Capitulo 24

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P.o.v Mauricio:

"Querido Patrick,

Gostaria de agradecer por todos os momentos que tivemos. Você me permitiu me aceitar, aceitar quem eu sou, aceitar minha orientação sexual, aceitar o jeito como nasci. Me proporcionou momentos incríveis e me fez ir até as nuvens. Você foi a pessoa que eu mais amei, mas também me fez sofrer como ninguém me fez antes. Foi o meu primeiro amor, a primeira pessoa que me entreguei de corpo e alma em tão pouco tempo. Obrigada por tudo. Pelos ensinamentos, mesmo não sabendo que me ensinou tanta coisa. E obrigada também por ter ficado do meu lado e por ter me assumido para a sua mãe.

Não sou bom com palavras, mas espero que guarde esta carta para o resto da vida. E que nunca esqueça de mim. Não sei se voltaremos a nos ver depois dessa guerra, mas estarei sempre vivo em seu coração.

Com amor, Maurício."

Depois que deixei Patrick no aeroporto, escrevi esta carta. Pus todo o meu sentimento naquele papel, mesmo que tenha sido sem jeito. Levei até o correio, antes que todos eles fechassem. E esperava que aquela carta chegasse logo até a Alemanha.

Peguei minha mala, nela pus uma Bíblia, um terço da minha mãe e outras inúmeras coisas que talvez eu fosse precisar durante a guerra.

Fui até a base aérea e os soldados me receberam bem. Um amigo meu, Nicholas, estava lá.

Me sentei ao lado dele enquanto ele rezava. Pus a mão direita em suas costas e o acompanhei na oração.

— Vai dar tudo certo, cara. — Falei, quando ele terminou.

— Eu só tenho medo de nunca mais ver as pessoas que amo. — Ele disse.

— Sua namorada, sua mãe e seu pai ficarão bem. — Apertei sua mão e uma lágrima caiu de seu olho esquerdo.

— Não to dizendo deles. To falando sobre mim. Sei que eles ficarão bem, só não sei se nós sobrevivêramos. O Iraque está trazendo armamento pesado e... eu to com medo, cara.

— Vai dar tudo certo. Eu protejo você. — Segurei em sua mão.

— Sua namorada e seus pais vão ter orgulho de você.

Ele disse. Eu fiquei pensativo. Pensei em corrigir "namorada" para "namorado", mas... o medo ainda tomava conta de mim.

— É... eu sei que vão. — Sorri de canto. Nos levantamos e fomos falar com os outros soldados.

Depois todos nós fizemos uma oração coletiva. Quando terminamos, pegamos nossas armas, equipamentos de defesa e de sobrevivência e levamos até o avião. Iríamos sobrevoar o país naquela noite.

A guerra já estava prestes a começar.

P.o.v Patrick:

Depois de 15 horas de viajem, cheguei até a Alemanha. Quanto tempo que eu não pisava naquela terra. O clima lá estava bom. Algumas pessoas da minha família foram receber eu e minha mãe no aeroporto.

— Patrick! Es ist so schön! — Minha tia, irmã do meu pai, disse que eu estava bonito.

— Obrigado, tia Elisabeth. — Agradeci-lhe com um beijo na testa.

Alguns outros parentes me abraçaram. Dentre eles meu tio, meus avós paternos e minha prima mais velha.

Eles nos acompanharam até o carro do meu tio, que nos levou até a casa dos meus avós.

Chegando lá, me deparei com meu pai na varanda da frente. Ele entrou para dentro de casa e se trancou no quarto ao me ver.

Aquilo havia partido meu coração, mas eu contive meu choro e me diverti a tarde inteira com meus familiares. Falamos sobre coisas do passado, sobre a infância, até que minha avó perguntou se eu estava namorando.

Minha mãe me olhou e se retirou da sala.

Meu pai apareceu por trás e respondeu a pergunta de minha avó antes que eu pudesse abrir a boca.

— Sim, mãe. — Ele respondeu. Levei um susto ao vê-lo atrás de mim. Me virei rapidamente para ele.

— Papa... — Sussurrei.

— "Papa"? Já disse que não sou seu pai! — Ele gritou, minha mãe tentou impedi-lo. — Acho que todos nessa sala precisam saber que Patrick está namorando um homem!

— Um homem?! — Meu avó se levantou do sofá. — Isso é mentira! Não é possível!

— É possível sim, pai! Esse moleque aqui — Ele me segurou pelo braço direito. — É uma mariquinha.

— Solta ele! — Minha prima, Joanne, gritou.

— Cala a boca! Qualquer um que apoiar a opção sexual desse moleque, merece morrer! — Ele me soltou e eu caí no chão.

Meus avós não se pronunciaram, apenas ficaram quietos no canto da sala.

— Meu filho, você tá bem? — Minha mãe me puxou pela mão.

— Mãe, eu to bem. Relaxa. — Falei, me retirando da sala.

— Como você pode fazer isso com ele? — Pude ouvir minha tia gritar com meu pai.

Minha mãe tirou meus avós da sala e minha prima começou a gritar.

— Você é um monstro! Ele merece apoio em uma hora como essa!

Me tranquei no quarto, me sentei à beira da cama e comecei a chorar.

Abri minha carteira e peguei minha foto com Maurício. Uma lágrima acabou caindo em cima da foto, manchando-a.

see you soon - romance gay  (incompleta) Onde histórias criam vida. Descubra agora