Capítulo Quatro: André

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          A sexta-feira foi longa. O relógio parecia se arrastar como um bicho preguiça. queria muito saber se ele iria ao meu encontro. Precisava saber.

Tive que entrar mais cedo no trabalho então não pude o 'stalkear', mas queria muito. Queria vê-lo mesmo que de longe.

         Seu olhar distante enquanto toma café da manhã me fascina. O que será ele escolhera hoje? Que roupa estaria vestindo? Será que ele estava tão ansioso quanto eu para o amanhã?

          Será que eu estava entrando em algum tipo de estado de loucura? Nunca antes em minha vida toda me apaixonei de forma tão poderosa. Houve algumas emergências e isso me deixou mais relaxado. Consegui focar em meu trabalho e a sanidade pareceu mais presente.

Até o momento em que o vi lá...

Ele estava no hospital. O que será que aconteceu? Meu primeiro palpite intoxicação alimentar. Ou sera que ele havia ido lá para me ver... Por um momento a segunda ideia soou maravilhosa em minha mente, mas logo recordei que eu sabia tudo da vida dele e ele provavelmente não sabia nada da minha...

            Me aproximei normalmente, bom torcendo para parecer que estava normal.

"Intoxicação alimentar?" Perguntei, mas meu sorriso foi de orelha á orelha ao perceber sua expressão de surpresa ou me ver ali.

"Não, vinho mesmo."

             Bom, acho que ele teve uma noite e tanto. Um sentimento de frustração se apoderou dentro de mim e meu sorriso quase desapareceu, mas como nada é exatamente o que pensamos deixei esse sentimento pro lado e tentei outra vez.

"Te vejo amanhã?"

              Ele olhou diretamente em meus olhos e caramba, como ele era bonito. Mesmo com aspecto de doentinho, ele estava maravilhoso.

"Provavelmente sim." 

               Um alivio me possuiu. Eu estava em uma montanha russa de sentimentos. Há tempos um homem não me desestruturava desse jeito, o que me fez pensar o que vi nele de tão especial, e não cheguei a conclusão nenhuma. Antes que eu estragasse esse momento me retirei.

                 Fui diretamente para a sala do café. Precisava de um bem forte. Respirar fundo por alguns minutos, para depois poder seguir com o monte de trabalho que me aguardava pela frente.

Justamente nesse momento meu celular começou a vibrar em meu bolso, era uma ligação anormal. Diferente dos bipes que recebo constantemente. Olho para a tela e a foto da última pessoa que eu gostaria de ver nesse momento apareceu. A foto do meu ex.

                  Primeiro que eu ainda não sabia explicar o porque ele ainda estava em meus contatos, segundo o que porra eu estava sentindo... Não iria atendê-lo era obvio, mas por sua insistência, cedi.

"O que será ele quer comigo? " perguntei para a mesa que me encarava duvidosa.

                  Meu ex foi um colega de curso no início e não sei qual foi o momento em que nos apaixonamos, ou melhor que eu me apaixonei. Mas me recordo de como terminamos com riqueza de detalhes. Ele me agredindo em todos os sentidos quando eu o peguei em nossa quarto om seu 'melhor amigo' em um movimento frenético de vai e vem...

                   Eu acreditava em monogamia. Acreditava que meu amor, meu corpo era o suficiente para ele; como ele não estava feliz com isso? O que o levara a me trair? Talvez apenas o desejo carnal, mas aquilo me destruiu, e nunca soube os reais motivos. Por anos fiquei enclausurado e focado apenas em minha 'dor' e nos estudos. Até que vi Gustavo pela primeira vez...

                   Não me interessa o que ele quer falar comigo então recusei a chamada, mas ele se mostrara insistente demais.

"Alô?"

"Oi André, como você está?"

                  Um milhão de resposta veio a minha mente, mas me contive.

"Trabalhando, o que você quer?" Soei rude, todavia ele não merecia minha educação. não queria contato, não queria nada com ele, apenas superá-lo e seguir em frente, mas por que então minhas mãos estavam tremulas segurando meu celular.

"Preciso muito te ver pessoalmente. Estou arrependido de tudo o que fiz e preciso muito falar isso olhando em seus olhos, por favor, me permita seguir em frente sem culpas."

                     Meus princípios religiosos ( os que ainda restaram) me diziam que eu deveria o perdoas, meu coração também, mas perdoar é uma coisa e agora se submeter a essa situação de estar frente a frente com quem tanto mal me fez seria uma escolha de puro livre arbítrio.

                     Logo agora que meu coração estava cheio de esperanças e meus pensamentos pela manhã era outra pessoa.

"Domingo. Eu vou até você~e se estiver desocupado. Será sua única chance para que fale o que deseja. Não pense que esperarei você ou que quero outra coisa além de te ouvir."

"Obrigado, Isso é tudo o que eu precisava."

"Hum... Ok" Desliguei o telefone. Agora o que eu faria? Sentei na poltrona da sala de café e agarrei a xícara como se ela fosse minha própria vida.

"Por favor Gustavo esteja amanhã no All Mineiro, por favor..."

***

Olá <3 <3

Dois capítulos de uma vez. Espero que estejam gostando. Bom final de semana. Um grande abraço e milhares de beijinhos!!! 

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