Capítulo 26

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2 horas depois...

— Toma. — Cody me mostrou um celular.

— Pra que isso?

— Você tem que ligar para a namorada do Nicholas. Você era mais próximo dele. — Ele jogou o celular no meu colo.

— Não posso fazer isso.

— Pode sim.

— E-eu... eu não aguento mais ver o corpo dele aqui... quando que vocês vão tirar?

— Precisamos da família presente. — Luke apareceu por trás de nós.

— Não. Eles não podem vir. — Falei.

— Claro que podem. Buscaremos com segurança na casa deles. — Cody respondeu. — Agora liga logo!

Disquei o número que estava na carta.

— Esse ddd não é dos Estados Unidos, né? — Perguntei.

— Espera... deixa eu ver... — Cody arrancou a carta da minha mão. — É... é da Alemanha.

— Da Alemanha?! — Arregalei os olhos. — Como a namorada virá para enterrar o corpo?!

— Pois é... não tínhamos pensado nisso. — Luke disse.

— Mas os pais dele moram aqui, né?! — Perguntei.

— Moram. Moram em Manhattan. — Cody me entregou a carta novamente. — Liga logo, Maurício.

Disquei o número e apertei para ligar. Meu coração batia forte, pois não sabia como dar essa notícia para a namorada dele.

Ela não era alemã, mas estava fazendo intercâmbio na Alemanha, como Luke e Cody me disseram.

— Alô? — Ela atendeu.

— Alô... — Coloquei no mudo. — Qual o nome dela?!

— Tá aí no papel, idiota! — Luke empurrou minha cabeça para baixo, em direção à carta.

— Alô... Bethany?

— Oi, quem está falando?!

— Sou eu, Maurício. Sei que não me conhece. Sou amigo do Nicholas, seu namorado.

— Sim, ele já me falou sobre você. O que houve? — Pude ouvir uma bolinha de ping-pong pular no fundo da ligação.

— Infelizmente... nós perdemos o Nicholas hoje. Ele faleceu com um... com um tiro na cabeça. — Falei, tentando conter minha emoção, mas acho que ela pôde perceber. Não só ela, mas Luke e Cody também.

— O que?! — Ela gritou. Ela começou a chorar. Ela gritava desesperadamente. — Não, não... não pode ser!

— Calma, calma! — Me levantei, comecei a andar para um lado e para o outro.

— Por favor! Diz que isso é uma brincadeira! — Ela gritou.

— Infelizmente não... — Falei e comecei a chorar. — Infelizmente não é, Bethany.

— Meu Deus! Eu preciso vê-lo. Preciso beijar-ló pela última vez! Por favor!

— Acho que você não vai querer ver o jeito como ele está. — Eu disse.

— Não vou conseguir ir ao enterro dele! — Ela se desesperou. — Estou na Alemanha há dois meses! Todos os aeroportos estão fechados! Não tem voo para os Estados Unidos!

— Iremos cuidar de você por meio de ligação. Fique calma.

— Espera! — Ela falou. — T-tem uns vizinhos que chegaram dos Estados Unidos ontem. Eles são alemães. Vou chamá-los.

— Mas não vai adiantar, Bet...

Antes de eu terminar a frase, ela gritou ao fundo.

— Patrick!

Arregalei os olhos.

— Por favor, me ajuda!

— O que aconteceu?! — Ele perguntou ao fundo e foi aí que pude perceber que era o Patrick. O meu Patrick.

P.o.v Patrick:

A minha vizinha na Alemanha, Bethany, estava desesperada. Eu havia falado com ela ontem, quando cheguei. Depois de toda confusão que houve aqui em casa, eu saí no portão e me deparei com ela na calçada. Eu perguntei para ela aonde era o bar mais próximo e ela disse que também não sabia, pois era estudante de intercâmbio na Alemanha e morava nos Estados Unidos. Começamos a conversar e acabamos fazendo uma "amizade".

Mas não sabia o motivo para tanto choro.

— O que aconteceu?! — Perguntei.

— Eu preciso de ajuda! O meu namorado morreu na guerra! — Ela disse, com o telefone no ouvido. Acho que estava conversando com alguém.

— Meu Deus! Calma! Vai ficar tudo bem! — A abracei.

— Por favor, fala com o soldado! Eu não consigo mais, e-eu... eu não consigo falar, por fav... — Ela disse em meio ao choro incessante.

Peguei o telefone da mão dela.

— Alô? É um amigo da Bethany. Ela não está em condições de falar, pode me passar as informações?

— Aqui é o soldado Maurício. Você é amigo íntimo da namorada da vítima? Não podemos passar informações para qualquer um. Peço que mantenha sigilo e que conte tudo à ela. Dê apoio à ela também. Ela está longe da família do Nicholas e não poderá vir ao enterro...

— Maurício?! — Perguntei.

— Oi, Patrick. Sou eu... — Ele disse. — Quer dizer... você é amigo de Bethany, né?

— Sou...

— Então guarda bem todas as informações. E depois conte à ela.

Eu respirava fundo e meus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir sua voz. Ao saber que ele estava bem, pelo menos por enquanto. Não consegui prestar atenção em nenhuma palavra que ele falou, mas só de ouvir sua voz, eu já me encontrava nas nuvens.

Ele falou comigo como se não me conhecesse. Aquilo me feriu, mas sei que não foi por mal. Quando ele terminou de falar, ele desligou o telefone, sem antes eu poder me despedir.

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