Capítulo 74

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...

Saio da sala de música com o coração batendo a mil.

Encosto na parede e penso em uma solução. Revelações demais por um dia.

Me lembro da biblioteca e vou praticamente correndo até ela.

Talvez lá tenha algum registro que me ajude.

Chego lá e depois de passar por um pequeno labirinto de becos e corredores, finalmente chego à seção que estou procurando. Genealogia...

Eu pego primeiro um livro pesado que começa com a letra R nas linhas das famílias da Transilvânia.

Reviro febrilmente as páginas, procurando pelo nome, que infelizmente é muito comum.

Atentamente pulo de um nome a outro até finalmente encontrar o que me interessa: Stelian Rakoczy.

Pronto, achei. Agora eu só tenho que continuar. Infelizmente a tarefa não fica muito simples no papel amarelado, com a tinta desbotada.

Vou até um computador e digito o nome do Stelian.

As páginas rolam uma após a outra diante dos meus olhos. Eu prendo a respiração.

Na linhagem do Stelian Rakoczy tem um nome que eu conheço muito bem, o da Dorothy James Rakoczy.

Segundo as informações o sobrenome James vem da mãe dela, mas o pai é descendente do falecido irmão do Peter.

E o nome do avô paterno dela é: Bogdan Rokoczy. Essas são as iniciais B.R na dedicação da partitura.

A tela grita a verdade para mim.

O Peter e a Dorothy são da mesma família! Mesmo que separados por décadas, eles têm laços de sangue.

A Dorothy certamente não gostaria muito dessa notícia, já que ela tenta se aproximar do Peter cada vez mais.

Eu não esperada por nada disso, mas não consigo evitar em gostar de saber sobre isso.

Decido imprimir a página da internet com a prova do parentesco do Stelian com a Dorothy, depois coloco na minha bolsa.

Saio animada da biblioteca com as informações que eu tenho.

Vou em direção a sala de música animada. Os corredores estão lotados e demoro um pouco para finalmente chegar até lá.

Paro em uma máquina de refrigerante para comprar uma bebida quando vejo a Dorothy em frente ao seu armário aberto e o Peter a fazendo companhia.

Eu ando furtivamente em direção a eles. Felizmente a multidão me permite passar despercebida.

- Qual é a sua próxima aula?

O Peter pergunta e eu fico atenta.

- Eu tenho aula de economia, mas não estou muito afim de ir para essa aula.

- Por quê?

- Meus ouvidos ainda estão cheios da nossa sonata, eu prefiro muito mais tocar com você de novo. Quanto mais vezes eu toco com você, mais eu tenho a sensação de ser uma com você, às vezes.

Reviro os olhos.

Os alunos falam muito alto e isso agora me irrita. Silêncio, por favor, eu gostaria de ouvir eles falando, mesmo que eu não goste nem um pouco de vê-los juntos!

- Música cruza fronteiras, às vezes é estimulante. Talvez seja isso o que você sente quando tocamos?

Que pena Dorothy, o Peter está pensando em música.

- Não, Peter, você não entendeu, é mais do que isso, e isso nunca aconteceu comigo antes, e sei que não tem nada a ver com música.

Ela está se declarando... Eu vou morrer aqui.

- Se você quiser, a gente pode se ver hoje à noite, o que você acha?

Mas é claro! Eu olho para os lábios do Peter, esperando por uma resposta.

- Você quer dizer para ensaiar?

Seguro uma risada.

A Dorothy começa a corar, pegando uma mecha de cabelo loiro enrolando em seus dedos.

- Não, eu quis dizer, dar o próximo passo no nosso relacionamento... Conhecer melhor um ao outro... Tenho certeza que temos muito para conversar, coisas que vão além da música.

O Peter parece hesitar um momento para responder.

Isso já está indo longe demais, eu não aguento mais ficar ouvindo essas coisas.

Me aproximo dos dois pisando duro.

- Acho que sei por que você está falando isso.

Eu paro imediatamente quando ouço as palavras do Peter.

A Dorothy espera ele continuar parecendo ansiosa.

- O que você está me dizendo sinceramente me comove, só que...

Ela começa a rir tímida e inclina a cabeça suavemente no ombro do meu vampiro.

Eu estou à beira de um ataque cardíaco.

- Ouça, Dorothy, eu tenho que te dizer uma coisa...

- O quê? Pode falar...

- Bem, não é que eu não goste de você, você é uma pessoa excepcional e eu realmente gosto da sua companhia. Mas eu já tenho outra pessoa na minha vida, Dorothy.

- Você quer dizer além da música?

- Sim, uma pessoa de carne e osso que tem um grande lugar no meu coração e na minha vida.

Meu coração imediatamente começa a bater ainda mais forte no meu peito e fico cheia de alegria.

Diferente da Dorothy, que agora seu rosto esta sério.

- Eu suponho que é aquela babá. Ela nunca te perde de vista.

O Peter não responde, evitando seus olhos.

- O que você vê nela? Ela nem gosta da sua música!

- Não existe apenas música na vida Dorothy. Eu compartilho muitas outras coisas com a Laura.

- A Laura...então é ela... Mas ela não te merece!

- Eu sinto muito Dorothy, eu não quero te machucar, mas é a Laura que eu amo, e não há nada que você possa fazer sobre isso.

O Peter disse na cara dela que me ama! Eu nunca teria imaginado que o Peter fosse capaz de falar sobre seus sentimentos por mim para outra pessoa.

Olho para os lados e percebo que o corredor está quase vazio. O caminho está livre.

Eu me mexo devagar em direção a eles para não aparecer de repente.

Quando não estou a mais que alguns passos, a Dorothy parece me notar. Ela se vira para mim e me olha feio.

- Ah, Laura...

- Eu vim te perguntar, Peter, se você vai ou não comigo para a mansão...

Ele sorri levemente.

- Vou sim... Eu já estava indo.- ele se vira para a Dorothy totalmente desconfortável.- Tchau Dorothy, obrigado pela música.

Ela fecha ainda mais a cara e acena com a cabeça.

O Peter se vira e caminhamos para ir para casa.

Is it love? PeterOnde histórias criam vida. Descubra agora