P.o.v Mauricio:
"Querido Patrick,
Gostaria de agradecer por todos os momentos que tivemos. Você me permitiu me aceitar, aceitar quem eu sou, aceitar minha orientação sexual, aceitar o jeito como nasci. Me proporcionou momentos incríveis e me fez ir até as nuvens. Você foi a pessoa que eu mais amei, mas também me fez sofrer como ninguém me fez antes. Foi o meu primeiro amor, a primeira pessoa que me entreguei de corpo e alma em tão pouco tempo. Obrigada por tudo. Pelos ensinamentos, mesmo não sabendo que me ensinou tanta coisa. E obrigada também por ter ficado do meu lado e por ter me assumido para a sua mãe.
Não sou bom com palavras, mas espero que guarde esta carta para o resto da vida. E que nunca esqueça de mim. Não sei se voltaremos a nos ver depois dessa guerra, mas estarei sempre vivo em seu coração.
Com amor, Maurício."
Depois que deixei Patrick no aeroporto, escrevi esta carta. Pus todo o meu sentimento naquele papel, mesmo que tenha sido sem jeito. Levei até o correio, antes que todos eles fechassem. E esperava que aquela carta chegasse logo até a Alemanha.
Peguei minha mala, nela pus uma Bíblia, um terço da minha mãe e outras inúmeras coisas que talvez eu fosse precisar durante a guerra.
Fui até a base aérea e os soldados me receberam bem. Um amigo meu, Nicholas, estava lá.
Me sentei ao lado dele enquanto ele rezava. Pus a mão direita em suas costas e o acompanhei na oração.
— Vai dar tudo certo, cara. — Falei, quando ele terminou.
— Eu só tenho medo de nunca mais ver as pessoas que amo. — Ele disse.
— Sua namorada, sua mãe e seu pai ficarão bem. — Apertei sua mão e uma lágrima caiu de seu olho esquerdo.
— Não to dizendo deles. To falando sobre mim. Sei que eles ficarão bem, só não sei se nós sobrevivêramos. O Iraque está trazendo armamento pesado e... eu to com medo, cara.
— Vai dar tudo certo. Eu protejo você. — Segurei em sua mão.
— Sua namorada e seus pais vão ter orgulho de você.
Ele disse. Eu fiquei pensativo. Pensei em corrigir "namorada" para "namorado", mas... o medo ainda tomava conta de mim.
— É... eu sei que vão. — Sorri de canto. Nos levantamos e fomos falar com os outros soldados.
Depois todos nós fizemos uma oração coletiva. Quando terminamos, pegamos nossas armas, equipamentos de defesa e de sobrevivência e levamos até o avião. Iríamos sobrevoar o país naquela noite.
A guerra já estava prestes a começar.
P.o.v Patrick:
Depois de 15 horas de viajem, cheguei até a Alemanha. Quanto tempo que eu não pisava naquela terra. O clima lá estava bom. Algumas pessoas da minha família foram receber eu e minha mãe no aeroporto.
— Patrick! Es ist so schön! — Minha tia, irmã do meu pai, disse que eu estava bonito.
— Obrigado, tia Elisabeth. — Agradeci-lhe com um beijo na testa.
Alguns outros parentes me abraçaram. Dentre eles meu tio, meus avós paternos e minha prima mais velha.
Eles nos acompanharam até o carro do meu tio, que nos levou até a casa dos meus avós.
Chegando lá, me deparei com meu pai na varanda da frente. Ele entrou para dentro de casa e se trancou no quarto ao me ver.
Aquilo havia partido meu coração, mas eu contive meu choro e me diverti a tarde inteira com meus familiares. Falamos sobre coisas do passado, sobre a infância, até que minha avó perguntou se eu estava namorando.
Minha mãe me olhou e se retirou da sala.
Meu pai apareceu por trás e respondeu a pergunta de minha avó antes que eu pudesse abrir a boca.
— Sim, mãe. — Ele respondeu. Levei um susto ao vê-lo atrás de mim. Me virei rapidamente para ele.
— Papa... — Sussurrei.
— "Papa"? Já disse que não sou seu pai! — Ele gritou, minha mãe tentou impedi-lo. — Acho que todos nessa sala precisam saber que Patrick está namorando um homem!
— Um homem?! — Meu avó se levantou do sofá. — Isso é mentira! Não é possível!
— É possível sim, pai! Esse moleque aqui — Ele me segurou pelo braço direito. — É uma mariquinha.
— Solta ele! — Minha prima, Joanne, gritou.
— Cala a boca! Qualquer um que apoiar a opção sexual desse moleque, merece morrer! — Ele me soltou e eu caí no chão.
Meus avós não se pronunciaram, apenas ficaram quietos no canto da sala.
— Meu filho, você tá bem? — Minha mãe me puxou pela mão.
— Mãe, eu to bem. Relaxa. — Falei, me retirando da sala.
— Como você pode fazer isso com ele? — Pude ouvir minha tia gritar com meu pai.
Minha mãe tirou meus avós da sala e minha prima começou a gritar.
— Você é um monstro! Ele merece apoio em uma hora como essa!
Me tranquei no quarto, me sentei à beira da cama e comecei a chorar.
Abri minha carteira e peguei minha foto com Maurício. Uma lágrima acabou caindo em cima da foto, manchando-a.
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see you soon - romance gay (incompleta)
RomancePatrick decide acompanhar sua namorada, Júlia, até Nova York, pois ela passou para a tão sonhada faculdade de medicina. Eles vão morar no apartamento do melhor amigo de Júlia, Maurício, que acaba se descobrindo gay ao se apaixonar perdidamente por P...