Capítulo 27

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P.o.v Maurício:

Eu agi como se eu não o conhecesse. Aquilo com certeza o feriu, mas eu não poderia fazer mais nada naquele momento.

— Você falou como se conhecesse esse tal de Patrick.

Luke disse, assim que acabei de desligar o telefone.

— O que?! Não, não... — Dei uma leve risada sem graça. — Só impressão de vocês.

— Maurício, vem aqui... é rápido! — Luke me chamou.

Ele me empurrou pelo ombro em direção ao banheiro.

— Qual é, cara?! Tá namorando um homem?!

— O que?! — Me espantei. — Não!

— Eu ouvi o Nicholas perguntar sobre uma tal foto, quando estávamos lá em cima do telhado daquela casa. Óbvio que na hora não dei muita bola, né? Mas depois, quando fui mexer na minha mala, acabei confundindo a sua com a minha e vi essa foto aqui.

Ele sacou a foto do bolso e me deu.

— É só um amigo, cara. — Falei.

— Esse é o tal do Patrick?! — Ele olhou sério para a minha cara e logo depois começou a rir. Eu estava sério e não estava entendendo absolutamente nada.

— E-eu...

Ele me interrompeu. — Cara, se você tá namorando um homem, beleza. Sério, não tenho nada a ver com isso.

— M-mas... eu não estou. — Eu estava suando frio e meus olhos estavam vidrados.

— Cara, não negue quem você é. É a pior coisa que você faz. Tanto para ele, quanto para você. — Ele deu um tapa no meu ombro e saiu do banheiro.

— Ah! — Ele se virou para mim novamente. — E como assim ele é vizinho da Bethany na Alemanha?

— Ele é alemão. E voltou para lá por conta da guerra.

Ele apenas sorriu para mim.

— Felicidades para você! — Ele cochichou. — Só não deixa o Jeff saber disso.

— Tá... — Sorri.

Entramos no tanque de guerra novamente. Perdemos nosso amigo, mas precisávamos continuar a luta.

P.o.v Patrick:

Entrei em casa novamente e meu pai me abordou na sala.

— Aonde você estava? — Ele perguntou.

— Eu estava... estava ali fora... c-conversando...

Fui andando em direção ao quarto, mas ele me puxou pelo braço.

— Quero te... — Ele respirou fundo, como se estivesse sendo obrigado a fazer aquilo. — Quero te pedir perdão. Perdão por tudo o que fiz. Perdão por ter...

Ele ficou procurando palavras para concluir sua fala, mas eu o interrompi.

— Tá tudo bem, pai... — Tentei sair, mas ele não deixou.

— Me conte mais sobre o rapaz... ele é um bom menino?

Arregalei meus olhos. Não estava preparado para ouvir aquilo. Não imaginava. Só isso.

— Pai... tá tudo bem. Não precisa fingir que se interessa por isso.

— Eu quero saber, meu filho. Por favor, fale sobre ele! — Ele soltou meu braço lentamente, enquanto olhava em meus olhos. Quando olhei para meu braço, percebi que estava vermelho na região aonde ele segurou.

— Ele é um menino bom... e... — Não sabia o que falar. — Eu gosto. Eu gosto dele.

Ele olhava para mim querendo que eu falasse mais e mais. Mas eu estava sem palavras.

— Gente! — Minha mãe gritou. — Vem! Fiz bolo!

— Melhor irmos comer, né? — Falei, ele apenas sorriu. Ele sabia que eu estava nervoso.

Passaram-se duas semanas...

P.o.v Maurício:

A guerra continuava a todo vapor. Perdemos mais dois amigos. Sorte que Cody, Luke e Jeff estavam comigo nessa.

— Pessoal! — Jeff falou. — Achamos uma criança! Os pais dele morreram.

Luke se abaixou perto da criança, tentando fazê-la falar algo. Mas nada saía da boca dela.

Era um menino. Moreninho e de olhos verdes. Ele era lindo.

Ele estava sujo e sua roupa estava rasgada.

— Qual seu nome? — Cody perguntou.

A criança permanecia quieta. Luke fez a mesma pergunta, mas mesmo assim, nada o fazia abrir a boca.

— Deixa comigo. — Me abaixei. — Qual seu nome, amiguinho?

— Toby. — Ele disse. Sua voz era tão fofinha. Mas pude perceber que ele estava com vontade de chorar.

— Prazer, meu nome é Maurício! — Abri os braços para que ele pudesse me abraçar. Ele se escondeu atrás da perna de Luke. — Vai me deixar sozinho?!

— Vou! — Ele disse e todos riram. Continuei abaixado e de braços abertos. — Tá bom! — Ele veio me abraçar.

O peguei no colo e me levantei.

— O que vamos fazer com ele?! — Perguntei.

— Vamos levar ao orfanato. — Jeff disse.

— Mesmo...? — O coloquei no chão. — Não! Ele vai esperar por muito tempo!

— Para de ser pessimista! — Cody retrucou. — Ele pode muito bem ser adotado o mais rápido possível. Ele tem 4 anos e é um menino lindo e amável.

A noite logo chegou. Colocamos a criança para dormir junto conosco na base aérea.

Preparei um colchão inflável e um cobertor quentinho para ele. Ele já estava limpo e com roupas novas.

— Você vai ficar bem, amiguinho! — Acariciei seu rosto enquanto ele dormia.

Eu queria adotar aquela criança. Eu queria dar uma vida digna para aquela criança.

Eu sei que ele não teria mais uma mamãe, mas sim, dois papais. Talvez ele fosse estranhar, talvez não.

Mas sei que eu e o Patrick seríamos capazes de dar muito amor e carinho para Toby.

see you soon - romance gay  (incompleta) Onde histórias criam vida. Descubra agora