Vergonha alheia

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Me virei na cama e senti um aperto nas costas e braços, abri os olhos e vi Jackson ainda abraçado a mim, sorri e me aconcheguei melhor em seus braços. Olhei pelas paredes a procura de um relógio e advinha? Não encontrei nem um. Não tinha nem uma TV naquele quarto branco e sem graça. Soltei um longo suspiro de frustação e resolvi aproveitar o momento. Deitei minha cabeça no peito do Jack. Ele se mexeu e passou a mão por meus cabelos. Eu estou de olhos fechados e acho que ele não percebeu que eu estou acordada. Abri lentamente os olhos e ele sorriu para mim.

- Bom dia Allice!

- Bom dia Jack!

- Sabe eu gostei do apelido. Eu nunca tive um antes.

- Me diz algo que você teve ein?

- Eu tive muitas coisas. Menos amigos, apelidos, contato com as pessoas fora da realeza, oportunidade de comer algo extremamente gorduroso e muito saboroso, nunca brinquei com outras crianças.

- Resumindo você viveu em uma caixa de vidro, conhecida como castelo, preso como se fosse um boneco de porcelana. - o interrompi.

- Pensando bem, sim. Mas eu sou um boneco muito lindo. - ele sorriu convencido.

- Sim, parace até um anjo.

- Eu sei.

- Convencido. Espera você disse que nunca comeu algo muito gorduroso e muito saboroso? - ele concordou. - Nós precisamos mudar isso. Você além de gostar de torta de maracujá ainda por cima nunca comeu um lanche. Jackson você está me decepcionando.

- Sinto muito Allice, mas eu sou um príncipe e só tenho bom gosto, então sim torta de maracujá é melhor que a de maçã.

- Saia desse quarto agora! Não posso compartilhar o mesmo ambiente que pessoas que preferem torta de maracujá em vez de torta de maçã. - o empurrei de leve. Ele começou a rir. - Ei já que você é o príncipe você tem seus privilégios. Então você poderia fazer um favor para essa pobre moça que caiu de uma escada aqui? - perguntei com a cara mais fofa que eu já fiz.

- Tudo que estiver ao meu alcance eu farei.

- Você poderia colocar um relógio nesse quarto? - ele riu.

- Achei que pediria algo mais difícil Allice.

- Ah tem mais uma coisa, você sabe quando eu vou sair daqui?

- Em dois dias. O médico pediu que você ficasse só para que os seus machucados se curassem e você não fizesse nem um esforço.

- Então eu não vou poder ir ao Jornal Real. Você pode colocar uma TV aqui também?

- Tudo oque você quiser.

- Eu quero que você diga que torta de maçã é melhor que torta de maracujá.

- Eu posso fazer favores Allice, mas não posso mentir.

- Seu sem bom gosto.

- Eu tenho o melhor bom gosto do mundo inteiro.

- Enganado. - dei uma tossidinha para disfarçar.

- Eu preciso ir. Meu pai deve estar me aguardando em seu escritório para acertar os últimos detalhes do jornal. - ele me abraçou bem forte.

- Desse jeito você não vai nunca. - Eu ri.

- Eu não quero ir. - sorri com o rosto no seu peito.

- Então não vai.

- Mas eu preciso.

- Então vai e volta.

- Ótima solução. - ele se afastou e beijou meu rosto. - Tchau princesa.

Princesa?Eu?Onde histórias criam vida. Descubra agora