Na vida de um residente em medicina quase nada acontece no quesito social. Tudo se resume a estudo e mais estudo, comigo pelo menos era assim.
Mas a certo tempo estava me perguntando até quando eu aguentaria essa rotina maldita.
"Você está sempre sozinho rapaz. Por que?" Quem me fez essa pergunta foi a senhora em que eu alugo um quarto em sua casa. Ela se tornou uma segunda mãe, e se não fosse ela eu estaria realmente ferrado. Mas o que eu poderia responder que não fosse isso:
"É o curso. Logo tudo passa e eu poderei encontrar alguém"
Na verdade eu já o havia encontrado, mas ele não sabia exatamente disso. O vi algumas vezes no hospital. E me tornei o que podemos chamar de "stalker"... Ele é lindo. Os cabelos parecem sempre bagunçados e está sempre com pressa.
Ele não é médico, é um professor. Que provavelmente tem problemas com bebidas alcoólicas, mas quem liga pra isso... Foi em uma de suas visitas ao hospital que o encontrei e decidi que ele seria o amor da minha vida.Eu não sabia nada sobre ele e muito menos se ele era gay, mas não foi difícil descobrir. Peguei sua fixa médica (sei que isso é um pouco antiético, mas quem se importa, fiz por amor) e bibid bobid bum... lá estava todas as suas informações.
Passei dias pensando em como eu poderia fazê-lo saber de minha existência.
Tentei sites de relacionamentos, mas ele não estava em nenhum, pelo menos eu não achei. Tentei rede social e o cara é um fantasma, sua última foto postada era de cinco anos atrás.Os dias foram se passando e eu o vi outra vez no hospital. Conversei com o médico dele.
"O que acontece com esse jovem, que está sempre aqui?"
A resposta não foi muito agradável.
"Ele sofre com alcoolismo, mas eu acredito que ele não sabe disso ainda. Talvez o que lhe falte seja uma excelente companhia. Bonito do jeito que é eu tenho certeza que não deve ser tão difícil assim encontrar alguém."Aquele comentário me despertou ciúmes. Claro que eu já o queria, mas meu colega de trabalho não precisava saber disso, então concordei e me retirei.
Olhei em sua fixa outra vez e anotei seu endereço.
Pensei que seria romântico mandar flores com um convite para sairmos, mas concluí: "Provavelmente ele vai jogá-las no lixo, estamos no século 21, quantas pessoas anônimas ainda fazem isso?" Descartei imediatamente o plano.
Por cinco dias todas as manhas eu o segui. Descobri que não moramos longe, o que facilitou. Percebi que ele fazia as mesmas coisas todos os dias. Tomava seu café da manhã em uma padaria da redondeza, e depois seguia para o trabalho. Sempre pontual, e quando isso não acontecia ele aparecia no hospital...
Então, de repente era quinta-feira, eu simplesmente estava parado em frente a padaria onde ele estava e percebi que precisava fazer alguma coisa.
Já era hora. Não poderia seguir com essa obsessão.
Abri a porta do carro e no mesmo instante senti minha pressão caindo. "Nada de desmaios, vamos rapaz, você sempre foi corajoso e galanteador, o que te impede de entrar lá e fazer um convite para aquele homem gato sentado sozinho naquele mesa comendo o mesmo que tomou no café da manhã do dia anterior e do anterior ou anterior?"
Minha conversa com minha consciência estava acabada. Não precisava de mais nenhum tipo de encorajamento. Ela havia me convencido. Ajustei minha camiseta e fui.
Entrei cheio de coragem, mas travei na porta olhando fixadamente para ele. Rapaz, como ele era lindo. E se ele dissesse não? E se ele não gostasse de rapazes? Seria meu fim. Aquele homem de expressão pálida e olhar marcante já tinha todo o meu coração em suas mãos.
Cheguei mais perto e vi que ele também me encarava. Por um momento pensei ver um sorriso se formando naquele belo rosto, mas então percebi que ele estava apenas mastigando.
O cumprimentei.
"Bom dia" E era tudo o que eu tinha em mente. Ele demorou em responder e eu queria sumir... Mas então veio o "Bom Dia" de volta.
E agora, o que eu deveria fazer? Gente.... Gritar, correr? O que estava acontecendo comigo? Eu definitivamente nunca soube lidar com isso. A medicina nos mostra cientificamente tudo o que acontece com o corpo quando temos sensações tipo paixão, excitação e etc. Mas era simplesmente impossível de me controlar. O sistema nervoso estava em pane.
Então lhe perguntei sobre pão de queijo...
PÃO DE QUEIJO!!!! Eu nem gosto de pão de queijo.
Ele me respondeu cordialmente e era isso, tinha que fazer alguma coisa, mas o que? Lembrei de um restaurante que havia comido um pão de queijo uma vez com uma amiga da faculdade, peguei um guardanapo de papel do porta guardanapos e escrevi um bilhete, o convidando para comer um PÃO DE QUEIJO.
Entreguei o papel a ele, pisquei e juro que isso saiu involuntário, como se o senhor cupido houvesse decidido entrar em meu corpo e fazer isso por conta própria.
Aproveitei que ele estava lendo, e vazei. Por sorte o banheiro era logo ao lado. Fui diretamente para lá. Nem percebi que entrei no banheiro das mulheres. Me tranquei em uma das cabines e fiquei lá por vinte minutos. Rezando para que ele fosse embora. Não iria conseguir mais nada. Agora tudo o que eu poderia fazer era esperar que ele me dissesse que sim. E que fosse ao local que o convidei.
Quando eu sai do banheiro, uma mulher me chamou de tarado. E eu fiz o que?
"Me desculpe. Estava muito precisando vomitar e esse foi o mais próximo que encontrei."
De tarado passei para coitado. Ela me olhou com uma cara de pena e eu não deixei que me perguntasse mais nada.
"Obrigado, querida, já estou melhor."
Por sorte o Gustavo... Ah que nome lindo... GUSTAVO. Poderia ficar falando sem parar... Retomando, por sorte ele já havia deixado o estabelecimento.
Sai correndo de lá e fui para o hospital. Já dá pra imaginar o dia bosta que tive. Ansioso, quase não conseguia focar em meu trabalho.
Como fui burro, deveria ter anotado também meu número de telefone, ao menos ele poderia me ligar dando um fora, ou qualquer coisa do tipo.
Terminei meu turno e fui para casa, com a esperança de que meu galã me dissesse SIM.
***
Olá!!! Vos apresento o André. Espero que gostem do vem por aí!!
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Gratidãooo!!
Ah, próxima postagem será dupla. Um capítulo do Gustavo e um do André logo em seguida.
Um grande abraço!! <3 <3
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Diga que sim
RomanceGustavo é um professor cansado e entediado com sua rotina. Tudo já parece não fazer mais sentido, sofre de alcoolismo, mas ainda não sabe. Sua vida segue por esse caminho até o dia em que recebe um convite em um lugar inusitado e por um homem que el...