —ele sorri. Eu iria retrucar, mas o homem do meu lado é mais rápido. —Prazer, Yuri Saboya Ferreira Gomes! Filho do candidato Ciro Gomes. Como meu nome é longo, me chame apenas de Yuri.

— Pelo apelido desnecessário, acho que você sabe quem sou. —digo num tom debochado. Vejo que, Yuri ri com o meu comentário.

— Tão jovem, tão carrancudo! Você tem que ser mais animado. —continuo encarando o mais velho. Me pergunto o motivo dele ter puxado assunto comigo, não é como se eu parecesse alguém desinteressante, mas ele é o filho do inimigo do meu pai.

— Eu sou animado. —vejo ele sorrindo mais uma vez, percebo que quando ele sorri sua feição fica mais jovial. É adorava.

— Não me parece. Você me parece um garoto bem sério para sua idade. —ele parece me analisar com seus olhos castanhos escuros, o que me causa uma leve vergonha.

— E você me parece muito infantil para alguém da sua idade. —digo sorrindo de ladino. Ele ri nasal. O que diabos se passa na cabeças dele!?

— Realmente. Eu gosto bastante de coisas de jovens, são tão interessantes. —o mesmo sorri de ladino também.

— Está me provocando, Sr.Gomes? —arqueei uma das minhas sobrancelhas, mantenho um sorriso em meus lábios finos.

— Leve para o lado que desejar, Sr.Bolsonaro Júnior. —ele desvia seu olhar. Sinto minhas bochechas esquentarem. Volto a observar o debate, meu pai estava me encarando com um olhar severo. Talvez ele tenha visto eu interagir com o filho do seu inimigo.

Aquele debate estava sendo algo realmente entediante e demorado. Minha barriga estava começando a se remoer de fome, só me faltava começar a roncar. Olho para o meu relógio de pulso, já havia se passado três horas e o debate parecia que iria demorar mais um pouco. Me acomodo na cadeira e ao me mexer, escuto minha barriga roncar.

— Está com fome, clone do seu pai? —finalmente escuto sua voz novamente. Yuri estava calado, aquilo havia me deixado triste, o som da voz do mesmo era gostosa de se ouvir.

— É o que parece. Só tomei um café antes de vir. —mais uma vez o vejo sorrindo para mim. Eu estava começando a gostar da companhia dele.

— O que acha de irmos comer? Conheço um local que faz uns lanches bem caprichados. —é uma oferta tentadora.

— Eu bem que gostaria, mas meu pai não iria permitir que eu andasse com você. —digo olhando para Yuri.

— Vai obedecer o papai? —ele sorri traquina. Oras, aquilo parecia ser um desafio, minha missão: Desobedecer o meu pai, Jair Messias Bolsonaro. —Tem medo dele?

O filho do inimigo do meu pai_Onde histórias criam vida. Descubra agora