Capítulo 23

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Um mês se passou depois daquele dia...

Acordei de manhã e quando desci até a sala, todos os jornais televisivos estavam falando sobre os imigrantes que estavam no país.

Quando olhei para trás, Maurício estava vestindo sua farda. Meus olhos encheram de lágrimas ao vê-lo vestido daquele jeito.

— Oi... — Sussurrei.

— Oi... — Ele sorriu de canto.

— Gostei da... roupa. — Falei.

— Gostou? — Ele se sentou no sofá. — Você tá pronto para ir?

— Não. — Fiz sinal negativo com a cabeça. — Mas... minha mãe já comprou minha passagem. Eu vou encontrá-la no aeroporto daqui de Nova York.

— Vocês estão bem? — Ele perguntou.

— Sim. Quer dizer... eu acho. — Falei e me sentei no sofá junto com ele.

— Posso te levar no aeroporto?

— Por favor. — Toquei seu rosto com as pontas de meus dedos. — Sua barba tá crescendo.

— É... — Ele riu. — É a puberdade!

— Só a minha que não cresce mesmo! — Brinquei.

— Você ainda não passou pela puberdade! — Ele gargalhou.

— A gente tem a mesma idade, idiota! — Empurrei ele. — Isso é culpa das bombas que você toma para ficar sarado!

— Isso não tem nada a ver! — Ele gargalhou.

Sua risada era tão gostosa. Era a risada mais verdadeira que eu já tinha visto na minha vida.

Não imaginaria que no auge dos meus 17 anos, eu estaria tão apaixonado. Não imaginaria que nessa idade eu já estaria fazendo planos de casamento e filhos com a pessoa que eu amo.

E eu nunca imaginaria que essa pessoa seria o Maurício.

Descemos até o estacionamento e entramos no carro. Maurício dirigiu por 40 minutos até chegar o aeroporto.

Estava engarrafado, a cidade estava um caos por conta dos imigrantes que tinham o prazo de sair do país até a quarta-feira daquela semana. Estávamos na segunda.

Quando chegamos no aeroporto, pude perceber que estava absurdamente lotado. Haviam muitas filas de embarque.

Liguei para minha mãe, para saber aonde ela estava. Quando senti um toque atrás de mim.

Era ela.

— Oi... — Ela sorriu de canto. Minha mãe era linda. Seus olhos eram azuis e seus cabelos estavam ficando grisalhos, mas mesmo assim, os fios loiros ainda tomavam conta de sua cabeça.

— Oi... — Dei-lhe um abraço forte e apertado. Ela retribuiu com a mesma intensidade. Olhei para Maurício enquanto a abraçava e ele estava feliz.

— Esse é o... seu...

— Namorado. — Interrompi sua fala. — Sim, mãe. Ele é meu namorado.

— Muito prazer! — Ela apertou-lhe a mão.

— O prazer é todo meu! — Maurício sorriu.

Minha mãe se virou para mim. — Então... acho que é hora de ir.

— Mas já? — Meus olhos encheram de lágrimas. Maurício estava emocionado também, mas se conteve.

— Melhor vocês irem logo. Se demorarem mais um dia, esse país vai estar um caos. — Ele nos apressou.

Minha mãe foi andando na frente. Eu me virei para trás e vi que Maurício estava chorando. Corri até ele e lhe dei um beijo quente e demorado. Percebi que algumas pessoas ao redor estavam nos olhando, mas eu não liguei. Talvez aquele fosse o último beijo de nossas vidas e eu não iria me arrepender NUNCA de ter feito aquilo.

— Eu te amo. — Sussurrei em seu ouvido, enquanto lhe abraçava.

— Eu também te amo. — Ele sorriu.

Fui correndo para acompanhar minha mãe, segurei em sua mão e quando olhei para trás, Maurício já estava andando em direção ao seu carro.

Fomos para a fila de embarque e logo depois de 10 minutos, já estávamos sentados dentro do avião.

— Cadê o papai? — Perguntei para minha mãe. Eu sabia que ela ainda estava estranha comigo. Eu sei que não era fácil para ela. Sei que não era fácil aceitar. Mas eu só queria seu carinho novamente.

— Ele já foi. — Ela disse, olhando para a janela. Pude ver umas gotas de chuva molhando o vidro.

— Já foi? Mãe... olha para mim! — Virei seu rosto com a mão direita.

Ela me olhou e sorriu. — Meu filho, eu amo você. Me perdoa por tudo que aconteceu.

— Eu também te amo, mãe. — Dei-lhe um abraço. — Será que o papai vai gostar de me ver?

— Meu filho... o seu pai é um homem de mente fechada. Vai ser difícil vocês se reconciliarem. Mas... ele te ama. Disso eu tenho certeza! — Ela disse, segurando em minha mão.

— Obrigada, mãe. Eu te amo demais. — Deitei minha cabeça em seu ombro.

O avião decolou, eu estava aflito. Só conseguia pensar em Maurício. Eu tinha muito medo de acontecer algo com ele.

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