Capítulo 16

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Desci na portaria e liguei para Tracie.

— Alô? — Ela atendeu. Aparentemente já estava em casa.

— Oi, Tracie. — Falei com a voz embargada. — Eu posso dormir na sua casa hoje?

— O que aconteceu? — Ela pareceu preocupada.

— Chegando aí eu te conto. Posso?

— Claro, vem! Já estou em casa.

Sabia que poderia contar com ela.

Eu não vou desistir do meu sonho de continuar minha faculdade. Vai doer? Vai. Já está doendo. É triste saber que fui traída. Tanto no namoro, quanto na amizade. Mas...

Não quero nem que fique as boas lembranças, pois é nessa hora que sentimos saudades. É nessa hora que anulamos tudo de ruim que aconteceu e nos deixamos ser levados pela emoção.

Esquecemos totalmente a razão.

P.o.v Patrick:

Eu estava paralisado no sofá da sala. Maurício estava em silêncio enquanto olhava para mim. Eu sentia que ele queria me abraçar e eu sentia que ele queria estar perto de mim naquela hora.

Mas eu também sentia seu receio em se aproximar de mim.

— O que você está olhando? — Perguntei.

— Nada... — Ele sussurrou. — Você está bem?

— Como você acha que eu to?! — Alterei meu tom de voz e levantei do sofá. — A culpa disso tudo é sua!

— Minha? — Ele se levantou também. — Você consentiu! Você quis também, Patrick. A culpa não é só minha!

— Cala a boca! — Fui andando até as escadas, ele veio atrás de mim.

— O que você vai fazer? Vai voltar para a Califórnia?

Ele me puxou pelo braço.

— Vou! Você acha que eu vou fazer o que aqui? — Perguntei. — Preciso seguir minha vida agora.

— Não acredito que você vai me deixar sozinho! Não acredito que você nunca mais vai me ver... que nunca mais nossos corpos irão se tocar... — Ele falou, mas bati a porta do quarto na cara dele e a tranquei.

Pude ouvir ele chorando do lado de fora.

— Por favor, conversa comigo! — Ele pediu.

Fiquei atrás da porta ouvindo seu choro, seu soluço e sua respiração ofegante.

Meus olhos encheram de lágrimas, mas...

Eu tinha que ir. Não poderia mais ficar um minuto naquele lugar.

Arrumei minhas coisas, jogando tudo de qualquer forma dentro da mala. Peguei meu celular e pedi um táxi até a rodoviária mais próxima.

Saí do quarto com as malas em mãos.

— Você vai realmente fazer isso? — Maurício se levantou do chão na mesma hora que me viu saindo do quarto.

— Vou. — Olhei em seus olhos. — Pedi um táxi para a rodoviária mais próxima. Vou de ônibus mesmo. Não tenho dinheiro para pagar uma passagem de avião. — Falei.

— Patrick... — Ele me puxou pelo braço. Ele puxou com força, com bastante força. — Não vai, por favor...

— Eu vou.

— Você acha que a Júlia vai voltar para a Califórnia?

— Não sei. Eu acho que isso não vai ser o bastante para ela desistir do sonho dela. — Falei. — Bom, é melhor eu descer. Não quero deixar o motorista esperando.

Ele ficou paralisado na ponta da escada. Desci e abri a porta. Não quis olhar para trás.

Fechei a porta com cautela e peguei o elevador.

Quando desci, o Taxista já estava me esperando. Entrei no quarto e disse o destino. Fiquei olhando para a janela e pensando se Maurício ficaria bem. Fiquei pensando se ele iria se envolver com outra pessoa. Fiquei pensando se um dia voltaríamos a nós ver.

Segurei o choro. Pegamos um pequeno engarrafamento no caminho para a rodoviária, mas em 40 minutos chegamos lá.

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