P.o.v Maurício:
Não acredito que ele havia mentido sobre mais cedo. Eu levei ele até a faculdade. Eu. Mas enfim... eu não iria desmentir ele na cara dura, isso só iria complicar as coisas para o meu lado.
Subi para buscar as toalhas, peguei toalhas branquinhas e cheirosas para eles dois. Quando desci novamente até a porta de entrada, Júlia e Patrick estavam se beijando. Respirei fundo e tentei ignorar. Eles perceberam que eu havia chegado com as toalhas e pararam.
— Aqui. — Entreguei as toalhas para eles.
— Você é um fofo, Maumau! — Júlia disse. Ela me chama de Maumau quando éramos crianças.
Sorri de canto, e me sentei no sofá. Eles entraram em casa, mas não molharam o chão, pois já estavam secos.
— Me admiro o Maurício não ter oferecido uma carona até a faculdade, amor. — Júlia falou com Patrick.
— É... — Ele disse, e logo em seguida me olhou. Ele estava completamente sem graça.
— Pois é... eu ofereci, mas... — Falei. — Ele não quis.
— Patrick acha que é autossuficiente. — Ela brincou. — Ainda bem que ele soube chegar na faculdade.
— É. Ainda bem que ele soube. — Sorri. Mas Patrick me olhava com uma cara não muito agradável.
— Vamos subir, amor. — Patrick disse, empurrando Júlia até a escada.
— Vamos tomar banho, Maurício. Já voltamos. Vou contar todas as novidades sobre a faculdade. — Júlia disse enquanto subia as escadas, sendo empurrada por Patrick. Eu apenas sorri, e continuei sentado no sofá.
Subi as escadas, e fui andando até meu quarto, pelo corredor. Ouvi Júlia rindo com Patrick dentro do banheiro. Respirei fundo e controlei minha raiva.
Eu não podia negar que eu estava gostando do jeito dele.
Ele era único. Aqueles cabelos loiros eram incríveis. Seus olhos me transmitiam paz e sua boca era maravilhosa. Eu gostaria muito de tê-lo, mas ele era namorado da minha melhor amiga. E... ela não sabia que eu era gay. Ninguém sabia. Além disso, acho que eu nunca mais teria a amizade dela se eu tentasse algo com ele.
E mais... acho que ele não me daria bola.
Fui até meu quarto, me deitei na cama e liguei a tv.
Júlia e Patrick saíram do banheiro. Os dois estavam enrolados na toalha. Júlia entrou no meu quarto.
— Oi, Maurício! — Ela se sentou na beirada da cama. — Deixa eu te contar como foi.
Patrick estava do lado de fora do quarto. Ele estava com o semblante carregado.
— Júlia, vamos vestir nossas roupas primeiro. — Ele disse, mas ela não deu confiança.
Ele ajeitou a toalha que cobria de sua cintura até o joelho, e saiu da porta.
— Deixa eu te contar como foi! — Ela disse eufórica.
Mas eu só sabia olhar para a porta e imaginar o Patrick ali.
— Maurício! Presta atenção! — Ela gritou.
— Vocês estavam tomando banho juntos? — Perguntei.
— Não. Eu tomei banho e ele me esperou do lado de fora. E vice-versa. — Ela disse.
— Vocês nunca fizeram nada? — Perguntei, levantando-me e sentando me ao lado dela.
— Não, Maurício. Você não me conhece? Eu cresci na igreja.
— Mas ele aceita de boa?
— Tem que aceitar. Ele namora comigo. Ele diz gostar de mim.
— Entendi... — Falei.
— Enfim... deixa eu continuar. — Ela disse, e logo parei de prestar atenção no que ela falava. Só pensava no Patrick.
Depois de 30 minutos ouvindo o que a Júlia tinha para falar sobre o primeiro dia de aula da faculdade, descemos até a sala. Mas Patrick não estava lá em baixo.
— Ele deve tá lá em cima vendo tv. — Ela disse, jogando-se no sofá.
— Mas... me conta. — Falei. — Como anda seu namoro com ele?
— Anda muito bem. Eu o amo demais. Ele é tão fofo, Maurício. — Ela disse, deitando em meu ombro.
— Tá apaixonada, né? — Tentei pescar informações sobre o namoro deles.
— Eu tô. Mas no momento, eu penso mais na minha faculdade. Acho que o que tiver que ser, vai ser.
— Ele vai embora quando? — Perguntei.
— Daqui a duas semanas. Você não se incomoda, né?
— Claro que não. — Falei. Mas é claro que não iria me incomodar.
Eu ficava pensando se eu desistia dele ou se eu insistia. Tinha muita coisa que me impedia. Mas eu tinha muita oportunidade para tentar algo. A Júlia iria para faculdade todo dia de manhã e ficaria fora até a tarde. Enquanto isso, Patrick e eu estaríamos no apartamento sozinhos. Eu teria duas semanas para tentar algo com ele. Mas não sabia como... e também, não sei se teria coragem para isso.
Eu nunca namorei. Nunca. Quando o vi pela primeira vez, senti uma vontade imensa de viver um romance com ele. Mas... eu sei que é só coisa da minha cabeça. Eu preciso parar de pensar nisso.
Minha vida sempre foi tentar transar com meninas e tentar ter uma vida normal como um homem hétero. Mas nunca consegui me relacionar sexualmente com mulheres. E para falar a verdade... nem com homens. Mas eu me descobri gay quando via homens se beijarem nas baladas. E uma vez... uma vez um homem pediu para ficar comigo, e como eu já estava chapado, aceitei.
Voltei para a realidade. Às vezes, me perdia em meus pensamentos. Quando olhei para o lado, Júlia estava dormindo em meu ombro.
Peguei-a no colo, e a levei para seu quarto. Patrick estava deitado na cama. Quando bati na porta, ele se levantou e abriu.
— Ela dormiu. Não quis acordar-la. — Falei sussurrando.
— Tudo bem! — Ele disse, baixinho.
Ele a pegou no colo, e a deitou na cama.
Fiquei observando aquela cena por alguns segundos, até que ele se virou.
— É... valeu, boa noite. — Ele disse.
— Boa noite, cara. — Sorri.
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see you soon - romance gay (incompleta)
RomancePatrick decide acompanhar sua namorada, Júlia, até Nova York, pois ela passou para a tão sonhada faculdade de medicina. Eles vão morar no apartamento do melhor amigo de Júlia, Maurício, que acaba se descobrindo gay ao se apaixonar perdidamente por P...